A escritora moçambicana Paulina Chiziane vai receber esta sexta-feira o Prémio Camões, atribuído em 2021, numa cerimónia a decorrer no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa.
A entrega do galardão acontece 10 dias depois da cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque, vencedor em 2019, que decorreu no Palácio Nacional de Queluz, em Sintra.
O prémio tem o valor pecuniário de cem mil euros, assumido em partes iguais pelos governos de Portugal e do Brasil.
Paulina Chiziane é a primeira mulher africana a receber Prémio Camões, galardão de maior prestígio da língua portuguesa.
Em 2020, o Prémio Camões foi para o escritor e ensaísta português Vítor Manuel de Aguiar e Silva, que viria a morrer em 2022 sem o receber, e em 2022, para o poeta e romancista brasileiro Silviano Santiago.
Para o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, “a entrega do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane é um momento de enorme significado e enorme simbolismo para a cultura em português. É a primeira mulher negra a receber aquele que é o prémio de maior prestígio da língua portuguesa”.
O júri referiu a importância que Paulina Chiziane dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana, e sublinhou o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes.
Após receber a distinção, Paulina Chiziane dedicou o prémio às mulheres, considerando que este serve para valorizar o papel das mulheres numa altura em que o seu trabalho ainda é subvalorizado.
Trajeto de Chiziane
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou linguística em Maputo. Atualmente, vive e trabalha na Zambézia.
Ficcionista, publicou vários contos na imprensa. Publicou o seu primeiro romance, “Balada de Amor ao Vento” (1990), depois da independência do país, que é também o primeiro romance publicado de uma mulher moçambicana.
“Ventos do Apocalipse”, concluído em 1991, saiu em Maputo, em 1993, como edição da autora e foi publicado em Portugal, pela Caminho, em 1999, antecedendo “Balada de Amor ao Vento”, em Portugal, pela mesma editora, em 2003.
A Caminho possui os títulos da autora publicados em Portugal: “Sétimo Juramento” (2000), “Niketche: Uma História de Poligamia” (2002), “O Alegre Canto da Perdiz” (2008).
Da sua obra fazem igualmente parte “As Andorinhas” (2009), “Na mão de Deus” e “Por Quem Vibram os Tambores do Além” (2013), “Ngoma Yethu: O curandeiro e o Novo Testamento” (2015), “O Canto dos Escravos” (2017) e “O Curandeiro e o Novo Testamento” (2018).
Atribuído anualmente desde 1989, este é o maior galardão no âmbito da literatura em língua portuguesa. O nome do prémio é uma homenagem ao poeta português Luís Vaz de Camões, considerado o maior escritor da história da língua portuguesa.
* com agência Lusa