A Organon é uma companhia farmacêutica, com presença global, que surgiu em 2021 através de um processo de spin off da MSD – Merck Sharp & Dohme. O foco da nova companhia é a especialização na saúde da mulher, através do acesso a terapêuticas e soluções direcionadas para este mercado. A empresa refere que já têm um portofolio de 60 medicamentos e outros produtos destinados à saúde reprodutiva, doença cardiovascular, dermatologia, alergias e asma. Com presença em 140 mercados, a empresa está também presente em Portugal desde 2021, sendo liderada atualmente pela gestora portuguesa Sofia Ferreira.
“É a minha ambição tornar a Organon Portugal num exemplo de consistência nesta eficiência da nossa operação, potenciando o espírito de inovação para podermos testar novas ideias e parcerias que possam ser replicadas globalmente”, afirma Sofia Ferreira.
A líder nacional refere em entrevista à Forbes que “Portugal é um país que representa uma pequena parcela do negócio global da companhia, mas que tem apresentado características que nos colocam como uma boa prática dentro do universo Organon”. E explica que a empresa vai registar três anos de crescimento sucessivo de negócio, com resultados muito elevados de engagement interno, reflexo de uma cultura forte. “É a minha ambição tornar a Organon Portugal num exemplo de consistência nesta eficiência da nossa operação, potenciando o espírito de inovação para podermos testar novas ideias e parcerias que possam ser replicadas globalmente”, afirma.
Organon com vendas de 51 milhões de euros em Portugal
O grupo Organon registou a nível mundial um volume de negócios de 6,1 mil milhões de dólares (cerca de 5,4 mil milhões de euros). Em Portugal “a empresa vendeu cerca de 51 milhões de euros, o que nos posiciona no Top 20 das empresas farmacêuticas em Portugal”, revela Sofia Ferreira. E acrescenta: “É um resultado absolutamente extraordinário (…). Boa parte do volume da nossa faturação provém das marcas originais que herdámos do spin off e que são produzidas na Europa”.
O mercado da saúde feminina é um segmento em crescimento, porque muitas das necessidades ainda estão por responder. “E também porque a desigualdade na saúde da mulher é uma realidade: as mulheres são menos diagnosticadas, menos tratadas e menos estudadas. Apenas 1% da investigação e desenvolvimento é focada em condições específicas da mulher não relacionadas com cancro, o que mostra que há progresso a fazer”, explica Sofia Ferreira.
“Apenas 1% da investigação e desenvolvimento é focada em condições específicas da mulher não relacionadas com cancro, o que mostra que há progresso a fazer”, explica Sofia Ferreira.
Sofia Ferreira transitou da MSD para a nova empresa, onde estivera 10 anos. Já antes trabalhara igualmente uma década na Schering-Plough, onde começou o seu percurso profissional. “Dois ciclos, curiosamente com a duração de dez anos cada, muito importantes para o meu crescimento. Tive várias oportunidades e desafios com responsabilidade direta de negócio, quer na componente de marketing, quer na de vendas, que foram excelentes oportunidades de crescimento”, explica a gestora.
A saúde da mulher tem sido negligenciada
Sofia Ferreira desempenhou também funções internacionais, como responsável de marketing de quatro países: na Bélgica, nos Países Baixos, na Áustria e na Suíça. Este desafio exigiu uma dimensão de gestão multicultural que foi de uma utilidade extrema para o meu desenvolvimento. Em 2021, quando entrou na Organon, assumiu a função de responsável do negócio como Marketing & Sales Lead, integrando a equipa de liderança. “Trabalhava muito próxima da direção geral e, quando o diretor geral prosseguiu a sua carreira para um lugar internacional, concorri e acabei por ser escolhida”, explica a executiva.
Em termos de negócio, adianta que a Organon Portugal pretende gerar resultados sustentáveis em áreas que afetam unicamente, de forma diferenciada ou desproporcionalmente, as mulheres. “Estou optimista relativamente ao futuro. Temos um pipeline direcionado à nossa estratégia e, em 2025, vamos lançar na Europa um dispositivo médico para controlo da hemorragia pós-parto. Em investigação, estamos focados na endometriose e, paralelamente, estamos ativamente à procura de parcerias de desenvolvimento de negócio que façam sentido e complementem o nosso portefólio”, explica.
Para ela, que afirma que a saúde da mulher tem sido negligenciada, investir no bem-estar das mulheres é apoiar as comunidades, reduzir os custos em saúde e fomentar um maior envolvimento em todas as áreas da sociedade.
