A chegada da Uber a Portugal há sete anos revolucionou, de alguma forma, o transporte de passageiros?
Quando começou em Portugal a Uber era sobretudo uma alternativa às formas existentes de mobilidade, mas rapidamente esta alternativa veio desafiar o próprio conceito de mobilidade urbana: cada vez mais os portugueses fazem contas para perceber se faz sentido ter um carro, pagar por lugares de estacionamento ou até tirar a carta de condução. Isto só é possível porque as pessoas encontraram na Uber uma alternativa segura, fiável e sobretudo económica para viajarem dentro das cidades portuguesas. É importante também lembrar que esta “revolução” aconteceu também do lado dos parceiros e motoristas: a Uber veio criar um conjunto de oportunidades económicas que são muito importantes para ajudar várias famílias com uma fonte adicional de rendimento ou até a ultrapassar momentos de crise.
Mas essa entrada foi também envolta nalguma polémica. Já venceram esses constrangimentos?
É normal que exista alguma fricção quando aparece uma alternativa inovadora e disruptiva que desafia o estado normal das coisas. Para nós foi claro, desde muito cedo, que os portugueses queriam a Uber em Portugal e é nisso em que sempre estivemos focados: servir os nossos utilizadores, motoristas e parceiros. Por eles continuaremos a ultrapassar as barreiras que forem necessárias para continuar a escrever a história da Uber no nosso País. Até agora, e apesar de todas as barreiras que encontrámos, esta história tem sido uma história de sucesso e estou confiante que vai continuar a ser.
Quais os pontos-chave e apostas nestes anos de presença em Portugal?
Já falámos na importância de uma mobilidade segura, fiável e económica. Sabemos que os nossos utilizadores valorizam muito estes aspetos, mas não só. Desde que começámos em Portugal temos apostado também numa mobilidade sustentável. Por exemplo, em Portugal lançámos pela primeira vez no mundo o UberGreen que permite fazer viagens em veículos 100% elétricos e, desde aí, temos vindo a reforçar o nosso compromisso com a descarbonização da mobilidade nas cidades. Este produto já foi implementado noutros mercados depois de ter sido testado e expandido em solo português.
A transição energética e a adoção de medidas de sustentabilidade é cada vez mais uma realidade. Como é que a operação portuguesa está a cumprir com estas orientações?
A Uber em Portugal tem sido pioneira a nível mundial no que diz respeito à eletrificação das viagens: lançámos em 2016 o primeiro produto 100% elétrico, UberGreen. Desde aí já foram realizadas mais de sete milhões de viagens em veículos elétricos. No ano passado, em plena pandemia, anunciámos a expansão do UberGreen ao resto do País e limitamos a aceitação de novos veículos na aplicação a apenas veículos elétricos. Mais tarde, anunciámos globalmente o nosso compromisso com a sustentabilidade através do relatório SPARK! onde nos comprometemos a realizar 50% das viagens em veículos elétricos até 2025 e 100% das viagens em veículos elétricos até 2030. Temos também trabalhado em parcerias que nos ajudem a cumprir os nossos objetivos, como por exemplo a parceria com a start-up portuguesa PowerDot para infraestruturas de carregamento elétrico ou a parcerias com a Nissan e Leaseplan para acelerar o acesso a veículos elétricos.
Mas a aposta já não se cinge apenas às viagens…
Hoje somos muito mais do que apenas uma aplicação de viagens. Somos uma aplicação de mobilidade, onde os utilizadores podem não só pedir viagens, mas também planear uma viagem em transportes públicos em Lisboa, ou alugar uma trotinete da Lime. E somos também uma aplicação que coloca restaurantes, lojas de conveniência ou outro tipo de comércio em contacto com parceiros de entrega e utilizadores, através do Uber Eats. Queremos ajudar os portugueses a chegarem da melhor forma onde querem chegar, e a receber de forma segura o que precisam, no conforto das suas casas.
Em termos de legislação, o que falta mudar ou adotar em Portugal para que se possa melhorar a atividade?
A lei do TVDE é uma lei nova desenhada para regular um sector que não existia. Se por um lado é positivo que esta lei tenha sido aprovada, reforçado a vontade dos utilizadores que serviços como a Uber existam, por outro lado é normal que a versão da lei atual não cubra muitas especificações deste serviço que tem vindo a evoluir. Está previsto que o relatório do IMT esteja concluído no final do ano e do nosso lado temos vindo a partilhar os pontos que acreditamos que devem ser melhorados com o regulador. O importante é garantir que esta revisão tem como prioridade o interesse de todos os utilizadores – clientes e motoristas – e que continua a contribuir para o futuro da mobilidade em Portugal.
Quantas pessoas estão hoje afetas à atividade da Uber em Portugal?
Desde que lançamos, já foram feitos mais de três milhões de downloads da nossa aplicação em Portugal e estão atualmente registados no IMT cerca de 30 mil motoristas. Em Portugal temos cerca de 500 colaboradores dedicados às áreas de operações, marketing, comunicação e áreas de desenvolvimento e suporte.
Em termos financeiros como tem evoluído a operação portuguesa?
Sendo a Uber uma empresa cotada, os dados financeiros são públicos, mas em geral não entramos em detalhe por país. O que posso dizer é que a operação em Portugal é um caso de sucesso na Uber de forma global. Em relação ao futuro, as perspetivas são bastante positivas. Há um longo caminho a percorrer na mobilidade urbana em Portugal e nós ainda estamos a começar.
A pandemia afetou os diferentes setores. Na Uber, como se materializa este impacto?
O sector da mobilidade foi dos mais afetados pela pandemia. Durante o primeiro confinamento vimos reduções de quase 80% no nosso volume de negócios. Os casos de utilização mais afetados foram naturalmente as pessoas que usavam Uber para ir trabalhar, para ir para o Aeroporto ou para sair à noite. Esta redução de volume de negócios teve um impacto muito negativo na maior parte das empresas no sector e como resultado tivemos que tomar decisões difíceis como a redução de colaboradores no ano passado. Felizmente o País está a recuperar, a mobilidade acompanha a recuperação e, em breve, conseguiremos repor muitos destes postos de trabalho afetados.
Em termos de inovação, o que ainda se pode esperar para Portugal?
A inovação está no centro de tudo o que fazemos, por isso garantidamente que continuaremos neste caminho. Não podendo entrar em detalhe sobre projetos concretos, posso dizer que Portugal é visto internamente pela Uber como um mercado de sucesso onde a inovação é bem recebida. Por isso, ao longo destes últimos sete anos lançámos produtos inovadores em Portugal pela primeira vez, antes de os lançarmos no resto dos países onde operamos. Vamos continuar a investir no País, a criar oportunidades de emprego diretas e a criar oportunidades de rendimento para os nossos parceiros. Para o futuro, a linha que seguimos é muito clara: ser uma aplicação que permite tanto às pessoas chegarem a qualquer lugar da forma mais eficiente, como receber qualquer coisa de forma rápida no sítio onde estiverem da forma mais sustentável possível. Toda a nossa energia vai estar focada em concretizar este objetivo.