Os Play – Prémios da Música Portuguesa estão de volta para a sua 6.ª edição. A entrega de prémios está marcada para a próxima quinta-feira, 16 de maio, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Mas antes de os artistas subirem ao palco, a Forbes falou com Paulo Carvalho, diretor geral, sobre a história da premiação, os planos para a edição deste ano e a indústria da música.
Que balanço faz das cinco edições dos Prémios Play até hoje?
Estes prémios são uma aventura porque nós de facto não quisemos copiar uma forma de fazer os prémios e o concurso. Começámos do rascunho. Em relação ao concurso, sentimos que tem evoluído muito tem-se tornado um concurso mais justo. Do ponto de vista do programa, é um evento cada vez mais maduro, obviamente a experiência tem-nos trazido a capacidade de, na nossa perspetiva, melhorar o conteúdo do programa que fazemos. Daí que talvez também quer os resultados, em termos de audiência, de clipping de media, também têm sido resultados sempre em crescendo, o que nos deixa muito satisfeitos. Sobretudo em relação às audiências de TV, pois sabemos que as audiências de TV têm perdido o número de pessoas e nós temos estado em contraciclo, o que nos deixa muito contentes.
Porque consideraram necessário criar uma premiação como esta em Portugal?
Quando apresentei esta ideia à Audiogest e à GDA, e conseguimos avançar com os prémios em definitivo, tive centenas de pessoas que me disseram ‘isto já fazia falta’. E claro que sim, claro que fazia falta no sentido em que nós assumimos os Play como uma festa da música portuguesa. É um momento de reunião dos artistas, dos produtores, dos técnicos, agentes, managers, editores, todos numa mesma sala. Nomeamos mais de 50 artistas por ano, damos-lhes espaço de comunicação e publicidade, isto para culminar com o grande objetivo que é a promoção da música portuguesa, em Portugal e fora. É um instrumento de promoção.
Qual é a expetativa para a 6.ª edição esta semana?
Nesta altura tudo são expetativas porque é um evento muito complexo, tem centenas, talvez milhares de pormenores de coisas que têm de correr bem. É um programa em direto de quase três horas e agora já passámos a atenção a todos os pormenores do programa. A expetativa é boa, é que este venha a ser o melhor programa de sempre, é isso que nós queremos, que com mais um ano de experiência isso possa acontecer.
Alguma coisa que possa adiantar sobre o dia da gala?
Por agora ainda não. Eu penso que isto é uma gala que acaba sempre por surpreender, quanto mais não seja pelos prémios, pelas vitórias. Por vezes as vitórias não são assim tão óbvias. Nós temos uma academia com 235 pessoas a votar e por vezes podem haver surpresas. O outro lado, das atuações, esperamos que possam surpreender as pessoas porque temos uma equipa muito grande a trabalhar no dia-a-dia para que sejam atuações com impacto.
Porque é que foi importante reunirem diferentes géneros?
Nestes prémios o que tentamos é cada vez mais inclusão. Ou seja, queremos que isto também seja um retrato da música portuguesa. E é nesse sentido que inclusivamente este ano alargámos ainda mais o número de categorias, criámos mais uma categoria: o prémio da música ligeira e popular. Queremos que cada vez mais seja um retrato da produção musical em Portugal.
E porque é que foi importante incluir a categoria da lusofonia?
É desta relação de séculos com os países lusófonos. Sentimos que temos esta coisa boa da nossa língua em comum. Estamos a falar de um universo muito maior do que o próprio Portugal e é nesse sentido que desde a primeira edição achámos muito importante ter o prémio da lusofonia.
Vocês têm também a categoria revelação, quais são as maiores histórias de sucesso que saíram dessa categoria ao longo dos anos?
Várias e não me cabe a mim se calhar estar a salientar os sucessos que podem ter existido ou não. O que acreditamos, e não só com esta categoria, mas com muitas outras, é que os artistas, as editoras, os seus agentes, os managers, usam estas nomeações e vitórias em seu benefício. Obviamente que um artista que é nomeado numa determinada categoria ou que venceu uma determinada categoria usa isso no seu dia-a-dia. Para a venda de concertos, para tentar conseguir uma editora melhor, para conseguir condições melhores aqui ou ali. Isso é também um dos objetivos que nós temos, dar uma ferramenta que possa facilitar ou acelerar o trajeto profissional dos artistas.
Tem alguma história de bastidores que possa contar?
Eu costumo dizer que a história mais engraçada de bastidores que eu tenho é quando falo do número de pessoas que no dia do evento está nos bastidores. As pessoas ficam surpreendidas. Nós nesse dia temos qualquer coisa como 600 entradas só no backstage, estão a trabalhar 600 e tal pessoas nesse dia no Coliseu, uma boa parte delas que não são visíveis. É uma máquina grande e complexa, e acho que essa é a maior curiosidade porque as pessoas têm tendência a achar que seria com menos pessoas. Mas não, é uma máquina grande, complexa, alegre, vibrante que está no backstage dos Play.
O que mudou na indústria para que o consumo de música portuguesa esteja, agora, a aumentar?
Acho que deverá haver muitos fatores que conjugados permitem isso. O primeiro fator, e quanto a mim o mais importante, é que os artistas, através das suas agências, managers e editoras, cada vez estão a produzir mais e melhor. O que acontece é que ao produzir mais e melhor e com a facilidade que existe hoje em dia em colocar os seus produtos disponíveis em plataformas digitais, faz com que naturalmente o público tenha tendência a ouvir e consumir música portuguesa. Eu diria que também a digitalização criou uma democratização em termos do acesso à produção musical. Hoje em dia um miúdo do interior do país pode estar a fazer algo da mesma forma que alguém que está na cidade de Nova Iorque. Isso torna-nos mais iguais, eu diria que é uma democratização que acontece e que faz com que a produção da música portuguesa possa ombrear com muitas outras. Claro que depois existem máquinas de produção e tudo mais que obviamente amplificam os sucessos, mas diria que em relação à música portuguesa é de facto mais e melhor e as pessoas acabam por aderir.
Há coisas que são urgentes mudar nesta indústria?
O que sinto, e o que é de alguma forma público, é que as plataformas têm de aumentar a sua contribuição em relação aos artistas. Isto porque as plataformas ainda ficam com uma grande parte dos lucros do negócio da música. Isso é o que eu ouço falar genericamente. Percebo que é um caminho, já foi diferente, agora as coisas já estão melhores, mas podem sempre melhorar porque obviamente os artistas precisam da sua remuneração para continuar a produzir música.