Patrícia Mamona: “Somos invencíveis se acreditarmos que somos invencíveis”

Filha de pais angolanos e natural de Lisboa, Patrícia Mamona é um dos grandes nomes do atletismo em Portugal. Em 2021, devido ao adiamento da competição em 2020, subiu ao pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde venceu a medalha de prata. É presença assídua em competições internacionais, como os Europeus, onde chegou por duas…
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Durante a Forbes Women's Summit, Patrícia Mamona refletiu sobre os aspetos que moldaram a sua carreira no atletismo e a levaram ao topo da modalidade a nível nacional e internacional.
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Filha de pais angolanos e natural de Lisboa, Patrícia Mamona é um dos grandes nomes do atletismo em Portugal. Em 2021, devido ao adiamento da competição em 2020, subiu ao pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde venceu a medalha de prata. É presença assídua em competições internacionais, como os Europeus, onde chegou por duas vezes à medalha de ouro, ou os Mundiais.

Na primeira edição do evento Forbes Women’s Sumit, a atleta refletiu sobre a questão “até que ponto somos todos invencíveis?”. Para Patrícia Mamona a resposta é simples: “Somos invencíveis se acreditarmos que somos invencíveis”.

Com uma carreira de cerca de 20 anos, e com a certeza de que faz realmente aquilo que gosta, a portuguesa escolheu o momento para identificar os aspetos que a levaram ao lugar onde está hoje.

“Oportunidades. Acho que trabalhei muito, mas também tive alguma sorte no percurso. Tive oportunidades que definiram o meu caminho. Apareceram no sítio certo, na hora certa”. Essas oportunidades foram desde o momento em que o seu treinador de sempre a encontrou, se juntou ao seu primeiro clube e se tornou federada, o convite do Sporting, ou quando conseguiu ir para os EUA e conciliar os estudos com a modalidade. “Tive uma oportunidade que foi essencial para a minha escolha no triplo salto. Eu queria fazer medicina e em Portugal era praticamente impossível estudar medicina e ser atleta. Nessa altura estava a pensar desistir do atletismo e recebi um convite para ir estudar para os EUA. Eles tinham um programa próprio para formar atletas e para conseguir conciliar as duas áreas. Isto aconteceu quando mais precisava”, afirmou.

Depois, a noção de que mesmo tendo estas oportunidades, poderia criar as suas. Até porque “ser atleta de alta competição não é só treinar”.

“Em 2012 fui aos Jogos Olímpicos em Londres e estava com o meu super ego de que ia à final olímpica. Às 9h da manhã estava o estádio completamente cheio e a primeira reação que tive foi tremer. Não sabia gerir aquelas emoções porque não tinha trabalhado a parte emocional, que era fundamental. Trabalhei quatro anos para aquele momento e tudo aquilo que eu tinha treinado desapareceu. Percebi que para ser uma atleta mais excecional existiam coisas que tinha de mudar”, disse Patrícia Mamona.

Depois do lado mental, percebeu que outras coisas não estavam adequadas naquele momento: nutrição, alguns aspetos técnicos. A atleta sabia que estava na hora de mudar. Foi aí que a sua equipa cresceu e se juntaram a ela profissionais de várias áreas, desde os nutricionistas, aos biomédicos, passando por psicólogos, treinadores de comportamento e fisioterapeutas. “Tive de ser muito proativa a procurar este tipo de pessoas. Veem a Patrícia Mamona que ganha medalhas, mas por trás está um grupo de pessoas que merecem reconhecimento”, defendeu. O resultado ficou claro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde se sentiu uma atleta completamente diferente daquela que foi em Londres.

Os desafios foram outra presença assídua na sua carreira. Um dos mais recentes é familiar a todas as pessoas: a covid-19. Depois de testar positivo e passar por um longo processo de recuperação, pensou que teria de desistir do resto da época. Mas não o fez.

“Descobri nessa altura que tinha capacidades que nem eu conhecia. Acabei por ser campeã da Europa. Achei que o covid-19 ia estragar esse momento, mas não estragou”, disse.

E por fim, a intuição. A certeza que teve sempre de que poderia conquistar algo no mundo do desporto. E conseguiu. Patrícia Mamona é um dos maiores nomes do atletismo nacional e internacional.

“Todos aqueles que têm um objetivo, um sonho, se acharem mesmo que são capazes não desistam. Não tenham medo de errar. Sejam pacientes e persistentes. A persistência leva à excelência”, concluiu.

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