Quem já foi ao supermercado fazer as habituais compras de doces e chocolates para oferecer na Páscoa percebeu: os preços estão mais elevados face aos anos anteriores. Ora, isto é reflexo da subida dos preços das matérias-primas a nível internacional.
Segundo a análise dos especialistas da plataforma online de investimento XTB, o cacau e o açúcar, as principais matérias-primas utilizadas na produção dos ovos da Páscoa têm sido alvo de aumentos sucessivos desde o início deste ano. Esta tendência tem se registado especialmente na valorização do cacau, que tem conseguido atingir, de forma consistente, novos máximos históricos. Os futuros do cacau têm estado a ser negociados em alta, atingido esta semana os 10 mil dólares (cerca de 9,2 mil euros) por tonelada”. Uma tonelada de cacau custa agora mais do que uma tonelada de cobre”, sublinhou Kathleen Brooks, analista da XTB, citada pela AFP.
As expectativas futuras é que têm impulsionado os preços do cacau, que já subiu mais de 200% desde 2020.
Na raiz deste aumento estão problemas sentidos em vários países de África. Na Costa do Marfim, um dos principais produtores de cacau, as restrições na produção estão a impulsionar as subidas dos preços, por exemplo. Segundo a XTB, os dados das últimas semanas mostram que os produtores de cacau deste país escoaram menos de 30% da colheita de 1 de outubro a 3 de março, em comparação com o período homólogo.
Também as exportações da Nigéria, o quinto maior produtor mundial, caíram 15% em relação ao ano anterior. Ou seja, não parece existir problemas do lado da oferta, mas sim um risco de, num futuro próximo, haver uma quebra forte de inventários, ou seja, as expectativas futuras é que têm impulsionado os preços do cacau, que já subiu mais de 200% desde 2020.
Preços do açúcar estão mais contidos
Já os preços do açúcar, têm vindo a ter um desempenho inferior aos do cacau em 2024. O início do mês de março foi marcado por uma desvalorização dos preços desta matéria-prima, que está a ser negociada perto dos valores registados em dezembro do ano passado. No entanto, este movimento de baixa está alinhado com a sazonalidade do preço. Podemos esperar que os mínimos sejam atingidos na segunda metade de março, seguido por uma recuperação de preços ao longo dos próximos dois meses. À data, o preço encontra-se entre a média de 1 e 5 anos nas cotações dos futuros em bolsa.
Segundo dados da ISMA (Associação Indiana de Moinhos de Açúcar), a produção de açúcar proveniente da Índia no período de outubro de 2023 a fevereiro de 2024 foi de 25,5 milhões de toneladas, ligeiramente inferior à produção do ano anterior, que foi de 25,85 milhões de toneladas no mesmo período.