Co-fundador e presidente-executivo da Beta-i
Artigo incluído na edição de Novembro 2018
Tivemos num mundo de crescimento exponencial, cada vez mais incerto, mais ambíguo e mais acelerado, em que a convergência de várias tecnologias como big data, AI, robótica, biotecnologia, energia, crowdsourcing & funding, blockchain, nanotecnologia, entre outras, vai acelerar cada mais a velocidade de mudança.
Apesar desta complexidade e velocidade, este mundo permitirá cada vez mais responsabilidade, através de tecnologias como o blockchain, que permitem que nada na internet possa ser copiado, permitirá cada vez mais automação, através da inteligência artificial, e cada vez mais optimização, através da computação quântica.
Neste futuro, a nossa capacidade de adaptação ou coeficiente de adaptabilidade será cada vez mais importante, especialmente face ao nosso coeficiente de inteligência. Assim, é crítico que todos sejamos capazes de “desaprender” rapidamente, e de destruir as ideias que tínhamos sobre o futuro.
Temos sim de ser capazes de criar novas narrativas e ter a coragem, a capacidade de adaptação e a criatividade para explorar novos problemas e ajudar a criar um novo futuro. Num mundo exponencial, precisamos de líderes que sejam capazes de criar outros líderes, de líderes que sejam capazes de se melhorar e transformar a si próprios, para que assim consigam transformar o mundo, por via do exemplo.
Num mundo exponencial, precisamos de desenhar novas dinâmicas organizacionais que sejam mais escaláveis, mais autogeridas e mais adaptáveis. Para isso é necessário repensar de forma radical a educação, para que esta fomente o nosso potencial humano ilimitado. Precisamos de um novo sistema de meta-aprendizagem que valorize mais a criatividade (consciência, pensamento divergente, inovação, resolução de problemas, inteligência fluida, curiosidade), o Coeficiente Emocional (propósito, resiliência, optimismo, persistência), a cognição genérica (pensamento crítico), os skills sociais (comunicação, empatia, liderança, julgamento ético, colaboração), e a meta-cognição (controlo, flexibilidade cognitiva, iniciativa, autogestão).
Neste mundo exponencial, em que a tecnologia deve ser uma ferramenta de humanização e de potenciação do ser humano, e cada vez mais descentralizado, Portugal tem uma oportunidade para se reinventar, e para ser um espaço pioneiro na construção deste novo futuro. No entanto, é preciso fazer reformas estruturais. Precisamos de mudar radicalmente a nossa lei do trabalho que protege o modelo do passado, em vez de promover a criação e a adaptabilidade; precisamos de reduzir as nossas desigualdades, de reduzir dívida, de fazer uma reforma estrutural na educação e de fomentar ainda mais a investigação e desenvolvimento e o investimento em inovação e capital de risco. A tecnologia vai matar muitos trabalhos, mas essencialmente aqueles que a maioria de nós já não quer fazer hoje, e vai permitir criar muitos novos empregos, e possibilidades para empreender.
A nossa maior barreira é mental, é não sermos capazes de explorar novos desafios e de imaginar novos futuros. Por vezes ficamos imobilizados pelos grandes exemplos e pelos grandes feitos, e esquecemo-nos que cada um de nós, todos os dias, tem a capacidade de tomar pequenas decisões que podem mudar o destino, o nosso futuro. Que tenhamos todos a coragem de ser a mudança que queremos ver acontecer.