Em entrevista à FORBES, Kenneth Hogrefe, fundador e director-geral da Tech Africa, mostra-se confiante com o aumento de utilizadores da sua plataforma, mas alerta para a regulamentação da venda online que está a ser preparada pelo governo. “É um ponto especialmente importante para nós e temos estado na linha da frente para tornar a Internet angolana mais segura”.
O CEO da Tech Africa revela que, no caso da Angocasa e Angocarro, que totalizam 1 milhão e meio de visualizações por mês desde o início deste ano, tem apostado na segurança e na transparência. “O nosso processo de validação é rigoroso, assim como o padrão de qualidade que definimos para os anúncios publicados. Preferimos ter menos volume de anúncios, mas mais segurança e qualidade”, assegura.
A título de exemplo, Kenneth descreve o caso de um ex-concorrente seu, o OLX Group, um líder global de plataformas de classificados online que está presente em 45 países, que não conseguiu sucesso em Angola e fechou o negócio em 2019.
“O OLX sentiu grandes problemas relativamente à confiança dos utilizadores em diversos países africanos, uma vez que os problemas relacionados com anúncios falsos e burlas aumentaram de forma significativa”, considerou o também membro fundador da Câmara de Comércio Escandinava em Angola, que fixou residência na província de Benguela.
No que diz respeito a plataformas de anúncios online, Kenneth Hogrefe identifica três principais desafios para o mercado angolano: baixa taxa de penetração de Internet e ainda reduzida e não homogénea em todo o território. A qualidade das ligações à Internet existentes em Angola também necessita de melhorias substanciais, por forma a tornar a experiência de navegação e utilização mais proveitosa. A ausência de métodos de pagamento adequados ao ecossistema digital, bem como a necessidade de dedicar bastantes recursos para manter as plataformas fidedignas e confiáveis.
Marco de 11 mil utilizadores atingido
Segundo o empreendedor dinamarquês, a Tech Africa detém actualmente quatro plataformas de classificados online, nomeadamente Angocasa, Angocarro, Quitanda e Boa Estadia, que no total registam mais de 11 mil vendedores.
Kenneth Hogrefe avança que a Angocasa, que funciona desde 2015, é a primeira aposta da Tech Africa e é considerada uma das maiores referências no continente. Este site foi recentemente considerado “um dos melhores portais imobiliários de África”, pela plataforma especializada Online Marketplaces – Property Portal Watch.
O fundador da AngoCasa explica: “Somos uma empresa que anuncia imóveis de agências imobiliárias e de proprietários privados em Angola e em outros países. Contamos com parcerias com as maiores agências imobiliárias e construtoras que actuam no mercado nacional”.
Conta ainda que a Tech Africa foi construída durante a recessão financeira, numa altura que as empresas começaram a ser obrigadas a limitar os seus orçamentos de marketing.
Esse facto levou a que as empresas apostassem em soluções capazes de providenciar mais resultados, o que gerou um crescimento positivo das plataformas de classificados como a Angocasa e Angocarro. “O valor que oferecemos é ideal para ajudar as empresas durante um período de recessão financeira, uma vez que oferecemos resultados de marketing efectivos e mesuráveis para os sectores imobiliário e automóvel” fundamenta.
O também membro fundador da Câmara de Comércio Escandinava revela que “estamos a assistir a um grande interesse das empresas tradicionais de outras áreas, que desejam adaptar-se ao digital e alavancar os seus negócios. Estas empresas estão a tornar-se nossas parceiras, anunciando os seus produtos e serviços através dos nossos portais”, assegura.