Num mundo do trabalho altamente volátil devido à crescente digitalização dos negócios, à transição para uma economia verde e à rápida evolução do tecido socioeconómico, o setor dos recursos humanos está em constante mudança, com o surgimento ininterrupto de novas tendências que moldam as estratégias de gestão de talento. No contexto atual, apesar dos avanços tecnológicos, o capital humano continua a ser o grande diferenciador e motor de crescimento das organizações, e as estratégias de atração e gestão de talento devem atender, conjuntamente, às necessidades das empresas e dos profissionais.
Num momento em que a escassez de talento se continua a fazer sentir, com 81% dos empregadores portugueses a revelar dificuldades em encontrar os profissionais desejados, segundo dados do Talent Shortage Survey 2024, a necessidade de apostar no talento interno revela-se mais urgente que nunca. Com as competências digitais a serem cada vez mais necessárias para a sobrevivência e sucesso das empresas, a aposta na formação dos colaboradores através de programas de reskilling e upskilling revela-se uma das estratégias mais importantes para dar resposta aos desafios, ao mesmo tempo que se reconhece o talento já presente na organização.
Em 2024 a perceção dos profissionais em relação ao trabalho está, também ela, a mudar. Do ‘viver para trabalhar’ ao ‘trabalhar para prosperar’, os profissionais têm agora uma nova visão do trabalho, em que valorizam a flexibilidade, a personalização, a autonomia e o alinhamento com as suas prioridades individuais. De facto, segundo o estudo O Futuro do Trabalho tem huManpower, 46% dos trabalhadores veem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional como um dos principais fatores promotores da produtividade, o que revela uma tendência crescente de priorização do bem-estar e da compatibilização com a vida pessoal. Paralelamente, aumentam também as preocupações relacionadas com os temas ESG, especialmente entre os profissionais da Geração Z, com quase metade a revelar que a reputação ambiental impacta a sua probabilidade de escolher uma empresa em particular, segundo dados do Green Business Transformation Whitepaper.
Estas novas necessidades e preferências do talento – a par das próprias necessidades do mercado – estão já a impactar as estratégias das empresas, que devem ter, cada vez mais, a sua cultura centrada no ser humano, de forma a criar uma experiência positiva para o colaborador, e orientada para as suas necessidades individuais, enquanto promovem uma cultura inclusiva, aberta e diversa, onde se prioriza o bem-estar, o crescimento e o sentido de pertença das pessoas. Se hoje a evolução tecnológica, a sustentabilidade e a personalização se tornaram palavras-chave do panorama dos recursos humanos, é essencial garantir que a atração e a gestão do talento são feitas com base nesses princípios.
Daniela Lourenço
Brand Leader, Manpower