A 20 de Dezembro de 2017, a Aptoide terminava aquela que foi a primeira emissão de criptomoeda efectuada por uma empresa com sede em Portugal. A Bitcoin, a moeda digital que atingiu valorizações astronómicas, não anda sozinha no éter: está sim acompanhada por centenas de novas moedas digitais, algumas criadas por start-ups , que estão a chegar ao mercado. É o caso da portuguesa Aptoide, que ao emitir a sua própria criptomoeda encaixou, em apenas três semanas, o equivalente a 13 milhões de euros.
Os chamados ICO (initial coin offerings, ou emissões de criptomoeda) são a nova moda do mundo digital. Trata-se de um mecanismo utilizado pelas empresas para se financiarem sem terem que despender qualquer percentagem de capital e a um custo baixíssimo. Os ICO ganharam particular popularidade em meados do ano passado, movimentando a partir daí valores nunca vistos no mundo inteiro. A Aptoide, aproveitando as excelentes condições de mercado, agarrou a oportunidade no final do ano passado. Álvaro Pinto e Paulo Trezentos, fundadores da start-up portuguesa, apresentaram a AppCoin, uma moeda que, garantem, facilitará as transações na área de negócio da Aptoide: a compra e venda de aplicações.
Mesmo antes desta operação, a Aptoide já era notada como um dos casos de sucesso do ecossistema nacional de start-ups. Fundada em 2011 através de um spin-off de uma tecnológica especializada em sistemas Linux, a Caixa Mágica, a Aptoide começou por registar um crescimento orgânico e acelerado: em 2013 já tinha uma vasta base de utilizadores que alcançava mais de 20 milhões de utilizadores únicos. Hoje, já são 200 milhões. Segundo Álvaro e Paulo, o objectivo é chegar aos 1000 milhões em 2020. E, ao que parece, não têm medo de competir com gigantes como a Google Play, concorrente directa na venda de aplicações para Android: “A inovação que traz mudanças no mercado existe porque empresas mais pequenas têm um produto que é de alguma forma disruptivo”, explica Álvaro à FORBES, na multicolorida sede da start-up, em Lisboa.
A “loja de aplicações” da Aptoide tem sido um sucesso. De acordo com as últimas contas disponíveis, em 2016, a empresa dos dois empreendedores facturou 3 milhões de euros. Mas Álvaro e Paulo não querem parar aqui. Querem crescer mais. E um dos passos para assegurar esse crescimento foi o ICO das AppCoins. O objectivo da nova criptomoeda é “mitigar as actuais deficiências inerentes [ao funcionamento] das app stores”, pode ler-se no whitepaper da Aptoide – uma espécie de prospecto – publicado antes da emissão. As AppCoins permitirão, numa fase inicial, transacções na plataforma e dentro das aplicações. Os dois fundadores esperam alargá-la a outras plataformas semelhantes. Defendem que esta criptomoeda tem uma enorme vantagem, apelativa para investidores: é a primeira emissão que serve uma comunidade tão vasta como a dos utilizadores da Aptoide.
Além de apostarem no ICO, os dois empreendedores estão a reformular a empresa de alto a baixo para investirem numa tecnologia indissociável da aposta na criptomoeda: blockchain. E o que é a blockchain, um dos novos credos da tecnologia contemporânea? Grosso modo, é uma tecnologia que tem subjacente a existência de um registo descentralizado. Em vez de ser apenas uma entidade a possuir o registo de transacções, todos os intervenientes estão na posse desse registo, em permanente actualização e sincronização. É um mundo novo que está a virar de pernas para o ar o ecossistema mundial de start-ups, ansiosas por não perderem este comboio. Apesar das dúvidas e dos riscos que envolve o novíssimo mundo das criptomoedas.
