O Mobile Money é um termo tipicamente utilizado para descrever serviços de pagamentos que são despoletados via telemóvel – seja este um moderno smartphone ou um mais rudimentar feature phone.
De utilização descomplicada, este tem sido um dos principais instrumentos financeiros tecnológicos utilizado para servir os unbanked (adultos que não têm acesso a qualquer tipo de produto financeiro).
De acordo com o Financial Access Survey 2018 do FMI, o número de contas de Mobile Money, em economias de baixa renda, atinge em média mais do que o dobro de contas bancárias, por cada 1,000 adultos.
Na África subsaariana foram criadas, em 2019, cerca de 50 milhões de contas, estimando-se que se ultrapassem os 500 milhões de contas em 2020. Globalmente, a GSMA estima a marca das 1,040 mil milhões de contas registadas em 2019.
Nos últimos anos, temos vindo a observar uma transformação do papel da agência bancária como plataforma de serviços financeiros – outrora o canal exclusivo na relação do cliente com o seu banco, assume hoje um papel menos operacional e mais representativo da imagem da instituição, assim como ponto de presença físico, nos (poucos) casos que se justificam, relegando as funções de interface de pagamentos para os canais digitais.
Fruto da pandemia de COVID-19, é notório o acelerar exponencial de projectos de transformação digital, já que a maioria dos bancos incumbentes, onde muitos deles resumem a sua oferta digital a um internet/mobile banking pobre em funcionalidades, vêm-se agora a competir num novo terreno de batalha nivelado com fintechs ágeis, que apresentam uma oferta adequada às reais necessidades dos clientes e especializam-se em entregar uma verdadeira experiência de utilização, usável.
A esta vantagem competitiva junta-se um custo operacional por cliente muito mais baixo do que aquele a que incorrem os incumbentes, que continuam presos ao passado através da sua dívida tecnológica – sistemas de informação antiquados, pesados e totalmente incapazes de se adaptarem a esta nova realidade e às novas tendências do mercado.
E assim, dentro deste novo contexto social derivado da pandemia, este “novo normal” impessoal e distante, algumas consultoras antevêem uma diminuição agressiva no número de agências bancárias, como tentativa da sobrevivência por parte dos bancos, pelo que é crucial arranjar soluções eficazes para servir não apenas o cliente que já está satisfeito com a sua oferta digital, mas também todos os outros segmentos.
De origem humilde e tipicamente suportado por uma rede de agentes bancários que fazem parte de um complexo modelo de distribuição, o Mobile Money não é apenas um parente pobre dos grandes bancos digitais – em 2019 este negócio movimentou perto de 690mM de USD e vai a caminho de 1,000mM USD em 2023.
Sem o peso do legado tecnológico dos grandes bancos, o Mobile Money tem vindo a evoluir.
Antes centrado nos pagamentos, começa agora a agregar outros serviços à sua oferta (além de créditos, poupança e até seguros), numa linha claramente convergente à construção de um ecossistema de serviços numa única “super app” – popularizado pelo Chinês WeChat, este conceito agrega várias ofertas – é possível encomendar comida, conversar com os amigos, pagar a renda da casa e ver um filme, tudo na mesma aplicação.
O decréscimo no número de agências bancárias (maior deslocação, logo, maior risco de contágio), soluções digitais que não contribuem para a inclusão financeira, seja pela oferta limitada ou pela complexidade de utilização, aliado ao isolamento social e à mudança nos hábitos de consumo pós pandemia são tudo factores importantes que certamente irão contribuir para uma explosão no crescimento do Mobile Money.