A Batch é uma startup 100% portuguesa, nascida em janeiro de 2021 e tem entre os seus investidores a também portuguesa Power Dot, operadora de carregadores para veículos elétricos.
Esta empresa é especializada em assegurar entregas rápidas — 2 horas e no próprio dia — em todo o país (inclui ilhas), indo ao encontro das necessidades do consumidor online atual, que quer experienciar quase de imediato o que comprou: click to door.
Em entrevista ao CEO da empresa, Pedro Vasconcelos, diz que o objetivo da Batch é ser o braço-direito das empresas e “tirar o pó” à logística, tornando-a num serviço digitalizado, rápido, simples, eficiente, ecológico e zero burocrático.
Uma das diferenças é disponibilizar o tracking via WhatsApp, o que, por ser uma rede social de proximidade, permite uma comunicação bilateral com o consumidor final.
“Desde que esta opção foi introduzida, o número de pessoas que está a interagir e a dar a sua opinião teve um crescimento de 300%. Neste ano, a Batch vai disponibilizar ainda, como acontece hoje na Uber, por exemplo, o acompanhamento em tempo real do percurso do estafeta”, aponta a empresa.
Como surgiu a ideia de fundar a Batch?
Pedro Vasconcelos (PV): Com a pandemia, fomos todos obrigados a ficar em casa mercê dos sucessivos confinamentos. Como consumidor, rapidamente detetei uma necessidade de mercado: se eu já não queria esperar cinco dias para receber uma encomenda, seguramente que as outras pessoas também não. Assim, no verão de 2020, enviei emails a algumas marcas, no sentido de perceber se teriam interesse em ter entregas rápidas de encomendas. Muitas empresas viram na minha proposta a única tábua de salvação para o seu negócio e foram dando respostas positivas. Comecei, então, a formar uma equipa e, em janeiro de 2021, iniciámos o projeto com entregas em duas horas, efetuando apenas recolhas de produtos em lojas. Todavia, as entregas rápidas para serem eficientes necessitam de um espaço de armazenamento de produtos no centro das cidades (dark stores). Como os pedidos já eram muitos, três meses depois abrimos a dark store em Alvalade. Mais tarde, introduzimos as opções de entregas ‘no próprio dia’ e ‘no dia seguinte’ e, nos primeiros meses de 2022, os envios para a Europa.
“Muitas empresas viram na minha proposta a única tábua de salvação para o seu negócio”
Quais são os principais investidores da Batch?
A Batch conta com dois grandes investidores: a Powerdot — a maior operadora portuguesa de carregadores elétricos na Europa — e um dos maiores family offices das áreas de renováveis, imobiliário e lifestyle em Portugal, o qual se tornou em 2022 acionista da empresa, fazendo esta presença toda a diferença no rumo dos negócios.
Como é que a Batch se diferencia das outras empresas de logística no mercado português?
A Batch começou como empresa de entregas rápidas para dar resposta a uma necessidade da pandemia. No entanto, rapidamente percebeu que uma boa entrega não se reduz a velocidade, mas que uma boa experiência de pós-venda conta para o consumidor, podendo ser decisiva para novas conversões. Por isso, o objetivo da Batch foi tornar-se na empresa portuguesa que oferece o melhor last-mile do mercado, disponibilizando serviços únicos, inovadores e 100% personalizados a vários níveis: tracking white label e em tempo real por WhatsApp, embalamentos white label, apoio ao cliente diferenciado, trocas e devoluções em apenas três cliques. Aos retalhistas fornece análise estruturada de dados em tempo real (gestão de stock, informação administrativa…) e apoio na otimização da sua presença no e-commerce.
“Uma boa entrega não se reduz a velocidade, mas que uma boa experiência de pós-venda conta para o consumidor, podendo ser decisiva para novas conversões”
Pode explicar o conceito de ‘click to door’ e como é que a Batch disponibiliza entregas rápidas aos consumidores?
O ‘click to door’ aplicado ao e-commerce significa literalmente isto: que o consumidor comprou online e que vai receber a encomenda à sua porta poucas horas depois. Como refere o estudo E-Commerce & Last-Mile 2023 em Portugal, lançado pela Deloitte em maio passado, 41% dos inquiridos espera receber a encomenda em 24 horas. Tudo porque com a pandemia, as pessoas já não abdicam de mimetizar a experiência da loja física na compra online. Ou seja, habituaram-se a comprar num site umas calças, por exemplo, e a poderem usar as mesmas numa festa logo a seguir. Para isso, a Batch assegura entregas rápidas (duas horas e no próprio dia) e no dia seguinte de duas formas: ou vai buscar a encomenda já pronta à loja de rua/shopping da marca ou — como dispõe de uma dark store em Lisboa onde tem produtos dos clientes armazenados — efetua o respetivo embalamento e assegura a entrega. Conforto, flexibilidade, diversidade e rapidez são, sem dúvida, as palavras-chave que estão na base desta mudança de paradigma a nível de hábitos de consumo online e que vão continuar a fazer parte do vocabulário da logística presente e futura.