Desafios da criptomoeda
O furor internacional com a Bitcoin, uma das moedas digitais mais conhecidas e com valorizações astronómicas, faz com que muitos levantem os alarmes de “bolha” com explosão iminente do mundo das criptomoedas. A realização de ICO é uma tendência que acelerou de forma muito expressiva a partir de Abril de 2017, segundo o site Coindesk. Nesse mês, o valor global angariado através de ICO foi de 86 milhões de euros. Já em Novembro, o valor subiu para 618 milhões de euros. No total do ano passado, segundo o site especializado Coinschedule, o financiamento obtido através de emissão de criptomoeda alcançou os 3,1 mil milhões de euros repartidos por 235 ICO – uma média de 13 milhões para cada empresa. Apesar do crescimento explosivo de ICO pelo mundo fora, há muitas dúvidas no que concerne a este tipo de ferramenta de financiamento. “O facto de a Bitcoin estar a ter cada vez mais atenção e de o preço estar a subir faz com que seja mais atractivo para as empresas entrarem nesta área e emitirem as suas próprias criptomoedas”, explica Teunis Brosens, analista do banco ING especialista nesta área, à FORBES. “Do lado das empresas, muitas estão simplesmente a aproveitar a onda [para fazerem ICO]. Por outro lado, há investidores prontos a comprar tudo o que diz crypto”, contextualiza.
Em apenas oito dias de Dezembro último, a Aptoide conseguiu alcançar em criptomoeda o equivalente a 11 milhões de euros. A somar ao valor colectado na pré-venda, que decorreu durante duas semanas em Novembro, o montante total ascende aos 13 milhões de euros – ou 60,12 mil Ethereums, a criptomoeda que denominou a emissão. Valor incomum – pela quantia generosa e pelo curto espaço de tempo em que foi obtida, em troca de moedas – ou tokens, no jargão da comunidade digital. “A perspectiva da maioria das pessoas que contribuíram para este ICO é de vir a utilizar os serviços que nós nos propomos desenvolver. O facto de ser uma plataforma com visibilidade dá credibilidade ao projecto. E as pessoas acreditam no potencial do blockchain poder trazer melhores serviços para esta indústria. Foi com base nisso que compraram as suas moedas”, resume Álvaro.
O modelo do ICO é um modelo aberto, semelhante ao crowdfunding, pelo que “qualquer pessoa pode investir”, diz Álvaro. A Aptoide conseguiu convencer mais de 3 mil investidores, provenientes de todos os continentes, a apostarem na sua criptomoeda. Só no último dia da operação, dia 20 de Dezembro, três entidades adquiriram o equivalente a 8,5 milhões de euros em tokens, segundo o Etherscan, site com o registo de todas as transacções de criptomoeda baseada em Ethereum. Sobre a proveniência dos compradores, especial destaque vai para a Ásia, muito fruto do trabalho das delegações da empresa em Singapura e Shenzen, na China, dedicadas ao desenvolvimento de negócio numa zona em grande parte responsável pelo aumento de utilizadores da plataforma, explicam.
Para se perceber a dimensão do ICO da empresa de Álvaro e Paulo, basta pensar que a Aptoide recorreu a duas rondas tradicionais de financiamento antes desta aventura digital: capital-semente e uma Série A. Nesta última angariou, em 2016, num consórcio composto por quatro fundos de capital de risco, apenas 3,3 milhões de euros. Bem abaixo do que conseguiram captar nesta emissão de criptomoeda. A Farfetch, por exemplo, o único unicórnio português (empresa avaliada em mais de 1000 milhões de euros) conseguiu um financiamento de 3,1 milhões de euros em 2010 numa Série A, mas só angariou mais de 13 milhões de euros (o valor do encaixe do ICO da Aptoide) apenas dois anos mais tarde, e sempre junto do mercado de capitais tradicional, ao levantar numa Série B 14 milhões de euros.
