O estilista espanhol Paco Rabanne morreu esta sexta-feira, aos 88 anos, na casa em que vivia em França. A informação já foi confirmada pelo grupo espanhol Puig, empresa dona da grife de vestuário e perfumes criada pelo designer, ainda que a causa do falecimento não tenha sido divulgada.
No Instagram, a Paco Rabanne colocou uma mensagem que homenageia o seu “visionário designer e fundador que faleceu hoje aos 88 anos. Faria 89 anos no dia 18 de fevereiro. Entre as figuras da moda mais seminais do XX, o seu legado permanecerá uma constante fonte de inspiração”.
A empresa reforça: “Somos gratos a Monsieur Rabanne por estabelecer a nossa herança de vanguarda e definir um futuro de possibilidades ilimitadas”.
Francisco Rabaneda Cuervo, o seu nome, nasceu em Pasaia, na província espanhola de Guipúscoa (no País Basco), em 1934, tendo deixado um legado que ultrapassa o universo da moda e das fragrâncias.

“Paco Rabanne tornou a transgressão magnética. Quem mais poderia levar as mulheres da moda parisiense a clamar por vestidos feitos de plástico e metal? Quem, senão Paco Rabanne, poderia imaginar uma fragrância chamada Calandre [lançada em 1969, n.d.r.] – a palavra significa ‘grelha de automóvel’ – e transformá-la um ícone da feminilidade moderna?”, aponta José Manuel Albesa, presidente da divisão de moda e beleza da Puig.
“Aquele espírito radical e rebelde diferenciava-o: há apenas um Rabanne. Com a sua morte, recordamos mais uma vez a sua enorme influência na moda contemporânea”, frisou.

Filho de uma costureira da Casa Balenciaga, Paco Rabanne mudou-se com a família para França, quando tinha apenas quatro anos, por causa da Guerra Civil espanhola, durante a qual o seu pai foi mortos pelos franquistas. Estudou arquitetura em Paris, mas logo se aventurou no mundo da moda.
Nos seus primeiros anos de atividade e para ganhar dinheiro, ele desenhou acessórios para estilistas como Givenchy (para esta insígnia criou botões e jóias), Dior e a próprio Balenciaga.
Os seus primeiros trabalhos assinados na década de 1960 (a sua primeira coleção com a sua marca data de 1966) surpreenderam pela utilização de materiais “não-tecidos” e inusitados, como papel reciclado, alumínio e plástico, montados com mestria e arame e cola.
De resto, os discos discos metálicos com que ornamentou peças de roupa valeram-lhe o epíteto de “o metalúrgico da moda”, um rótulo que lhe aplicado por Coco Chanel.
As icónicas túnicas metálicas que criou na sua primeira coleção , batizada de “12 Vestidos Inutilizáveis feitos com Materiais Contemporâneos”, foram impactantes.

Os seus desenhos também apareceram em filmes. Audrey Hepburn, em “Um Caminho para Dois” (1967), foi a primeira celebridade a envergar as criações metálicas na forma de vestido de Paco Rabanne.
Também foi o autor das roupas futuristas que Jane Fonda usou em “Barbarella” (1968), as quais foram uma bandeira da chamada “Era Espacial na moda”.

Os designs por si criados foram vestidos por estrelas como Brigette Bardot, Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor, entre muitas outras personalidades.
Também são de Paco Rabanne os looks criados para o filme “Casino Royale”, de John Huston (1967).

Criativo, foi o primeiro estilista a apresentar um vestido de chocolate, o que aconteceu em outubro de 1998.
Os vestidos foram acompanhados pela conceção de acessórios igualmente futuristas, caso de bolsas compostas por discos metalizados.

Em 1999, o estilista aposentou-se oficialmente.
Julien Dossena, diretor criativo que atualmente lidera a Paco Rabanne, tem continuado o carismático legado do mestre, com peças claramente com o carimbo desta casa de alta Costura.
Entre as atuais divas do mundo pop que veste Paco Rabanne conta-se a cantora Taylor Swift que utilizou recentemente o icónico vestido Paco Rabanne, criado por Julien Dossena, para um concerto, a propósito do seu mais recente lançamento, “Anti-hero”.

Referindo-se à figura de Paco Rabanne, Julien Dossena, deixa um rasgado elogio: “Obrigado Mr. Rabanne,
Obrigado por ser um costureiro que definiu uma nova modernidade e acompanhou uma revolução cultural. Um artista total que, através da expressão da sua utopia pessoal, tem contribuído para mudar a visão do mundo. Obrigado por este legado”.