António Vieira Monteiro, presidente executivo do banco Santander Totta
Artigo incluído na edição de Julho/Agosto 2017
O banco Santander Totta vive hoje um momento ímpar na sua história. Tornámo-nos no maior banco privado em Portugal em activos, no apoio às empresas e às famílias portuguesas, e tornámo-nos num dos maiores em termos de recursos, com uma ampla base de clientes e uma rede de balcões distribuídos por todo o país. Perante este facto, acredito que muitas pessoas têm perguntado: o que significa este crescimento e o atingir deste patamar?
Em primeiro lugar, a conquista deste lugar tem por trás muito trabalho de todos os que estiveram envolvidos nos vários processos de aquisição de outros bancos e no desenho e implementação de estratégias de crescimento para aproveitar as sinergias que resultavam da compra de cada instituição financeira. Fomos o único banco a apresentar sempre lucros durante a crise financeira. Aproveitámos todo o potencial dos recursos envolvidos, apesar dos imensos desafios encontrados pelo caminho. As pessoas fazem a diferença, são o elemento fundamental de toda esta estratégia. Sem elas não conseguíamos chegar a lado nenhum. Mas esmiuçando um pouco mais os resultados concretos desta estratégia de crescimento, plasmada numa forte capacidade de geração de receitas, mantendo sólidos rácios de capital e uma situação de liquidez confortável, quero relevar alguns números importantes.
Além da incorporação de vários bancos no passado (o Banco Totta e Açores e o Crédito Predial Português) que constituem hoje o líder Santander Totta, realço as duas aquisições que estão mais frescas nas nossas mentes: Banif e Banco Popular Portugal, que nos permitiram passar a deter, em Portugal, uma quota de crédito de 17,5% e activos de 54 mil milhões de euros. Em termos de depósitos, o banco passará a ter uma quota relevante de 15,5%. Estes números impressionam? Penso que impressionam a todos, mas, em particular, aos que estão envolvidos neste projecto ganhador, que mantém como principais objectivos a vinculação de clientes, a gestão prudente da carteira de crédito e o controlo de custos.
Um dos grandes desafios será “casar a banca tradicional com a banca de inovação”, aproveitando a era digital que vivemos para manter a liderança no sector.
Ainda sobre a integração dos activos e passivos do ex-Banif na nossa estrutura, aproveito para realçar que, em nove meses, foram desenvolvidas mais de duas mil diferentes actividades de integração, realizou-se a migração operacional e informática de centenas de milhares de contas e de contratos, e foram acolhidos 1100 novos colaboradores. Esta complexa operação foi concluída com sucesso e dentro do timing previsto, representando uma alavanca adicional para o crescimento da nossa actividade. Foi um período desafiante, mas soubemos encarar as dificuldades e transformá-las em oportunidades, e fazer com que terminássemos 2016 como o banco com melhores resultados, ratings e rácios de todo o sistema financeiro.
Aposta na proximidade
Sobre a integração do Banco Popular Portugal, sei que será um processo igualmente desafiante, mas estou certo que, como é nosso timbre, serão criadas as melhores condições de acolhimento. Como em todos os processos de fusão, há um tempo para arrumar a casa, para definir as melhores estratégias de continuidade, mas sei que, tal como aconteceu no passado, trabalharemos em conjunto num ambiente sem convulsões, para que possamos extrair os melhores resultados de uma instituição que continua a merecer a confiança de todos. Estou consciente do desafio que temos pela frente, principalmente num momento de transformação digital do sector da banca.
Tenho afirmado em vários momentos que um dos grandes desafios será “casar a banca tradicional com a banca de inovação”, aproveitando a era digital que vivemos para manter a liderança no sector. E dentro desta linha, saliento o lançamento do nosso plano de transformação multicanal, que está a mudar a forma como nos relacionamos com os nossos clientes, com foco nos canais digitais. Destaco, por exemplo, o lançamento do CrediSIMPLES (crédito pessoal através de app) e abertura de conta por tablet. Dispomos também de wi-fi em todos os nossos balcões, e inaugurámos o primeiro Balcão do Futuro. Uma aposta que está a dar os seus frutos: no espaço de um ano, os clientes digitais aumentaram 34% e totalizam actualmente mais de 518 mil.
No domínio da transformação comercial que tem vindo a ser implementado, o banco prosseguirá a política de simplificação dos processos; o reforço do modelo de distribuição multicanal de modo a prestar um serviço mais completo e acessível aos clientes; e agilização da gestão de risco, com modelos mais ajustados a cada segmento de clientes, mantendo uma gestão prudente e rigorosa dos riscos assumidos.
Temos feito o nosso caminho e delineamos uma forte estratégia de apoio à revitalização da economia portuguesa e das empresas. O banco está comprometido com a economia e, entre 2008 e 2016, concedeu 35 mil milhões de euros de crédito a empresas e 7,1 mil milhões de euros de crédito à habitação. Ainda na relação próxima com as nossas empresas nacionais, disponibilizamos competitivos instrumentos financeiros de apoio ao crescimento e à internacionalização, mas fomos mais além e promovemos uma vertente não financeira que propõe soluções de formação, emprego, estágio, conectividade e internacionalização. A nossa capacidade de lançar produtos realmente inovadores, indo ao encontro das necessidades dos nossos clientes, está também incorporada na nossa marca e vem reforçar o nosso espírito empreendedor e de proximidade. O nosso produto-chave, o “Mundo 1,2,3”, que tem quase 300 mil clientes, tem características especiais, permitindo que os seus utilizadores recuperem parte das despesas do dia-a-dia (cash back), numa panóplia relevante em termos de acesso aos mais variados serviços.
Vamos continuar a ser um parceiro sólido e justo para os nossos clientes e colaboradores, sendo ao mesmo tempo um investimento rentável para os accionistas. Demonstramos o nosso apoio à sociedade, contribuindo para a sua prosperidade e desenvolvimento sustentável. Por tudo isto, renovamos a nossa ambição de ser o melhor banco comercial. Acredito que o Santander Totta está preparado para enfrentar os desafios que se avizinham para os próximos anos. Temos as nossas equipas bem preparadas, com objectivos muito claros.
Diria que, para manter o sucesso, é preciso reinventar a forma como a banca faz negócio, ter uma estrutura ágil e moderna, colaboradores bem preparados e motivados e clientes satisfeitos que confiam no banco que lidero. O futuro da banca também passa pela inovação tecnológica e pelos novos canais digitais. Vivemos tempos de mudança para uma realidade mais global, inovadora e sustentável. Sustentados pela nossa solidez e pela confiança que nos é testemunhada pelo mercado, iremos continuar a inovar e a procurar sermos mais simples, próximos e justos em 2017, para continuarmos a crescer, e para melhor servir e ajudar a prosperar todos os nossos clientes.