Velocidade de cruzeiro
Quando em 2016 a Aptoide foi ao mercado financiar-se, conseguiu fazê-lo numa ronda liderada pelo fundo de capital de risco e.ventures, especializado em investir em empresas da área do mobile e de Internet de consumo. Nesta ronda, participaram também os fundos Portugal Ventures, Golden Gate Partners e Gobi Ventures. Foi um “namoro” moroso, que durou nove meses até à assinatura do contrato. “O levantamento de capital é sempre um processo muito difícil, que exige muito foco dos fundadores. Implica falar com os investidores, estabelecer uma relação de confiança e, a partir daí, as coisas tornam-se mais fáceis”, explica Álvaro. O co-fundador da Aptoide não considera que angariar dinheiro no mercado de capitais tradicional – neste caso, junto de fundos de venture capital – seja difícil, mas reconhece que “é um processo que leva o seu tempo, mesmo tendo um projecto de qualidade. Só o processo de due diligence da parte dos investidores “não se faz numa semana ou duas”, ironiza. Uma morosidade relativa que difere da maior facilidade em angariar dinheiro através de um ICO, dado ser uma ferramenta de financiamento que, como não é alvo de regulação específica, não tem de seguir obrigações legais, nem tem os custos inerentes a essas exigências, como a contratação de bancos. “Na sua expressão mínima, um amador conseguiria lançar um ICO implementando uma criptomoeda em cima do Ethereum [criptomoeda concorrente da Bitcoin que permite a criação de novas moedas baseadas na sua infra-estrutura] e, com pouco conhecimento técnico e usando manuais on-line, poderia ter a sua criptomoeda em menos de 24 horas. E também gastando dinheiro em Google AdWords para angariar ’investidores’, qualquer um o pode fazer”, considera Paulo Santos, fundador do portal Think Finance e autor de artigos sobre Bitcoin no popular site SeekingAlpha, dedicado aos mercados financeiros. À FORBES, o especialista diz que, partindo destes pressupostos, “um ICO será extraordinariamente mais barato, fácil e rápido de lançar do que qualquer outra alternativa de financiamento accionista ou obrigacionista tradicional.”
Paulo Santos é contundente em relação às perspectivas de futuro das criptomoedas: “O financiamento tradicional é extremamente regulamentado devido a esta realidade. Este financiamento via ICO vai mostrar o que aconteceria sem essa regulação. O resultado será que praticamente todos os ICO cairão em ruína completa”, antecipando que uma “percentagem surreal” de ICO, acima de 95%, “perderão a totalidade do seu valor.” Muitos tokens passarão a valer nada, garante. Já os venture capitalists como Tim Draper, sócio do fundo Draper Fisher Jurvetson – investidor em empresas emblemáticas como a Tesla de Elon Musk e na portuguesa Talkdesk, de Tiago Paiva -, acredita na massificação futura das criptomoedas. “O futuro será espinhoso, mas é-o sempre quando se trata de produtos revolucionários. O mundo irá adoptar a Bitcoin e os ICO aos solavancos”, explica à FORBES. Acredita que muitos comerciantes “irão querer aceitar Bitcoin em breve” nos pagamentos. Mas, como investidor, só aprova ICO de “start-ups que estejam a criar um ‘movimento’ através do qual tenham um grande número de seguidores que possam criar um mercado para os tokens a longo prazo”. O que parece ser o caso da Aptoide, com uma vasta base de utilizadores. Porém “muitas estão apenas a tentar captar capital barato”, alerta.
Dinheiro a troco de tokens
A entrada de investidores no capital pressupõe sempre a emissão de acções da empresa com diluição da percentagem pertencente aos fundadores – tal como aconteceu nas rondas de investimento prévias pelas quais a Aptoide passou. Em 2016, segundo o relatório de contas da Aptoide relativo a esse ano, a Portugal Ventures detinha 30% da empresa, ao passo que a e.ventures era dona de 15% – referenciando apenas os principais investidores. Mas com a nova forma de angariar capital que o ICO pressupõe, os investidores adquirem tokens baseados na infra-estrutura blockchain, cambiáveis por serviços dentro da plataforma. Não entram na estrutura de capital. Não são acções, não são obrigações, não são empréstimos, e não são compra de serviços puros – afinal, está a comprar-se uma moeda – que entrariam na componente da receita. São o quê? “A moeda não é um título”, esclarece Paulo Trezentos à FORBES. “Há algumas criptomoedas que são títulos, estão associadas a uma parte daquilo que aqueles fundos servem para comprar. Mas esta moeda não é uma security”, ou valor mobiliário, explica o co-fundador. E também por isso, os accionistas da Aptoide estão confortáveis e satisfeitos com a decisão de conduzirem um ICO.
