Em ano de Mundial de futebol feminino, a FIFA anunciou um aumento no prémio monetário do torneio. Um fundo de 152 milhões de dólares (cerca de 142 milhões de euros) vai cobrir prémios monetários, preparação das equipas e pagamentos aos clubes onde as atletas jogam. Desse valor, 110 milhões de dólares (cerca de 102 milhões de euros) estão destinados ao montante que as jogadoras irão receber, segundo informou Gianni Infantino, presidente da FIFA.
Este valor representa um aumento em relação à edição de 2019, que teve 24 equipas e não 32 como a deste ano. Só que as boas notícias não são assim tão boas quando se insere o número na realidade da modalidade.
O valor continua a ser significativamente baixo em relação ao prémio monetário total do Mundial de futebol masculino, que decorreu em 2022 no Catar: 440 milhões de dólares (cerca de 411 milhões de euros).
“Pela primeira vez, [pretendo] dedicar uma parte específica deste pagamento, que tem principalmente de ir para o desenvolvimento do futebol, mas uma parte específica desse pagamento deve, evidentemente, ir para as jogadoras”, disse o presidente em conferência de imprensa.
A igualdade salarial a nível de seleções é algo que as jogadoras e alguns jogadores têm defendido ao longo dos últimos anos. Nos Estados Unidos, Brasil, Inglaterra, Austrália, Noruega, Nova Zelândia e País de Gales o objetivo já foi cumprido, mas existem ainda muitas jogadoras em confronto com as próprias federações. É o caso do Canadá, onde a federação continua a não dar resposta aos jogadores da equipa feminina e masculina que lutam juntos pela igualdade salarial.
Infantino acredita que essa será a realidade a nível do torneio, mas, de novo, as mulheres terão que esperar. A missão da FIFA passa por atingir a igualdade de pagamentos no Mundial de 2026 masculino e no Mundial de 2027 feminino.
O anúncio foi aplaudido pela união de jogadores FIFPRO: “Através da voz e solidariedade das jogadoras de todo o mundo ao longo de meses e anos de campanha, foram feitos progressos significativos nas condições, prémios em dinheiro e redistribuição de prémios para o Mundial 2023″, lê-se em comunicado.
O que não terá que esperar e vai acontecer já este ano será a igualdade no que às condições e serviços diz respeito. Falamos de alojamentos ou transportes, que serão iguais ao que os homens tiveram direito no ano passado. Em outubro, 150 jogadoras já tinham enviado uma carta à FIFA onde pediam esta igualdade de condições.
O Mundial de futebol feminino, que começa a 20 de julho e decorre até 20 de agosto, será o primeiro a contar com a seleção portuguesa. A equipa nacional conseguiu uma das últimas vagas entre as 32 equipas no play-off intercontinental, contra os Camarões.