António de Macedo Vitorino, managing partner da Macedo Vitorino & Associados e responsável pelo projecto “Why Portugal”
Artigo incluído na edição de Abril 2018
Em 2011, quando Portugal pediu ajuda internacional, um sócio de um escritório de advogados americano apostava comigo que até 2013 Portugal sairia do Euro. Os investidores fugiam. Na altura como hoje, as notícias sobre a situação portuguesa aqui e lá eram muito exageradas. Na realidade quando comparado com os seus congéneres europeus, Portugal oferece boas condições para a atração de investidores. Em geral, em Portugal e na Europa encontram-se condições legais, políticas e económicas ímpares quando comparadas com a de outros continentes. A União Europeia é um dos maiores mercados do mundo, é sofisticado, desenvolvido e inovador. As condições políticas são as melhores do mundo para o desenvolvimento económico. Só vivendo noutras partes do mundo se tem a noção de que a Europa é e será nas próximas décadas um local privilegiado para viver e investir.
Portugal beneficia da sua participação na União Europeia, não apenas pelo acesso ao mercado europeu, mas também por funcionar num modelo de organização política, económica e legal comum aos 28 países da União Europeia. As idiossincrasias nacionais não apagam o legado europeu. As especificidades de Portugal são, em muitos casos, uma agradável surpresa.
Nos últimos anos, o turismo redescobriu um Portugal para além do Algarve. Os estrangeiros começaram a afluir a Lisboa e Porto, descobriram o Alentejo, o centro e o norte. Descobriram a riqueza da história, a arquitetura, a arte e as belezas naturais. Descobriram a gastronomia e a nossa “joie de vivre” sempre misturada com um certo pessimismo em relação às instituições públicas, pintadas de cores sempre mais escuras do que a realidade, e um certo nacionalismo bacoco que ultrapassou a ditadura e continua a criar “heróis” nacionais. Amália e Eusébio deixaram-nos. Hoje promovem-se Ronaldo e Mourinho como ícones nacionais. Mas há mais Portugal para além de Fátima, Futebol e Fado. Há mais Portugal para além do sol, da praia e da boa mesa.
Em 2013, quando o pior da crise ainda não tinha passado, a Macedo Vitorino & Associados criou um projeto designado “WHY PORTUGAL – The Case for Investing in Portugal”, que visa dar a conhecer Portugal com base em dados objectivos partindo de relatórios de instituições internacionais: Banco Mundial, Fórum Económico Mundial e Comissão Europeia. Os resultados foram uma agradável surpresa. O relatório do Banco Mundial, “Doing Business 2018”, relatório de referência para os investidores internacionais, coloca Portugal no 29.º lugar no mundo, 13.º da Europa, como local mais atractivo para fazer negócios.
Os demais indicadores dão uma visão positiva de Portugal como se pode ler no relatório “WHYPORTUGAL 2018”. As instituições públicas e privadas podem e devem fazer muito mais, mas parte do caminho está feito. Já agora, segundo o Telegraph, Lisboa é a segunda capital europeia com mais tempo de sol; a primeira é La Valetta, capital de Malta.