À FORBES, fonte da Portugal Ventures defende que os ICO constituem “uma ferramenta complementar ao capital de risco, particularmente importante em ecossistemas empreendedores como o português onde o acesso a rondas de investimento muito elevadas é ainda limitado.” Já o líder da e.ventures, Jonathan Becker (um dos 30 jovens com menos de 30 anos da área financeira a ter em conta no futuro) defende que o ICO, e a criação da AppCoin, “era uma oportunidade única de criar um protocolo aberto que a Aptoide aplicará na sua base de utilizadores já existente, que todos podem adoptar”, garante à FORBES.
No mundo digital, a negociação dos tokens no mercado secundário é um dos elementos mais atractivos para muitos investidores. A emissão original da Aptoide aos investidores foi de 160 milhões de tokens, num total de 450 milhões existentes. No início de Janeiro, a Aptoide começou a cotar numa bolsa, a Binance. O valor das AppCoins disparou nos primeiros dias de negociação: dos 0,10 dólares do preço de venda, a cotação no dia 10 de Janeiro rondava os 2,95 dólares (cerca de 2,46 euros) por token, numa valorização de 2850%. Para criar confiança no mercado secundário, a start-up anunciou que “queimou” – isto é, eliminou – os tokens não vendidos, como quem seca o mercado para aumentar o valor do dinheiro. Estavam assim em circulação no dia 10 de Janeiro 98 milhões de tokens, num total de 246 milhões existentes, segundo anunciou a empresa na conta de Twitter dedicada à criptomoeda.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esclarece, num alerta publicado no final de 2017, que, em alguns casos, os ICO podem ficar de fora do espaço regulado ao não se qualificarem como securities. O que faz com que os investidores não usufruam da protecção que a lei lhes dá quando se trata de valores mobiliários. Alerta ainda que este tipo de investimentos representa riscos. Os negócios que se pretendem financiar costumam estar “em fase inicial de desenvolvimento e os seus modelos de negócio [costumam ser] experimentais”, dizem. A morosidade na convertibilidade em outras moedas e alta volatilidade também são apontadas pelas autoridades, referindo-se às dificuldades no câmbio através da blockchain e a esquemas de valorização artificial das criptomoedas nas exchanges como o pump and dump (compras massivas organizadas nas redes sociais com vista a provocar uma subida da cotação para vender posteriormente, num curto espaço de tempo). A possibilidade de ICO desonestos, com objectivo de financiar actividades ilícitas ou lavagem de dinheiro – sendo que as criptomoedas, pelo facto de serem anónimas, são espaço privilegiado para este tipo de transacções – também é apontada pela CMVM.
Aposta na blockchain
Um dos elementos-chave da AppCoin será a criação de uma fundação que irá gerir os fundos captados no ICO, independente da gestão da Aptoide. Uma espécie de instituição sem fins lucrativos que assegura aos investidores o bom uso das verbas e que garante a independência do desenvolvimento da criptomoeda. “O protocolo AppCoins é um protocolo aberto. Vai ser adoptado pela Aptoide, mas pode ser adoptado por todas as empresas de todo o mundo que quiserem utilizar a tecnologia”, explica Álvaro. À semelhança de outras start-ups que escolheram o caminho da fundação, estão a ponderar instalá-la na Suíça, país onde estão sediadas cada vez mais empresas dedicadas à blockchain, mas “ainda estamos a discutir onde”, asseguram.
