Nos últimos meses, talvez anos, temos sido bombardeados com informações sobre o estado do nosso país e sobre o quanto estamos a ser ultrapassados por outros países tanto em termos económicos como sociais. Fala-se de cargas fiscais mais baixas, de crescimentos de PIB mais acelerados e chegam-nos exemplos de sistemas de saúde e educação que, aparentemente, funcionam melhor do que o português.
Se fizermos a pesquisa no Google “Portugal é realmente desenvolvido?”, a primeira informação que surge é relacionada com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Este indicador foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e mede o grau de progresso de cada país desde o início dos anos 90, levando em conta fatores de saúde, educação e economia para medir o desenvolvimento humano de um país. O resultado final é medido entre 0 e 1, sendo 0 o mínimo e 1 o máximo.
Em 2021, Portugal ocupava o lugar 38 do ranking, o mesmo do ano de 2020, com um resultado de 0,866, considerado muito alto, numa tabela liderada pela Suiça com o resultado de 0,962, que superou a Noruega, a primeira classificada do ano de 2020.
Numa lista com mais de 190 países, isto pode parecer, à primeira vista, um bom resultado. No entanto, se olharmos com mais detalhe para a mesma, começamos a ver alguns desafios.
Por exemplo, a Arábia Saudita, um país que muito regularmente nos surge por motivos menos positivos relacionados com justiça ou discriminação, ocupa o lugar 35 da mesma tabela.
O resultado mais elevado do que Portugal é assim provável que esteja relacionado com a enorme discrepância em termos económicos, já que a Arábia Saudita apresentava um PIB (com base na Paridade de Poder de Compra) per capita de, aproximadamente, $56.000 em 2018, e Portugal, em 2022, apresentava o valor aproximado de $39.000. Sabemos que as médias valem o que valem e, por isso, a distribuição desta riqueza não será propriamente equitativa em nenhum dos países.
Em resumo, qual a minha opinião sobre o desenvolvimento do nosso país? É que somos um ótimo país para se viver, não sendo particularmente bons em nada. Em perspetivas económicas somos ultrapassados por muitos países, em sistemas de saúde e educação também, no apoio de estado social o mesmo. No entanto, muitos países que se destacam em alguma dessas rubricas, acabam por ser muito pouco atrativos em outras, resultando numa sociedade de extremos.
O nosso país de brandos costumes, acaba por ser também um país de brandas atitudes e brandos resultados, produzindo uma sociedade genericamente desenvolvida, sem sermos realmente bons em nada, talvez por medo que isso nos obrigue, enquanto país e sociedade, a sermos realmente maus em outras componentes.
Confesso que sou fã do nosso país, mesmo com os seus resultados médios e não me vejo a viver em mais lado nenhum. Adoro conhecer outros países e as suas realidades mas gosto ainda mais de voltar e apreciar o ótimo que temos para oferecer.