O mercado imobiliário português continua na moda, mesmo em tempo de pandemia. O segmento dos Business Service Centres, que mais não são do que centros de serviços partilhados, não foge à regra havendo o interesse de empresas estrangeiras em escolher o mercado português para se instalarem.
A conclusão resulta do estudo “Portugal no Radar dos Business Service Centres (BSC): a Atratividade do Mercado Imobiliário, Edição 2021”, da consultora imobiliária Savills divulgado durante um webinar. De acordo com o estudo, Portugal figura “como um mercado bastante atrativo para a implementação de empresas internacionais”, um cenário justificado pela localização estratégica, a qualidade dos recursos humanos, o clima de estabilidade política e de paz social, uma infraestrutura robusta de conetividade e a aposta na inovação e transição digital.
A Savills realça que, em Portugal, existem hoje 175 BSC distribuídos por Lisboa, Porto, Braga e Aveiro. Este segmento, nos últimos cinco anos, registou uma taxa de crescimento no número de centros instalados no País de 14%.
As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto continuam a conquistar as preferências para a instalação de Business Service Centres com estes dois polos a receberam importantes investimentos estrangeiros destinados a instalar Centros de Competência.
Lisboa com taxa de disponibilidade de 7,04%
Os dados partilhados pela AICEP no relatório da consultora imobiliária revelam que a capital lisboeta recebeu cerca de 40 novas empresas dedicadas às tecnologias de informação, entre 2016 e 2020, sendo que hoje totaliza 111 BSC. Ao mesmo tempo verificou-se a multiplicação de centros de competência dedicados ao setor automóvel em Lisboa, por exemplo da Critical Techworks (joint venture entre o Grupo BMW e a portuguesa Critical Software), a Mercedes Benz.io e a Volkswagen Digital Solutions.
Face à atual procura, a Savills assume que “tudo leva a crer que Portugal reúne as condições para ser o país de referência para a instalação de BSC, e que o mercado imobiliário nacional, no seu todo, terá a capacidade, como se tem vindo a verificar, para se adaptar às novas tendências e exigências do setor”.
De acordo com a Savills a capital conta “com uma taxa de disponibilidade de 7,04% e espera-se um aumento de cerca de 166 mil milhões de metros quadrados para o biénio 2021-2022”. E conclui que o mercado de escritórios de Lisboa (composto por sete zonas) “compete com as grandes capitais europeias, beneficiando da internacionalização e da expansão de renomadas empresas multinacionais, dedicadas aos mais diversos setores de atividade”.
No que se refere ao mercado de escritórios do Porto, a consultora salienta que a ocupação por parte das tecnológicas é bastante significativa face a outros setores, representando uma percentagem expressiva das empresas que entram e se expandem na Cidade Invicta. Como exemplo, destaca a Uber e a Revolut, ou as portuguesas Prozis e Farfetch, como algumas das empresas que optaram por radicar-se no Porto.
Braga e Aveiro em ascensão
Para o biénio 2021-2022, prevê-se um aumento de 100 mil metros quadrados em novos espaços para escritórios no Porto. Num total de 18 projetos, este mercado de escritórios verá crescer o seu stock. E assegura a sua competitividade face a capitais europeias que se posicionam como destinos com potencial para receber ocupantes internacionais que procuram localizações estratégicas para estabelecerem, relocalizarem ou expandirem os seus centros de operações.
A Savills refere ainda que a expansão do mercado de escritórios do Porto será mais expressiva nas zonas periféricas do centro da cidade, incluindo os concelhos vizinhos da Maia, Matosinhos e Vila Nova de Gaia, que juntos formam a zona Out of Town.
No mesmo relatório, Braga e Aveiro surgem também como dois mercados em ascensão. O facto de a cidade bracarense ter um dos índices de envelhecimento mais baixos do país, e Aveiro ter uma oferta de ensino superior forte nas áreas da Tecnologia e Inovação, colocam as duas cidades como centros de grande dinâmica para a instalação de BCS.
A consultora socorre-se ainda de dados compilados pela AICEP para sublinhar que, nos Business Service Centres instalados no País, 85% dos colaboradores tem formação superior, 45% dos centros operam em mais do que uma língua, 35% dos espaços prestam serviços de TIC e software e 8% dos colaboradores são de nacionalidades estrangeiras.