Quanto à gestão dos milhões angariados no ICO, a Aptoide pretende, nos próximos três meses, converter cerca de 50% a 70% do encaixe alcançado em Ethereums em moeda fiduciária – isto é, dólares, euros ou outra moeda das antigas. Não ficarão excessivamente “longos” em criptomoeda. Além de que assim se podem defender da volatilidade da criptomoeda Ethereum – as necessidades do mundo tangível assim o exigem. “Temos necessariamente de fazê-lo. A Aptoide tem uma estrutura, vai contratar mais pessoas especializadas na área de blockchain. Tem um investimento que passa por pagar uma série de coisas que são pagas em moeda fiduciária”, como salários, explica Álvaro.
O ICO teve como objectivo final dar o tiro de partida para uma grande mudança na estratégia da Aptoide. O propósito do encaixe, além de permitir investir no desenvolvimento da tecnologia das AppCoins, vai ajudar a mudar a forma como a Aptoide opera, num autêntico pivot para a blockchain. “É como se continuássemos a desenvolver carros, mas o motor, em vez de ser de combustão, é um motor eléctrico. A blockchain é a tecnologia, não é o objectivo do nosso negócio. O nosso objectivo será sempre fazer uma app store”, concretiza Paulo Trezentos.
A blockchain é um conceito altamente técnico que se pode descrever como sendo uma espécie de registo completo e descentralizado de todas as transacções efectuadas num determinado sistema. “Começámos a perceber que há problemas no mercado das aplicações que poderiam ser resolvidas com tecnologia blockchain”, explica Álvaro. A verificação da reputação das aplicações seguirá um modelo semelhante ao que já acontece com os utilizadores que validam transacções de criptomoeda na blockchain, através do consenso da comunidade. “Baseado em blockchain, conseguimos trazer para o mercado de distribuição de aplicações algumas propostas de valor que hoje não existem”, segundo Álvaro. A monetização das aplicações também é um dos elementos que será facilitado. Um programador poder vender a sua aplicação e receber directamente o dinheiro, sem intermediários e períodos de pagamento a 30, 60 dias, por exemplo, graças à validação através da blockchain. Menos intermediários também no negócio da publicidade digital – a maior fonte de rendimento da Aptoide – também pode significar “ganhos para toda a gente”, garante o co-fundador. Apesar de “haver sempre riscos” relacionados com esta migração, não têm dúvidas que o blockchain e as criptomoedas vieram para ficar. “E nós queremos estar na corrida da massificação do blockchain o mais cedo possível”, sublinha.
No entanto, em breve já não serão os únicos em território português. A start-up eSolidar – uma plataforma digital de leilões e de lojas solidárias – anunciou em Janeiro que iria proceder a um ICO. A proposta é criar uma criptomoeda que ajude as entidades de solidariedade social e os contribuidor a ter um maior controlo sobre os donativos através da tecnologia blockchain. A criptomoeda permitirá a “rastreabilidade dos donativos e do seu impacto”, explica Marco Barbosa, fundador da start-up, em comunicado, e o seu valor aumentará “de cada vez que for usada“, concretiza.
Por vezes, a célebre frase follow the trend, the trend is your friend (segue a tendência, a tendência é tua amiga) pode até revelar-se proveitosa no curto prazo mas, como reza a história, mais tarde ou mais cedo essa tendência acaba sempre por ceder. Por isso, de duas uma: ou se evita correr o risco de embarcar numa bolha especulativa, ou, então, lança-se à sorte e espera-se que quando ela rebentar já se esteja fora do raio de acção dos salpicos. Tudo isto – a criação de criptomoedas em catadupa, as valorizações estonteantes, a corrida para a blockchain – até pode ser uma bolha, mas a visão que deu a ganhar a Álvaro Pinto e a Paulo Trezentos 13 milhões de euros em menos de um mês, ninguém lhes tira.