A reconstrução da Faixa de Gaza poderá exigir mais de 60 mil milhões de euros, segundo uma estimativa das Nações Unidas. O relatório sublinha que, além do investimento financeiro necessário para tal, será indispensável criar, também, um quadro político e de segurança estável que permita iniciar um verdadeiro processo de recuperação e abrir caminho para uma solução política duradoura, assente na criação de dois Estados.
Depois de pouco mais de dois anos de conflito, grande parte do território foi devastado pela ofensiva militar israelita que se seguiu ao ataque do Hamas a 7 de Outubro de 2023. Segundo as Nações Unidas, escolas, hospitais e outras infraestruturas civis foram reduzidas a ruínas, deixando milhões em situação crítica. “Esta é apenas uma avaliação preliminar, mas já revela a enorme dimensão das necessidades de reconstrução”, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertindo que se trata de um levantamento inicial.

De acordo com o documento, as necessidades totais de reconstrução ultrapassam os 53 mil milhões de dólares (cerca de 60 mil milhões de euros), dos quais cerca de um terço será necessário nos três primeiros anos do projeto recuperação. O relatório responde a uma resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU em Dezembro do ano passado, que apelava a um cessar-fogo imediato e uma análise urgente das condições humanitárias em Gaza.
A Guerra Israel-Hamas começou a 7 de Outubro de 2023, depois do ataque surpresa do Hamas contra Israel.
É estimado que mais de 60% das casas da população tenham sido destruídas, pelo que será necessário um investimento de cerca de 15 mil milhões de dólares (13,8 mil milhões de euros) no setor habitacional de Gaza. Os setores comerciais, industriais e da saúde exigirão cada um aproximadamente 7 mil milhões de dólares (cerca de 6,44 mil milhões de euros), e da agricultura cerca 4 mil milhões de dólares (3,68 mil milhões de euros). Os setores de transporte, água e saneamento e educação precisarão, respetivamente, de 2,67 mil milhões de euros, 2,48 mil milhões de euros e 2,48 mil milhões de euros.
A dimensão ambiental representa outro desafio de grande escala: o custo estimado de 1,9 mil milhões de dólares (cerca de 1,75 mil milhões de euros) prende-se com a remoção de milhões de toneladas de escombros, muitos deles contaminados com explosivos, amianto e resíduos tóxicos. A ONU calcula que o conflito tenha produzido mais de 50 milhões de toneladas de detritos, tornando a limpeza e reabilitação do território uma tarefa de longo prazo.
Guterres destacou ainda que a Autoridade Palestiniana deve ter um papel central no planeamento e execução da reconstrução, de modo a garantir “legitimidade e coordenação política”.





