Por uma embalagem mais natural, sustentável e reciclável

A crise global, social e ambiental que vivíamos antes da covid-19 já exigia uma mudança radical nos compromissos da indústria e no comportamento dos consumidores. No contexto da pandemia, este tema tornou-se ainda mais importante. Foi por isso que a Tetra Pak embarcou numa viagem para criar a embalagem alimentar mais sustentável do mundo, feita…
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Ramiro Ortiz, o homem que lidera a Tetra Pak em Portugal e Espanha, levanta o véu sobre a embalagem do futuro, com que a empresa vai alimentar o mundo de forma segura e respeitando a natureza.
Forbes LAB

A crise global, social e ambiental que vivíamos antes da covid-19 já exigia uma mudança radical nos compromissos da indústria e no comportamento dos consumidores. No contexto da pandemia, este tema tornou-se ainda mais importante. Foi por isso que a Tetra Pak embarcou numa viagem para criar a embalagem alimentar mais sustentável do mundo, feita apenas de materiais renováveis, de origem vegetal, ou reciclados, recicláveis e neutra em carbono.

“Na verdade, as embalagens da Tetra Pak atualmente apresentam vantagens ambientais quando comparadas com alternativas presentes no mercado”, argumenta Ramiro Ortiz, diretor-geral da Tetra Pak Ibéria.

“Cerca de 70% da composição das embalagens é cartão, e a pouca quantidade de plástico já é na sua maioria de origem vegetal, apresentando uma pegada de carbono inferior às alternativas de plástico de origem fóssil. Mais de 30% das embalagens que vendemos em Portugal utilizam polímeros de origem vegetal, feitos a partir de cana-de-açúcar, uma matéria-prima natural e renovável. Com isto, conseguimos aumentar a proporção de materiais renováveis na embalagem até 89%.”

Em 2014, a Tetra Pak foi o primeiro player da indústria a apresentar uma embalagem para alimentos líquidos totalmente fabricada a partir de materiais renováveis de origem vegetal. Produzida apenas com cartão e plástico à base de cana-de-açúcar, a embalagem Tetra Rex®, de origem vegetal, é certificada pelo Forest Stewardship Council® e pelo Bonsucro, ambas certificações que atestam o fornecimento responsável das matérias-primas utilizadas na embalagem.

Atualmente, a empresa já fornece mais de mil milhões destas embalagens a clientes em todo o mundo.

As embalagens da Tetra Pak fazem parte do quotidiano dos portugueses de mais formas do que imaginamos. Seja durante o pequeno-almoço, onde o leite continua a ser um alimento essencial na mesa dos portugueses, ou nos sumos que acompanham uma refeição em família.

Foi em 2011 que esta multinacional de origem sueca começou a utilizar polímeros de origem vegetal para criar componentes das embalagens como tampas e películas protetoras.

“A nossa ambição é substituir totalmente os polímeros de origem fóssil por polímeros renováveis e/ou reciclados”, diz Ramiro Ortiz. “Para isso, investimos 100 milhões de euros, por ano, no desenvolvimento de novos materiais e novas tecnologias para atingir o objetivo de disponibilizarmos no mercado a embalagem para alimentos mais sustentável do mundo.”

Ramiro Ortiz revela também como a Tetra Pak tem trabalhado para unir as tampas às embalagens, para garantir que sejam recicladas juntamente. Outra das inovações desta multinacional passou pela introdução de palhinhas de papel, em substituição das de plástico: “Em 2019, fomos a primeira empresa a lançar palhinhas de papel na Europa.”

O grande desafio atual para a Tetra Pak, que conta com cerca de 140 colaboradores só em Portugal, é a sustentabilidade. É por isso que a empresa tem envidado esforços para transformar não só as embalagens, mas também os equipamentos que comercializa.

“O objetivo por um lado é o de reduzir os consumos de água e de energia, melhorando a eficiência dos equipamentos, por outro é essencial continuar a apostar na reciclagem das embalagens”, diz o diretor-geral da Tetra Pak Ibéria.

“Hoje, em Espanha, mais de 85% das embalagens são recolhidas, ao passo que em Portugal o número não ultrapassa os 36%. Estamos a inverter esta situação através de um trabalho contínuo, em conjunto com a Sociedade Ponto Verde, o governo português e os nossos próprios clientes – uma vez que estes são o nosso principal aliado no aumento deste valor”, revela Ramiro Ortiz.

Em Portugal, embora sejam feitas maioritariamente à base de cartão, as embalagens têm uma pequena película de plástico e alumínio e devem ser colocadas no ecoponto amarelo para garantir que são enviadas para os Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRUS), com os quais a Tetra Pak tem desenvolvido vários projetos para aumentar a recolha, sendo depois separadas e encaminhadas para reciclagem em Espanha.

“O nosso principal objetivo é aumentar a recolha das embalagens em Portugal para criar uma massa crítica que permita termos a nossa própria fábrica de reciclagem em Portugal”, defende Ramiro Ortiz.

“Hoje, as embalagens que são recolhidas vão para Espanha para serem recicladas lá, mas, se tivéssemos uma recolha mais eficaz em Portugal, poderíamos ter uma indústria local e, com isso, melhorar os custos de reciclagem. Porque no final, claro, precisamos de ter uma reciclagem sustentável. Não só do ponto de vista ambiental, mas também sustentável em termos financeiros”, remata.

Por esse motivo, a Tetra Pak tem um programa-piloto que vai testar diferentes sistemas de recolha, com o objetivo de perceber qual é que se adapta melhor à realidade portuguesa. “O maior desafio é esse, aumentar a recolha.” Se em Portugal o número de embalagens recolhidas não ultrapassa os 36%, o objetivo da Tetra Pak passa por fazer crescer essa percentagem durante a próxima década.

“Pretendemos alcançar os 70% até 2030, e antes disso, até 2025, chegar a 60% de embalagens recolhidas localmente. Do que precisamos, em Portugal, é de aumentar as taxas de recolha”, reforça. Para garantir que as embalagens sejam recicladas e não incineradas ou depositadas em aterro sanitário, com consequências nefastas para o meio ambiente, a chave passará por ter bons e eficientes sistemas de recolha a nível nacional.

Volta o tema da massa crítica: “Tendo volume, consigo ter uma recicladora local em Portugal, que, por outro lado, geraria procura, que, por sua vez, conduziria a termos mais infraestruturas de reciclagem.”

O compromisso não pode ser só da empresa que produz e vende. Tem de ser de toda a sociedade. A começar no consumidor, para que saiba sempre que o lugar da embalagem da Tetra Pak é no ecoponto amarelo.

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