“Nayola” é a primeira longa-metragem de animação do realizador português José Miguel Ribeiro e conta a história de três gerações de mulheres angolanas durante a Guerra Civil de Angola e chega aos cinemas esta quinta-feira, dia 13 de abril.
Inspirado na peça “A Caixa Preta” de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, o filme recebeu já 12 prémios, incluindo o Prémio do Público na Mostra de São Paulo, no Brasil, entre outras distinções.
“Nayola” desenrola-se no período pós-independência de Angola e mostra-nos que “as guerras nunca terminam” e que as lutas por um mundo melhor se podem perder se as vozes se calarem”, diz José Miguel Ribeiro, nas notas de produção.
O filme retrata Angola pela voz Lelena (a avó), Nayola (a filha) e Yara (a neta), três mulheres que sonham e lutam por um país melhor, tentando conciliar a construção de uma família com a construção da sua nação.
Esta coprodução entre Portugal, França, Bélgica e Holanda, passa-se em dois períodos temporais distintos: “Em 1995, acompanhando a busca de Nayola pelo marido desaparecido em combate; e em 2011, quando Lelena e Yara são assaltadas em casa por um misterioso mascarado armado. Yara é a personagem que situa o espectador no tempo. Com 16 anos, a mais nova das três mulheres, vive com a avó Lelena e com a esperança de ver os pais regressarem da Guerra”, lê-se nas notas de produção.
Abrangendo a fase final da Guerra Civil Angolana e os primeiros anos de paz no país, este filme representa uma ligação com a nação africana: todos os atores, personagens, vozes são angolanas e gravadas em Angola. “Nayola” conta com a voz e canções de Bonga e com a rapper angolana Medusa, que dá voz a Yara.
“Nayola” demorou nove anos para ser concluído, desde a ideia, os primeiros desenhos, a escrita do guião, o desenvolvimento, a montagem financeira, a gravação das vozes, a animação, a pós-produção e, por fim, o som.
A primeira exibição aconteceu em junho de 2022, quando o filme integrou a seleção oficial do Festival Internacional de Annecy, em França.
Durante o último ano percorreu o mundo com seleções oficiais em mais de 30 festivais internacionais (abriu a 42ª edição do Festival Internacional de Cinema de Animação, em Bruxelas, em fevereiro e abriu na Holanda o Festival Kaboom no mês de março) e recebeu várias distinções como: Melhor Longa Metragem de Animação no Festival Internacional de Guadalajara no México, Melhor Longa Metragem no Anim’est na Roménia e Melhor Longa Metragem no Manchester Animated Film Festival no Reino Unido. Conjugando a animação 2D e 3D, valeu a José Miguel Ribeiro a nomeação de ‘Realizador do Ano’ nos Cartoon Movie 2023.
“Nayola é uma história de amor, pulsações dos laços inquebráveis da maternidade, e uma canção de esperança num mundo melhor que nenhuma guerra é capaz de destruir”, sublinha a produtora.
Sinopse de “Nayola”
As vidas, os sonhos e os segredos de três mulheres, Lelena (a avó), Nayola (a filha) e Yara (a neta) cruzam-se em dois tempos narrativos, distanciados catorze anos. No passado, Nayola parte à procura do marido, desaparecido em combate na guerra civil angolana, e envolve-se numa busca errática, audaz e mágica. No presente, Yara é uma jovem rapper e ativista dos direitos humanos, perseguida pela polícia nas ruas de Luanda, o que causa grande inquietação a Lelena. Uma noite, avó e neta sofrem uma dupla ameaça, primeiro um misterioso mascarado armado invade-lhes a casa, depois a polícia faz uma rusga no musseque para prender Yara…