No habitual espaço de comentário semanal, no Jornal da Noite, da SIC, Luís Marques Mendes, a propósito dos juros na zona Euro, destacou a discrepância entre os juros pagos pelos contribuintes pelo crédito à habitação e os juros pagos pelos bancos aos contribuintes pelos depósitos.
“Os bancos estão em Portugal a ter uma tendência oposta à da Europa, com juros dos depósitos muito baixos e juros dos empréstimos à habitação mais altos do que a Europa”, apontou Marques Mendes que mostrou dois gráficos, com dados do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu, que ilustram o que afirmou.
No primeiro gráfico, alusivo aos juros da habitação, Marques Mendes sublinha que os 3,86% de juros praticados colocam Portugal como o oitavo país da Zona Euro com juros mais altos, algo que leva a que as “pessoas [estejam] a ser prejudicadas e [os] bancos [estãejam] a serem beneficiados”.

No domínio dos depósitos, Marques Mendes exibiu um segundo gráfico que deixa patente que os juros em Portugal pagos pelos bancos aos seus depositantes são mais baixos do que os vigentes na Zona Euro, com Portugal a figurar mesmo no penúltimo lugar, tendo apenas atrás de si o Chipre.
Portugal oferece uma média de 0,90%, bem longe dos 2,77% da França.

Pesados estes dois pratos da balança, o cenário criado é “bom para os bancos, mau para as pessoas”, conclui o analista da SIC, para quem “isto é um bocadinho difícil de compreender”.
Nos depósitos, os bancos nacionais são, na zona Euro, dos que pagam os juros mais baixos aos seus depositantes. E são os que exigem juros mais altos no crédito à habitação.
Marques Mendes considera, de resto, que estes diferentes pesos, podem gerar um “problema de natureza ética e social”.
“Quando os bancos estão em dificuldades, pedem a ajuda do Estado; o mesmo é dizer que os contribuintes lhes emprestam dinheiro. Depois, quando há lucros, [os bancos] tentam puxar o mais possível pelos lucros. É bom haver lucros, sem dúvida; exagerar, começa a levantar um problema social e ético. Depois, [os bancos] não se queixem que as pessoas se queixem dos bancos – e com razão”.