No dia 31 de outubro celebrou-se o “Dia Mundial da Poupança”, uma data que de acordo com o site da Secretaria Geral de Economia, “foi criado com o intuito de alertar os consumidores para a necessidade de disciplinar gastos e de amealhar alguma liquidez, de forma a evitar situações de sobreendividamento.” Então e como estarão os portugueses a cumprir este objetivo do Dia Mundial da Poupança?
De acordo com dados da PORDATA, a taxa de poupança dos portugueses em 2022 situou-se em 6,2%. Olhando para o gráfico disponível, vemos uma clara tendência decrescente nesta percentagem desde o início dos anos 70, altura em que este indicador atingiu o seu máximo registado de, aproximadamente, 31%. Naturalmente que o nosso país é hoje, 50 anos depois, muito diferente daquilo que era nessa altura, tanto em termos políticos, como demográficos, económicos e muito mais. Ainda assim, penso que é alarmante estarmos a ver uma tendência muito acentuada na redução desta taxa média de poupança.
Se juntarmos a isto os dados que nos dizem que o salário médio nacional rondará hoje os 1.000 euros líquidos, então isto significa que o português médio estará a poupar cerca de 60€ por mês, estando a consumir os restantes 940€ nas mais variadas coisas que necessitam e querem, ainda que os atuais preços da habitação estejam a colocar uma pressão adicional nestes orçamentos familiares, forçando alguns a uma redução nas coisas que querem para que consigam pagar aquilo que têm de pagar.
No mundo das finanças pessoais existem muitos métodos, mas a maioria deles aponta para um número “ideal” de poupança de 20% dos nossos rendimentos, definido os 10% como o mínimo absoluto para termos uma vida financeira equilibrada. Ora, isso obriga o nosso português médio a mais que triplicar os seus hábitos de poupança. Mas será isso possível?
Naturalmente que é impossível conhecer todos os casos e todas as pessoas mas eu diria que uma boa percentagem poderá melhorar as suas taxas de poupança, utilizando 3 momentos chave do seu ano: subsídio de férias, subsídio de natal e reembolso de IRS. São 3 momentos do ano em que muitos têm um rendimento adicional e as suas despesas mensais, espero, não crescem na mesma proporção. Sim, é verdade que muitas pessoas utilizam estes valores para pagar custos como IMI, IUC, seguros ou outra componente não regular. Ainda assim, acredito que com planeamento e bom senso, seja possível utilizar esses rendimentos adicionais também para uma maior poupança.
Sou um defensor acérrimo do equilíbrio e acredito que as pessoas devem usar estes rendimentos extra também para as suas coisas extra, mas no final de contas, do que valerá ter feito mais aquela viagem ou aquele jantar fora se vier um arranjo do carro inesperado e não tivermos forma de o pagar? Acima de tudo, deve ser uma questão de prioridades e a prioridade de todos deve ser criar esta poupança que nos permita estar tranquilos em relação aos imprevistos. A partir daí já dependerá de cada um fazer aquilo que lhe faça mais sentido.