Em 2022, a Organização Mundial de Saúde avançou que, a nível global, cerca de 15% das pessoas adultas em idade ativa vão ter um problema de Saúde Psicológica em algum momento das suas vidas.
Em Portugal, os problemas de Saúde Psicológica mais comuns (stress, depressão e ansiedade) afetaram quase dois em cada cinco trabalhadores (33%) no último ano, devido ao trabalho, uma prevalência acima da média da União Europeia (27%) (Eurobarómetro, 2022).
Segundo o mais recente estudo da Ordem dos Psicólogos sobre o “Custo do Stress e dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho em Portugal”, a perda de produtividade devido ao absentismo e ao presentismo causados por stress e problemas de Saúde Psicológica pode custar às empresas portuguesas até €5,3 mil milhões.
Perante esta realidade, é imperativo que as empresas invistam na promoção da saúde mental das suas pessoas. E estarão as empresas portuguesas realmente a fazer a diferença e a avançar para ambientes de trabalho mais seguros e mais alertas para a saúde mental?
Esse investimento poderá assumir os mais diversos formatos. Será importante começar por desmistificar que saúde mental também é saúde, abordando o tema abertamente e combatendo o estigma que ainda prevalece na nossa sociedade.
A liderança da empresa e das próprias equipas assume um papel fundamental nesta missão. Existirem modelos positivos dentro das organizações capazes de demonstrar vulnerabilidade poderá ter um impacto significativo na forma como as equipas interpretam e reagem perante estas temáticas. Precisamos de trabalhar para construir equipas com pessoas cada vez mais empáticas.
Numa perspetiva mais global, as empresas podem implementar políticas de trabalho flexíveis, promovendo um melhor equilíbrio entre a esfera profissional e pessoal.
Os Employee Assistance Programmes (EAP) são também uma solução, focada na intervenção, que disponibiliza acompanhamento psicológico aos colaboradores, de forma confidencial e segura.
As empresas podem também formar as suas pessoas para práticas relacionadas com autocuidado, para a deteção de possíveis sinais de problemas de Saúde Psicológica ou para a utilização de estratégias de comunicação mais empáticas.
Além disso, é importante olhar para o bem-estar nas suas diferentes dimensões: mental, física e social. Poderão ser criadas iniciativas para promover a prática de exercício físico e o convívio entre pessoas e equipas.
O investimento na saúde mental é essencial para as organizações, tanto pelos benefícios que traz para os trabalhadores, como para as empresas, quer ao nível da produtividade, da satisfação ou da retenção de pessoas.
Não é possível ignorar que a saúde das empresas depende também da saúde e bem-estar dos trabalhadores. O presente dos trabalhadores é, sem dúvida, o futuro das empresas.
Susana Santos,
equipa de Happiness & Engagement da Critical Software