Paulo Rangel: “Europa terá que ser menos exigente em futuros acordos comerciais”

A Europa deverá ter que ceder mais em futuros acordos comerciais com outras áreas geográficas: esta foi uma das principais ideias lançadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, na segunda edição do EuroAmericas Forum, que decorre esta segunda-feira na Nova SBE, em Carcavelos, e que conta com o JE e a Forbes como media…
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Se o acordo comercial com o Canadá tem sido um sucesso, o Mercosul custa a sair da gaveta. O ministro dos Negócios Estrangeiros sugeriu esta quarta-feira, no âmbito do evento EuroAmericas Forum, que futuros acordos comerciais deverão merecer menos exigência por parte dos países europeus.
Economia

A Europa deverá ter que ceder mais em futuros acordos comerciais com outras áreas geográficas: esta foi uma das principais ideias lançadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, na segunda edição do EuroAmericas Forum, que decorre esta segunda-feira na Nova SBE, em Carcavelos, e que conta com o JE e a Forbes como media partners.

O governante, que também ocupa um lugar na direção do Conselho da Diáspora Portuguesa, que dinamiza este evento, realçou a retração “legítima” dos EUA em termos comerciais, algo que introduziu “um fator de algum ceticismo”, num contexto em que fomos educados que a abertura comercial “era um fator saudável”.

Paulo Rangel deu o exemplo do acordo europeu com o Canadá: “É um sinal de esperança e é um modelo daquilo que devem ser os acordos comerciais no futuro: é o que mais protege o ambiente e os direitos dos trabalhadores”.

“Com esta retração comercial, admito que tenhamos que ser menos exigentes em futuros acordos comerciais para responder a uma vaga de retração no comércio mundial. O Mercosul é um exemplo: se chegarmos a dezembro sem um acordo será um rotundo falhanço”, destacou.

Ainda do ponto de vista comercial, e falando numa vertente mais tecnológica, Paulo Rangel defendeu que se o eixo atlântico quer impor-se, terá que apostar na liderança em termos de tecnologia, algo que passa naturalmente pela Inteligência Artificial. E na IA, o ministro dos Negócios Estrangeiros acredita “algum atraso pode ser uma vantagem”.

O governante deu o exemplo da indústria automóvel para dizer que “apostar tudo na mobilidade elétrica é errado” e que “devíamos pensar daqui a 15 ou 20 anos e apostar no hidrogénio, em vez de andar atrás do prejuízo e da competitividade da China”.

Num salto para a política, Paulo Rangel considera que o espaço euro americano é o ambiente natural da democracia mas a Europa está repleta de sistemas democráticos “envelhecidos”. “A democracia direta é o caminho para a ditadura. A participação levada a um certo limite paralisa a democracia. É preciso uma democracia sustentada numa era tecnológica e de prevalência da IA”, alertou.

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