Liderar não é simplesmente gerir. Peca a empresa que interpreta estes dois conceitos como sinónimos. Gerir uma organização é técnico. Liderar é emocional. Mais do que explicar, é preciso construir. Mais do que dizer, é preciso fazer. Mais do que deixar fluir, é preciso acreditar.
A meu ver, todos podemos ser bons líderes tendo em conta uma premissa base: acreditar no propósito da organização que lideramos. E, aqui, não há “work-life balance” que nos salve. Não podemos acreditar durante o nosso horário de trabalho e deixar de acreditar assim que começa o nosso tempo de lazer – ou acreditamos, ou desacreditamos; ou somos líderes, ou não somos. Isto não implica que as restantes organizações não se rejam por um propósito relevante. Esse propósito apenas tem de estar alinhado com o nosso propósito de vida, com os valores em que acreditamos e com aquilo que queremos atingir.
A importância da definição do propósito das empresas, quer seja um propósito comum, ou um propósito extraordinário, é a base a partir da qual tudo se move. É o traçar do caminho que uma organização percorre e o espaço que irá ocupar socialmente. É o impacto que causa e as pessoas que atrai. E tornar o propósito realidade apenas é possível quando se acredita, começando no líder e acabando na equipa de colaboradores que sustenta essa liderança.
Aceitei recentemente um desafio de liderança que, a meu ver, foi um dos maiores desafios profissionais que já tive. O facto de estar à frente de uma empresa com um propósito extremamente relevante e que se distingue dos propósitos de outras empresas – o da sustentabilidade – faz com que seja particularmente importante acreditar no meu trabalho e no caminho que estamos a percorrer. Porque impactar o mundo de forma positiva depende de mim e sobretudo da minha capacidade de inspirar uma equipa que materializa o nosso trabalho e a nossa missão, todos os dias. A resolução de problemas sociais e globais, que afetam de forma direta a vida de tantas e tantas pessoas, depende um bocadinho de cada um de nós.
É por esse motivo, que acho tão relevante que um líder tenha de acreditar na razão daquilo que põe em prática: porque com o poder de um líder, vem também a responsabilidade de liderar pessoas. Porque o papel que um líder ocupa e as funções que desempenha, afetam diretamente aquilo que são as crenças das pessoas que o seguem e a forma como põem em prática o seu trabalho. Cabe-nos fazer o melhor possível, da forma mais justa possível, tendo sempre em vista o sítio onde queremos chegar. Cabe às organizações pensarem sobre o seu propósito regularmente, sobre os seus valores e sobre as suas crenças. Porque é nessas premissas que as pessoas se veem, é por elas que as pessoas se movem e se comprometem.
Carlos Hipólito, Head of Portugal na Phenix Portugal