O preço médio do açúcar na Europa deve situar-se atualmente nos 1,61 euros, ou seja, mais 130% acima dos valores praticados em 2021, quando o preço médio se situava nos 69 cêntimos de euro. A análise é feita pelos especialistas da XTB, corretora online, listada em bolsa e com presença em 13 países, que alertam para o facto de que é provável que esta tendência não venha a abrandar. “Caso a tendência atual se mantenha, este valor poderá ultrapassar até os dois euros, nomeadamente caso a produção internacional venha a sofrer uma queda significativa devido a fenómenos climatéricos adversos ou caso os custos da energia continuem a aumentar”, pode ler-se no comunicado emitido.
A origem da atual situação remete para os cortes na produção mundial, em 2020, aquando da pandemia, sendo que a Europa tem enfrentado dificuldades na recuperação dos anteriores níveis de produção, que se mantêm ainda abaixo dos de 2019.
Sendo a produção do açúcar uma atividade de consumo intensivo de energia, outras das causas do elevado preço está associada ao aumento dos custos com o gás natural, sobretudo o proveniente da Rússia. Assim várias empresas europeias reduziram a produção devido a este aumento de custos. A XTB refere ainda que outra das origens do elevado preço poderá ser o facto de haver um esforço europeu para reduzir a utilização de produtos químicos na agricultura, o que também tem contribuído para diminuição da produção. Tudo isto tem causado aumentos significativos nos custos de produção.
Valor é mais elevado do que em outras zonas do mundo
O preço médio na Europa, em outubro, aumentou para 850 euros a tonelada, muito embora em muitas outras zonas do mundo ultrapasse frequentemente os mil euros por tonelada. Ainda assim, este incremento de 130% é mais elevado do que em outros países, nomeadamente os estados Unidos e a Índia, cujo aumento de preços nos últimos três anos foi mais limitado. Aliás, a produção na Índia e no Brasil tem vido a recuperar desde a pandemia.
Os analistas da XTB referem que a produção no Brasil terá ainda de enfrentar o fenómeno natural El Niño, que está a causar seca em vários locais do mundo e poderá ter impacto na produção brasileira. Já na India, devido ao facto de haver eleições no final de abril, o governo tem tentado baixar o preço de alguns produtos, o que incluiu a aplicação de medidas ao comércio da cana-de-açúcar e à sua utilização para a produção de etanol, um biocombustível cada vez com maior procura.
Para esta plataforma, nem tudo são más notícias: depois de o preço do açúcar nos Estados Unidos ter atingido os 28 cêntimos por libra em 2023, o valor mais elevado desde 2011, este caiu quase 30%, para os 20 cêntimos por libra, como resposta às ações do governo indiano e a uma recuperação da produção no Brasil.
Porém, caso a Índia continue a limitar a quantidade de açúcar que é introduzida no mercado internacional e a produção na Europa e no Brasil sofra novos cortes, espera-se que a atual descida dos preços a nível mundial não seja sustentada a longo prazo. Isto se não ocorrer uma crise de maiores proporções que conduza a um colapso do consumo, como aconteceu durante a pandemia.