A Aptoide é um dos casos de sucesso do ecossistema nacional de start-ups. Ao fim de seis anos desde a sua fundação, Paulo Trezentos e Álvaro Pinto conseguiram criar um negócio que rivaliza com o gigante da Google. Mas agora decidiram mudar de rumo. E tudo por conta do fascinante universo das criptomoedas e da tecnologia blockchain, que já produziu os primeiros milionários, incluindo os dois fundadores da Aptoide.
Os chamados ICO (initial coin offerings, ou emissões de criptomoeda) são a nova moda do mundo digital. Trata-se de um mecanismo utilizado pelas empresas para se financiarem sem terem que despender qualquer percentagem de capital e a um custo baixíssimo. Os ICO ganharam particular popularidade em meados do ano passado, movimentando a partir daí valores nunca vistos no mundo inteiro.
A Aptoide, aproveitando as excelentes condições de mercado, agarrou a oportunidade no final do ano passado. Álvaro Pinto e Paulo Trezentos, fundadores da start-up portuguesa, apresentaram a AppCoin, uma moeda que, garantem, facilitará as transações na área de negócio da Aptoide: a compra e venda de aplicações.
Em apenas oito dias de Dezembro último, a Aptoide conseguiu alcançar em criptomoeda o equivalente a 11 milhões de euros. A somar ao valor colectado na pré-venda, que decorreu durante duas semanas em Novembro, o montante total ascende aos 13 milhões de euros – ou 60,12 mil Ethereums, a criptomoeda que denominou a emissão. Valor incomum – pela quantia generosa e pelo curto espaço de tempo em que foi obtida, em troca de moedas – ou tokens, no jargão da comunidade digital.
“A perspectiva da maioria das pessoas que contribuíram para este ICO é de vir a utilizar os serviços que nós nos propomos desenvolver. O facto de ser uma plataforma com visibilidade dá credibilidade ao projecto. E as pessoas acreditam no potencial do blockchain poder trazer melhores serviços para esta indústria. Foi com base nisso que compraram as suas moedas”, resume Álvaro.
Para se perceber a dimensão do ICO da empresa de Álvaro e Paulo, basta pensar que a Aptoide recorreu a duas rondas tradicionais de financiamento antes desta aventura digital: capital-semente e uma Série A. Nesta última angariou, em 2016, num consórcio composto por quatro fundos de capital de risco, apenas 3,3 milhões de euros. Bem abaixo do que conseguiram captar nesta emissão de criptomoeda.
A Farfetch, por exemplo, o único unicórnio português (empresa avaliada em mais de 1000 milhões de euros) conseguiu um financiamento de 3,1 milhões de euros em 2010 numa Série A, mas só angariou mais de 13 milhões de euros (o valor do encaixe do ICO da Aptoide) apenas dois anos mais tarde, e sempre junto do mercado de capitais tradicional, ao levantar numa Série B 14 milhões de euros.
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