Porquê investir num GDO em Portugal
A Organon inaugurou, em 2022, o seu Global Delivery Operations (GDO) em Lisboa, Portugal. Este centro partilhado fornece serviços globais para a Organon, incluindo um conjunto variado de valências, nomeadamente, finanças, recursos humanos, procurement, entre outros. Com cerca de 150 operacionais, de momento, o GDO vai prestar serviços para cerca de 100 países, em vários idiomas.
Para gerir o GDO em Portugal, a Organon escolheu Octavian Popa, romeno de nascimento, mas com vasta experiência em posições de liderança em várias zonas do mundo, como a região da Ásia-Pacífico e Japão.
Sofia Ferreira diz, a propósito desta abertura que “a presença de um investimento tão significativo por parte da Organon, põe Portugal no mapa dos nossos interlocutores. Não há reunião em que esteja, seja com as nossas autoridades de saúde, da área da economia e investimento ou com outros interlocutores políticos em que não apresente este cartão de visita”. Acrescenta que se trata de “investimento em ação”, que gera um contributo fiscal para estado português; que emprega pessoas em Portugal e que traz talento estrangeiro para o nosso País.
Para gerir este GDO, a Organon escolheu Octavian Popa, romeno de nascimento, mas com vasta experiência em posições de liderança em várias zonas do mundo, como a região da Ásia-Pacífico e Japão. Com mais de duas décadas de experiência na indústria farmacêutica e de IT, Octavian é licenciado na área de Finanças e IT pela Academia de Estudos Económicos de Bucareste, na Roménia, e possui um MBA pela Universidade de Warwick, no Reino Unido. Antes de entrar na Organon, este profissional era diretor financeiro da MSD, na Rússia e na Roménia, e anteriormente desempenhou funções também na IBM, tendo sido responsável pelo desenvolvimento dos IBM Global Delivery Centers na Europa Oriental e, posteriormente, na região da EMEA (Europa, Médio Oriente e África).
À Forbes Portugal, Octavian Popa, Head of Global Delivery Operations, revela que liderar o GDO em Portugal foi um desafio irrecusável. “Trabalhei em diversas geografias e culturas fora da Roménia, como Viena, no Cairo, em Moscovo, em Singapura. Mas quando fui convidado para esta função, com a perspetiva de combinar a componente de estratégia global com o empreendedorismo e crescimento, senti que podia criar um impacto considerável para a Organon e para a minha equipa. O desafio de liderar esta importante estrutura da companhia, numa altura crítica em que estamos a construir o projeto, a ampliá-lo e a consolidá-lo era algo que fazia todo o sentido para mim”, explica.
O gestor explica as razões que levaram a Organon a escolher Portugal: “Portugal é um país com uma posição estratégica do ponto de vista geográfico. A Organon escolheu Portugal também como um país central para as suas operações. A grande capacidade e diversidade dos seus recursos humanos, um sistema educativo de elevada qualidade, a segurança, padrões de vida europeus, são alguns dos atributos excecionais de Portugal. Aspetos que pesam quando uma companhia toma as suas decisões estratégicas”.
Octavian Popa afirma que o GDO vai crescer de forma exponencial até 2025, querendo tornar a Organon num dos principais empregadores da indústria farmacêutica em Portugal.
Octavian Popa afirma que o GDO vai crescer de forma exponencial até 2025, querendo tornar a Organon num dos principais empregadores da indústria farmacêutica em Portugal.
Contudo, este responsável revela que existem desafios pela frente, pois “operar um centro de serviços partilhados em Portugal, como em outras localizações, envolve vários desafios.” Destaca a concorrência como um deles, tendo em conta o crescimento do trabalho remoto e a popularidade crescente dos espaços partilhados, o mercado para espaços de negócio partilhados está cada vez mais competitivo. “Diferenciar o teu centro em termos de localização, comodidades, serviços e custo é crucial para atrair e reter talento”, refere.
Por outro lado, o quadro legal e regulamentar é outra das barreiras a enfrentar, pois navegar nos requisitos legais necessários para operar um centro de serviços partilhados em Portugal pode ser complexo. Também a infraestrutura e as necessidades tecnológicas para operar é algo que tem de ser acautelado para garantir que o centro de serviços partilhados está equipado com a tecnologia mais recente e com uma infraestrutura robusta. Por último, este responsável fala em ter uma gestão flexível do espaço, uma vez que a necessidade de espaços de trabalho flexíveis está em crescimento e requer uma adaptação que responda às necessidades dos clientes, desde os empreendedores individuais às equipas alargadas.