Em 2020, o património gerido pela banca privada em Portugal ascendeu a 31,7 mil milhões de euros, o que representou um aumento de 2,6% face a 2019, de acordo com o Estudo Setorial da Informa D&B “Banca Privada”.
Apesar da pandemia da Covid-19 ter provocado uma “grande incerteza e volatilidade nos mercados financeiros na primeira metade do ano de 2020”, devido à “depreciação das carteiras e por importantes movimentos de desinvestimento”, o segundo semestre trouxe um reequilíbrio a esta tendência, destacam os analistas da Informa D&B: “A gradual normalização dos mercados permitiu a obtenção de rentabilidades positivas e uma revalorização dos ativos durante o segundo semestre do ano”.
Entre os principais fatores que contribuíram para o crescimento do volume de património gerido pela banca privada no ano passado estão o aumento da taxa de poupança das famílias, a qual foi “em parte canalizada para produtos financeiros”. Outro fator que a Informa D&B refere como tendo conduzido a um acréscimo do património foi a entrada de elevados patrimónios estrangeiros.
Projeções para 2021-2022
Olhando para o que aí vem, especialistas em análise de mercado perspetivam que “a recuperação da economia portuguesa em 2021, a maior confiança dos investidores e a elevada taxa de poupança continuarão a favorecer o crescimento da atividade da banca privada no biénio 2021-2022”.
Contudo, adverte a Informa D&B, os efeitos económicos resultantes da pandemia, “que perdurarão durante vários anos, e a possibilidade da entrada de mais instituições estrangeiras no mercado português antecipam um ambiente muito competitivo no setor”.
Quais as instituições que geram mais riqueza?
Fazendo um raio-X ao tipo de instituições que gere todo este património, a Informa D&B declara que a banca universal continua a deter a maior parte do negócio, concentrando cerca de 76% do património total, enquanto as instituições de banca especializada “atingiram uma quota de mercado próxima dos 23%, sendo o restante repartido entre outras entidades gestoras de patrimónios”.
O número de clientes ativos no setor ascendeu a 41 mil no final de 2020, situando-se o património médio por cliente em 773 mil euros.
“O número de clientes aumentou nos últimos anos, impulsionado pela crescente procura de assessoria e a intensa atividade comercial das entidades”, observam também estes consultores que perspetivam que o alargamento dos canais de comercialização e a adaptação dos serviços de banca privada à transformação digital serão outras das tendências que irão marcar as estratégias das instituições nos próximos anos.
Outro indicador interessante adiantado pelo Estudo Setorial da Banca Privada em Portugal da D&B é que as cinco principais entidades financeiras concentram 73,8% do património total. Se alargarmos esse olhar às dez principais entidades, a quota fica nos 89,4%.