O assunto volta a estar na ordem do dia. O Governo norte-americano, liderado por Donald Trump, apelou esta semana à união contra as restrições da China na exportação das terras raras, minais fundamentais para a economia dos Estados Unidos e do resto do mundo. “Não vamos deixar que um grupo de burocratas em Pequim tente controlar as cadeias de produção globais”, sublinhou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, de forma agressiva, durante uma rara conferência de imprensa organizada pelo Departamento do Tesouro, segundo avançou a agência Lusa. “Para que fique claro, esta não é uma questão apenas dos Estados Unidos (…) é uma manobra económica coerciva contra todos os países do mundo”, frisou, por sua vez, o representante do comércio, Jamieson Greer,
Ora, o que está então em causa? A China é o maior produtor mundial de terras raras, e anunciou novos controlos sobre as tecnologias relacionadas com estes materiais essenciais para as indústrias digital, automóvel, energética e de armamento. Donald Trump não gostou e ameaçou impor novas tarifas sobre os produtos chineses. E porque precisam tanto os Estados Unidos das terras raras chinesas? As chamadas terras raras são compostas por um grupo de 17 minerais vitais para a indústria da tecnologia, desde os smartphones, passando pelos veículos elétricos e pela indústria da defesa. Os Estados Unidos importam 70% destes minerais à China. O fornecimento dos restantes 30% surgem essencialmente da Malásia, com 13%de quota, do Japão, com 6% e da Estónia, com 5%. A dependência da maior economia do mundo dos minerais da China é, pois, gigante.
As chamadas terras raras são compostas por um grupo de 17 minerais vitais para a indústria da tecnologia, desde os smartphones, passando pelos veículos elétricos e pela indústria da defesa.
A indústria dos veículos elétricos é uma das maiores consumidoras de terras raras, e o seu peso no consumo mundial tem vindo a crescer. Em 2024 a procura destes minerais raros por parte desta indústria cresceu cerca de 32%, segundo os dados do Benchmark Mineral Intelligence. E não são apenas a baterias que precisam destes componentes minerais, também os vários tipos de motores de veículos elétricos necessitam deles.
Por outro lado, também a indústria da defesa norte americana depende destes elementos. Sejam aviões a jato, sejam misseis ou submarinos, ou até armamento a laser, todos utilizam terras raras. Por exemplo, só o caça F-35 utiliza 400 quilos de terras raras na sua construção e na sua tecnologia, segundo dados da mesma fonte. Também Virginia-Class Submarine necessita de 4,6 toneladas de minérios raros para a sua utilização.
Exportações chinesas de terras raras cresceram em agosto
Em agosto último as exportações chinesas de produtos de terras raras atingiram o maior volume desde que há registos, em 2012, após meses de tensão provocada pelas restrições impostas por Pequim à venda externa destes minerais estratégicos. Segundo cálculos da agência de notícias financeiras Bloomberg, com base em dados das alfândegas chinesas, os envios ao exterior ascenderam a cerca de 7,34 toneladas nesse mês. Entre os produtos exportados contam-se ímanes de alto desempenho usados em bens de consumo e em aviões de combate.
O caça F-35 utiliza 400 quilos de terras raras na sua construção e na sua tecnologia, e o submarino Virginia-Class necessita de 4,6 toneladas de minérios raros para a sua utilização.
Na sequência da guerra tarifária importa por Donald Trump desde o início do ano, Pequim passou a exigir licenças de exportação para sete dos 17 minerais do grupo das terras raras – samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio – e respetivos ímanes, alegando razões de segurança nacional. A medida levou a uma queda acentuada das exportações, que só recuperaram após o acordo alcançado em junho passado, durante uma ronda negocial em Londres, no qual a China se comprometeu a agilizar a emissão de licenças. Como consequência, a Europa está também a sentir entraves no fornecimento destes produtos essenciais.