“Com a pandemia, as pessoas já não abdicam de mimetizar a experiência da loja física na compra online”.
Quais são os serviços abrangidos pela Batch?
Pela falta de expertise, a logística é uma área que dá muitos problemas e despesas desnecessárias aos retalhistas. A nossa proposta de valor prende-se precisamente com o facto de libertar as marcas de uma atividade que não é o core, para estas se centrarem no desenvolvimento do seu negócio. Na prática, o que pretendemos é ser o braço-direito das empresas a nível de logística, oferecendo às mesmas um leque alargado de opções — isoladas ou chave na mão — consoante as diversas necessidades.
Os nossos serviços podem incluir: entregas rápidas (duas horas e no próprio dia) e no dia seguinte; tracking e embalamentos white label; trocas e devoluções em apenas três cliques e apoio ao cliente diferenciado (por exemplo, somos proativos e pedimos desculpa por um atraso, o que evita reclamações, muito típicas neste setor). Além disso, efetuamos análise estruturada de dados para os retalhistas e ajudamos os mesmos a serem mais eficientes em termos de vendas online, sobretudo no sentido de evitar devoluções, as quais acarretam grandes prejuízos para as marcas.
“A nossa proposta de valor prende-se precisamente com o facto de libertar as marcas de uma atividade que não é o core“
É um serviço direcionado apenas para o e-commerce?
Sim, a logística da Batch só se aplica ao e-commerce.
Como é que a Batch personaliza os serviços de logística como white label para cada marca, mantendo a identidade e o branding de cada organização?
O serviço white label é uma opção para os retalhistas que integra duas situações distintas. No caso do tracking (por WhatsApp ou através do link da página), das reclamações, das trocas ou das devoluções, toda a comunicação é efetuada com o logo, com a assinatura e com as cores de cada marca, dando ao consumidor a sensação de que é esta que está a interagir consigo. Por outro lado, a nível de embalamento/acondicionamento, no nosso armazém dispomos de um livro de instruções de cada retalhista e efetuamos todo o processo seguindo as normas como se, mais uma vez, fosse a própria marca a tratar. Neste âmbito, podemos assegurar tudo: embrulhos específicos e introdução de brindes, postais ou mensagens personalizadas, umas gotinhas de perfume, brilhantes, confetti (…). Quer na primeira situação quer na segunda, o objetivo é que a marca não morra após o processo de compra, mas que sobreviva no imaginário do consumidor, o que, é ótimo no que toca a futuras conversões.
“O objetivo é que a marca não morra após o processo de compra, mas que sobreviva no imaginário do consumidor”
Ou seja, para o consumidor, a marca Batch nunca aparece?
Quando um retalhista escolhe o serviço white label (é uma opção), a marca Batch nunca aparece. A nossa marca só surge associada ao processo de last-mile nas marcas dos retalhistas que não optaram por esta solução.
Quais são os vossos clientes a quem prestam este tipo de serviço de logística?
Os retalhistas que escolheram o serviço white label têm um único objetivo: criar no consumidor a ilusão de que foi a sua marca que tratou de tudo desde a compra até à entrega. Ou seja, ao dilatarem a visibilidade da marca no tempo e no espaço, pretendem construir uma relação com o consumidor e ficar no seu top of mind. Como tal, não seria ético da nossa parte revelar quais os clientes que optaram por esta solução, pois estaríamos a pôr em causa as suas estratégias de negócio.
Atuam apenas nas Last-Mile Delivery?
Sim.
Quais são os planos futuros da Batch em termos de expansão geográfica e novos serviços oferecidos?
No que diz respeito a expansão geográfica, estamos a falar de duas realidades distintas. A nível nacional, no último semestre deste ano vamos abrir uma nova dark store no Porto, um mercado estratégico e onde já temos a nossa atividade consolidada através de parceiros de confiança. Ainda em 2023, à partida, marcaremos também presença em mais uma capital de distrito, mas sem dark store. No que toca a internacionalização, apesar de já assegurarmos serviços para toda a Europa desde o início de 2022, a verdade é que uma aposta forte terá de ser feita de forma sustentável e escalável, pois o objetivo não é crescer rápido, mas bem.
“No último semestre deste ano vamos abrir uma nova dark store no Porto”
Neste momento, Espanha — pela proximidade geográfica e cultural — é o mercado líder, mas França, Alemanha, Reino Unido e Espanha são os mercados mais interessantes, na medida em que são estes países que possuem os clientes certos e 50% do volume do e-commerce na Europa. Sobre novos serviços, até ao final do ano/inícios de 2024 vamos introduzir as entregas eco e personalizar ainda mais as mensagens do tracking para cada consumidor.
Desde que introduzimos este tracking mais interativo — em março deste ano — que a taxa de erro de entregas à primeira tentativa é de 0,5%, o que significa que o nosso trabalho é extremamente eficiente. Vou dar rum exemplo concreto: ao darmos reduzidas janelas horárias para a entrega, a pessoa sabe se pode receber a encomenda ou não. Em caso negativo, reagenda de imediato, e nós já não perdemos tempo/dinheiro com essa viagem inútil.