Portugal jogou contra os Estados Unidos, a seleção que venceu o Mundial por quatro vezes, as mais temidas da competição. Jogou contra nomes como Alex Morgan, Megan Rapinoe, Julie Ertz, Rose Lavelle. As mesmas que no final da partida reforçaram a linha defensiva e se dedicaram a segurar a bola para garantir o empate. Porque sabiam que não podiam arriscar contra Portugal.
O jogo terminou com um empate (0-0) e a história vai contar que os Estados Unidos seguiram para a próxima fase e eliminaram Portugal na fase de grupos. Mas quem viu o jogo vai saber que Portugal tem tudo para competir com qualquer seleção do mundo e o mais provável é que ninguém volte a arriscar dizer que há impossíveis para esta seleção.
“Está fora do Mundial a equipa que não merecia. Fizemos um jogo enorme, um dos melhores dos últimos anos. A melhor versão de Portugal, mais coletiva, as jogadoras foram brilhantes. Tivemos as nossas oportunidades, para mim as melhores oportunidades do jogo, não conseguimos concretizar. Vamos embora, mas vamos de cabeça erguida”, disse o selecionador no final da partida.
Antes deste jogo, Portugal tinha jogado 10 vezes com a seleção norte-americana e nunca tinha conseguido ganhar ou empatar. Este é o primeiro empate do histórico de jogos entre estas duas seleções.
Em lágrimas, Jéssica Silva não conseguiu esconder a tristeza, mas garantiu estar muito orgulhosa deste grupo.
“Saímos tristes deste jogo, fizemos tudo para vencer, fomos a equipa mais competente. Devíamos ser as justas vencedoras deste jogo. Naturalmente, estamos todas muito orgulhosas do que fizemos neste torneio, mas queríamos mais. Queremos cá voltar. Tínhamos muito para dar nesta competição”, disse. “Olhem para nós, não se esqueçam de nós, continuem a dar-nos a mão. Esta participação vai ajudar-nos a crescer, a evoluir, a termos mais maturidade. Disseram-nos que precisávamos de um milagre para passarmos aos oitavos e hoje provamos que no futebol não há impossíveis, muito menos milagres. Queríamos dar esta vitória não só aos que estão connosco, mas também aos que duvidaram”.
Também emocionada, Kika Nazareth, uma das portuguesas que marcou neste Mundial, assinalou o feito de Portugal e sublinhou a importância das jogadoras que há muitos anos lutam pelo futebol feminino: “Este mundial não foi para mim, foi para as jogadoras que já cá andam há muito tempo”.
“Acho que temos de sair daqui orgulhosas. Não nos podemos esquecer que jogámos num estádio com 43 mil pessoas contra as bicampeãs do mundo e o jogo foi nosso. Saímos daqui com um sabor amargo porque nos faltou um bocadinho de sorte, o resto esteve lá. Depois deste jogo, isto tem tudo em Portugal para andar para a frente”, concluiu.
A partir daqui, não vai voltar a haver uma única menina em Portugal que, ao sonhar com o futebol, não tenha a certeza de que pode chegar ao maior palco da modalidade do mundo.