Como devem ser concebidas as relações comerciais para as próximas gerações e como é que estas trocas podem ganhar com a diplomacia económica e da longevidade? O EuroAmericas Forum 2025, que decorre esta segunda-feira na Nova SBE, em Carcavelos, e que conta com o JE e a Forbes como media partners, convidou Joana Gaspar, diretora da AICEP; Alberto Ramos, managing director, Goldman Sachs Global Investment Research, USA e José Ignacio Salafranca, vice-presidente da EuroAmerica Foundation.
Alberto Ramos, responsável da Goldman Sachs, focou a sua análise na evolução económica da região da América Latina, e começou por referir que a produtividade no conjunto desta região era de 70% da produtividade dos EUA e a partir daí tem vindo descer: “Argentina, Brasil, México não estão a produzir tanto quanto deviam”, lamenta.
“Em todos os sectores da economia, é possível perceber que os recursos não são corretamente distribuídos. As empresas têm fraco acesso aos créditos e porque não há ferramentas de gestão de risco. Estas fricções são muito mais severas para as empresas mais produtivas, estas tensões fazem com que estas empresas empreguem menos”, realçou Alberto Ramos.
Em jeito de conclusão e no que respeita à demografia desta região, este responsável conclui que a América Latina “está a envelhecer antes de enriquecer e esse é o resultado de políticas adotadas. Precisamos de investir, educar, fomentar inclusão e desregulamentar; há aqui grande potencial e enormes oportunidades”.
Língua portuguesa é “grande trunfo nos negócios”
Joana Gaspar, diretora da AICEP, definiu Portugal como “uma economia pequena assente nas relações económicas externas” e nestas relações, explicou a responsável, “a confiança demora muito a construir e é essencial”, dando a Web Summit como exemplo de um evento que já leva uma década e do qual “já retirámos muitos proveitos”.
“Temos uma rede internacional de mais de 50 mercados essencialmente na Europa e nas Américas. Mapeamos os empresários de origem portuguesa bem como as empresas que investem em mercados estrangeiros. A língua portuguesa é um grande trunfo para o negócio, que promove relações fortes”, sublinhou.
E o Brasil? Para Joana Gaspar “é um exemplo”: “É um grande mercado, com uma grande diáspora e que em muitos casos abriu caminho às empresas portuguesas na América do Sul. Estes mercados são importantes para diversificar as nossas exportações. Temos crescimentos significativos nas trocas comerciais com os EUA, Brasil e México nos últimos anos”.
O espanhol José Ignacio Salafranca, vice-presidente da EuroAmerica Foundation, reconheceu Portugal como um país “com um enorme legado que se espalhou pelos cinco continentes”, e se o comércio ainda representa paz, desenvolvimento e prosperidade, este responsável destaca que “apesar das medidas aplicadas pelos EUA, estamos a verificar grande resiliência nas trocas comerciais”.
“Estamos longe da idade dourada em que a Europa tinha 30% da economia mundial na revolução industrial, estamos a ser ultrapassados pela China e pela Índia. Vivemos num mundo com grandes conflitos internacionais e a UE devia seguir por um caminho de acordos com a Índia e Mercosul. Não podemos avançar a esta velocidade tão lenta quando temos Trump a assinar decretos todos os dias”, concluiu.





