Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, foi ouvida hoje na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, na Assembleia da República, deixando muitas perguntas por responder.
A discussão foi dominada pela polémica indemnização milionária de 500 mil euros pagos a Alexandra Reis, que esteve oito meses no posto de administradora da TAP, e assumiu após a sua saída da companhia aérea os cargos de presidente da NAV (Navegação Aérea de Portugal) e secretária de Estado do Tesouro.
A CEO da TAP esteve sempre na defensiva, afirmando a certa altura que não podia comentar casos pessoais, devido “ao dever de confidencialidade”, mas assegurando que o pagamento pago a Alexandra Reis é legal, tendo por base a assessoria de advogados, tendo, para o efeito, sido consultado o escritório de SRS. Contudo, disse, ao mesmo tempo que “o caso de Alexandra Reis é uma situação excecional”.
Sobre esta polémica, Christine diz que não falou com o Ministério das Finanças, mas sim com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, de quem teve anuência escrita para a indemnização paga. Assumiu que esse tema estaria devidamente consertado com o Ministério das Finanças, por parte do Ministério das Infraestruturas.
Respondendo de modo defensivo, a presidente da TAP diz que há que esperar pelo inquérito da IGF (Inspeção-Geral de Finanças) .
No entanto e após alguma insistência por parte dos deputados, acabou por deixar claro que não teve a autorização expressa, por escrito e diretamente, com o Ministério das Finanças para a cessação do vínculo laboral com Alexandra Reis. O PSD lembrou que isso é o que determina a lei, mas Christine Ourmières-Widener não se pronunciou, defendendo-se com o facto de todo este processo ter sido assessorado por juristas.
A pergunta crucial de todo o processo que todos os grupos parlamentares insistentemente fizeram e que a CEO da TAP não foi teimosamente respondendo foi saber se Alexandra Reis foi demitida ou se demitiu.
Dezenas de vezes foi feita a pergunta de saber se Alexandra Reis foi demitida ou se foi demitida e em todas as vezes que foi instada a falar sobre isso, a CEO da TAP nunca respondeu.
Com um salário de 45 mil euros mensais e uma remuneração anual de cerca de meio milhão de euros, Christine Ourmières-Widener afirmou que tem um contrato que prevê também um bónus no final do seu contrato com a TAP, no ano 2025, se os objetivos do plano de restruturação forem alcançados, embora não tenha querido revelar quando será.
A CEO refere que o “board” teve uma redução nas remunerações de 40% face ao quadro anterior à nacionalização. Christine afirmou que os trabalhadores que aufiram até €1520, o equivalente a dois salários mínimos, não terão cortes salariais em 2023.
“Trabalho todos os dias para merecer o meu salário”, disse já na parte final a responsável da companhia aérea.