Devido ao conflito na Ucrânia, o preço dos combustíveis pago pelos condutores nas bombas de gasolina conheceu um aumento sem precedentes esta segunda-feira: a gasolina subiu 10,5 cêntimos e o gasóleo trepou 16 cêntimos.
Concretizando: na Galp, no fim-de-semana, a gasolina 95 simples valia 1.929€/litro. Agora passou para 2.034€/litro. O Diesel simples custava 1.799€/litro e agora passou para 1.959€/litro.
O aumento não é exclusivo dos portugueses e também está a atingir o outro lado do Atlântico, como é o caso dos EUA, onde o preço médio pago na bomba saltou para o nível mais alto em quase uma década – na passada sexta-feira o galão da gasolina valia $3.84 em solo americano, patamar mais alto desde março de 2012.
Ainda vai piorar…
A questão é que os analistas já estão a alertar para as pessoas se prepararem para preços ainda mais proibitivos nas próximas semanas.
As cotações do petróleo aumentaram praticamente 24% na última semana, atingindo os valores mais altos desde 2010 e os futuros do Brent para entrega em abril estão também nesses patamares, pelo que não é de todo expectável descidas no mês que se avizinha.
Numa nota, a Goldman Sachs qualificou o aumento dos preços do petróleo de ser “o principal risco de inflação”, prevendo que os preços poderiam subir para até 150 dólares por barril.
A JPMorgan vai mais longe, admitindo mesmo um cenário futuro de 185 dólares por barril.
Os analistas da JPMorgan já vieram alertar que este conflito no leste da Europa poderá manter o ritmo de subida dos preços médios dos combustíveis junto dos consumidores nos níveis mais acelerados dos últimos quarenta anos.
O comportamento dos mercados no final da semana passada pode, aliás, ser uma amostra do que irá acontecer: o Brent do Mar do Norte, a referência para o mercado europeu, encerrou no dia 3 de março a valer 110.46 dólares e no dia 4 de março estava já a ser comercializado a 118.11 dólares/barril. Ou seja, subidas elevadas e demasiado rápidas.
Mesmo considerando que a Agência Internacional de Energia concordou em libertar 60 milhões de barris de petróleo de reservas estratégicas para ajudar a estabilizar os mercados de energia durante o conflito Rússia-Ucrânia, este montante de “ouro negro” extra equivale a apenas algumas semanas de exportações normais da Rússia – “uma proverbial gota no balde”, disse à Forbes o analista da Raymond James, Pavel Molchanov.
A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo, a seguir à Arábia Saudita e abastece cerca de 30% do petróleo da Europa e 35% do gás natural.
Inevitavelmente, a alta do petróleo terá um efeito de “bola de neve” em toda a cadeia económica, desde os transportes aos bens alimentares.
Perante a escalada dos preços, em Portugal, o executivo decidiu “adotar medidas extraordinárias para ajudar as famílias a enfrentar este aumento histórico dos preços», compensando o aumento dos preços dos combustíveis, apoiando os transportes coletivos e atenuando o aumento do preço do gás”.
Entre essas medidas conta-se o aumento, durante o mês de março, de forma extraordinária do valor do Autovaucher de 5 euros por 20 euros por beneficiário.
O governo manteve ainda, até final de junho, a suspensão do aumento da taxa de carbono.