O impacto da pandemia da Covid-19 nos diferentes negócios é incontornável, mas ainda assim é possível minimizar os eventuais efeitos negativos. Exemplo disso é a Casa Relvas, produtora de vinhos do Alentejo, que não só fechou 2020 com crescimento de vendas como arrancou o ano com o lançamento do seu primeiro vinho com Denominação de Origem Controlada.
A empresa agroindustrial aposta em quatro áreas de negócio. A principal é o vinho onde conta com 250 hectares de vinhas instalados em Vidigueira, Redondo e Évora. Depois tem o azeite, em que, explora 250 hectares de olival na Vidigueira. A área da floresta com grande parte do montado composto por sobro e azinho e algum pinheiro que estão dispersas pelas várias propriedades e mais uma na região de Alcácer do Sal. E gado ovino espalhado um pouco por todas as propriedades da Casa Relvas.
Em entrevista à FORBES, o presidente executivo da Casa Relvas, Alexandre Relvas Júnior, garante que “em termos de negócio conseguimos atingir o budget e aumentámos as vendas em 2020. Atingimos o crescimento previsto à volta dos 8%”. A faturação da empresa agroindustrial atingiu, no ano passado, cerca de 15 milhões de euros.
Para este desempenho, Alexandre Relvas Júnior sublinha que “algum mercado externo serviu de almofada para suster a quebra no nacional”. E detalha que “houve mercados como Brasil, Rússia, Holanda que tiveram grandes crescimentos e que ajudaram a fechar o ano positivo”. Ainda assim, admite que Portugal, o maior mercado da produtora do Alentejo com um peso de cerca de 30% das vendas, “a quebra foi acentuada na ordem dos 15% a 20%”. Isto fruto do impacto negativo da crise que tem afetado mais o canal horeca.
O mercado externo vale cerca de 70% das vendas da empresa que, mesmo em ano de pandemia, abriu novos mercados de exportação como Cazaquistão e Israel que já estavam no radar. Alexandre Relvas Júnior admite que as oportunidades de crescimento no mercado externo são maiores. No entanto, lembra que “temos uma boa implementação no mercado nacional. Tirando o ano passado, os últimos dez anos foram de crescimento neste mercado”.
Primeiro vinho em nome próprio
Apesar de ainda se estar a viver sob a nuvem da pandemia, o CEO da Casa Relvas faz um primeiro balanço positivo deste início de 2021. “Até dia 1 de março as coisas estão a correr bem em termos de vendas. Estamos acima do ano passado”. De acordo com o gestor, nos dois primeiros meses do ano, “arrancamos a crescer 18%, já com o contributo do mercado nacional, uma vez que as grandes superfícies realizaram a primeira feira do ano com queijos e vinhos. Correu muito bem à Casa Relvas”.
Ainda que seja cauteloso quanto a fazer prognósticos para o desenrolar do ano, a mesma fonte assume que “sou positivo, acho que as coisas vão correr bem e que a maior parte da população vai ser vacinada. Mas ainda há muitos ‘ses’ para enfrentar”.
Certo é que a empresa irá apostar sempre em fazer coisas novas como o lançamento do primeiro vinho com Denominação de Origem Controlada (DOC), com sub-região. A marca Casa Relvas DOC Redondo, nas palavras do gestor, “é um vinho especial para nós porque o Redondo foi a região do Alentejo que nos acolheu e, só nesta fase da nossa vida, é que nos sentimos a conhecer a região de forma a poder fazer um vinho que faça jus a esta denominação de origem tão especial”. É o primeiro vinho lançado em nome próprio, Casa Relvas e cujas castas usadas são Aragonez, Trincadeira e Castelão.
Nova aposta no azeite
Na área do azeite, já este ano, a empresa adotou um passo importante ao começar a engarrafar o produto quando até aqui vendia todo a granel. “Começámos a engarrafar as primeiras garrafas com a marca Segredos de São Miguel e ART.TERRA”, avançou o CEO da empresa agroindustrial. “Acredito no azeite do Alentejo, embora seja um mercado mais complexo do que o do vinho. Mas penso que é um negócio, em que, a Casa Relvas vai conseguir, nos próximos dois a três anos, faturar um a dois milhões de euros em azeite embalado”.
Se ao nível do negócio foi possível estancar perdas, o gestor não deixa de assumir que “todos sentimos o impacto da pandemia. Estão a ser momentos difíceis, sobretudo, em termos de recursos humanos e na forma como as pessoas têm vivido esta pandemia”.
Ainda assim, a Casa Relvas não baixou os braços em termos de segurança e colocou à disposição dos colaboradores os equipamentos de proteção como óculos, máscaras e luvas. Em termos de organização, Alexandre Relvas Júnior explicou que “fizemos equipas espelho, montámos um sistema de testes rápidos, primeiro quinzenal, e depois a cada três semanas com o consentimento dos colaboradores”.
O presidente executivo da Casa Relvas sublinhou que, para uma empresa agroindustrial com quase 100 pessoas há alturas difíceis de gerir a crise pandémica. Por exemplo, depois do Natal “todos os dias faltavam duas ou três pessoas que tinham estado em contato com alguém que poderia estar infetado. Isso, logicamente, destabilizou algumas equipas e setores da empresa”, detalha a mesma fonte.