O ano que agora começa promete grandes emoções. As Spice Girls anunciaram o regresso aos palcos e os Backstreet Boys já têm concerto marcado no Altice Arena, em Lisboa. Portugal será o anfitrião da Liga da Nações de futebol e o turismo, segundo as previsões do Turismo de Portugal continuará a crescer. Na maioria dos países desenvolvidos, o desemprego está em mínimos ou lá próximo e as previsões para o crescimento económico são simpáticas.
De acordo com as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o produto mundial deverá crescer 3,7%. Em Portugal, o Governo aponta para uma expansão de 2,1%, um ritmo mais moderado nos dois anos anteriores, mas que mantém o país na senda da recuperação pós-troika.
Não fosse uma série de riscos que se vislumbram no horizonte, e que já em 2018 provocaram uma luta entre “Touros” e “Ursos”, capaz de inspirar uma fábula de La Fontaine (numa vertente ‘Hitchcokiana’), podia-se já marcar umas férias, quem sabe num dos primeiros voos turísticos espaciais da Blue Origin de Jeff Bezos, para apanhar uns banhos de Lua. Mas não. O ano que agora começa será porventura um dos mais tremidos para os investidores.
O ano que agora começa será porventura um dos mais tremidos para os investidores.
Para Paulo Monteiro, o cenário económico mundial, caracterizado por um período de crescimento sincronizado como há muito não era visto, permite encarar o ano com algum optimismo, mas segundo o director da gestão de activos do Banco Invest, o mais relevante é que “não está em cima da mesa uma recessão global iminente”, diz, apesar de reconhecer que “existem, contudo, riscos, uns mais específicos ou regionais e outros mais globais”. O maior de todos será a escalada de uma guerra comercial a nível mundial. “É um cenário em que todos têm a perder”, diz Paulo.
A preocupação é comum a vários actores e organizações económicas internacionais. No prefácio do “Global Economics Prospects” do Banco Mundial, Shantayanan Devarajan, director sénior da instituição, escrevia que “o proteccionismo lança uma nuvem negra sobre o crescimento futuro. Se as ameaças levarem a uma guerra comercial, as consequências poderão ser devastadoras”.
O relatório foi publicado em Junho, mês em que Donald Trump anunciou a primeira leva de tarifas sobre produtos chineses. Determinado a reduzir o défice comercial entre o seu país e o gigante do Oriente, Trump criou desde então tarifas sobre a importação de produtos chineses num montante superior a 220 mil milhões de euros e avisou que, em caso de retaliação da China, tem um pacote de mais 235 mil milhões de euros pronto a ser accionado.
Segundo o FMI, esta batalha pode ter um impacto de 1,6% no Produto Interno Bruto (PIB) chinês nos próximos dois anos, vindo assim acrescentar stress a uma economia geradora de tensões por natureza e contagiar outros países e blocos.
“Um incremento de proteccionismo por parte dos EUA deverá, por conseguinte, intensificar o abrandamento da economia europeia”, explica Diana Oliveira, analista financeira e chefe do departamento de research do Banco de Investimento Global (BIG), sublinhando que as exportações pesam 46% do PIB da Zona Euro e que o saldo da balança comercial com os EUA é superavitário.
Também global, embora resultante da soma de factores específicos é a dessincronização das políticas monetárias nos principais blocos económicos desenvolvidos.
Enquanto na Zona Euro e no Japão as políticas monetárias continuarão acomodatícias, embora se espere que o Banco Central Europeu (BCE) retire a taxa de juro do zero este ano, nos EUA o ciclo de aumentos vai avançado e é para continuar.
Esta divergência não só levanta dúvidas sobre a reacção individual dos respectivos mercados financeiros (acções e obrigações), como mexe com o mercado cambial – e é bem conhecida a sensibilidade dos chamados mercados emergentes à variação do valor do dólar norte-americano. Ou seja, o panorama muda de figura quando visto ao perto e qualquer mudança pode gerar um efeito dominó.
Ajustar expectativas
Nada cresce até ao céu. É assim com as árvores e também com os ciclos económicos e os preços dos activos financeiros. É neste sentido que o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs, numa nota de research publicada em meados de Novembro, refere que “a liquidez vai representar uma classe de activos competitiva face às acções pela primeira vez em muitos anos”.
No documento, o banco avançou três cenários de desempenho para o principal índice de acções norte-americano, o Standard & Poor’s 500 (S&P 500). No mais provável cenário desenhado, o banco estima que o índice encerre o ano nos 3000 pontos, cerca de 9% acima da cotação no início do mês de Dezembro. “As ainda baixas taxas de juro mantêm o racional do investimento em acções”, defende Paulo Monteiro.
No entanto, o especialista também dá a entender que é preciso moderar as expectativas. “Nos últimos anos, o retorno total – preço e dividendos – do índice S&P 500 situa-se nos 14% [taxa anualizada], um valor muito superior à média de longo prazo que nos últimos 30 anos é de 6%”, remata.
Em Agosto, registou-se o mais longo bull market – período de valorização dos índices accionistas – desde a década de 1930. Entre os mínimos de 2009 e as cotações actuais, o S&P 500 soma um ganho acumulado superior a 300% – dividendos incluídos – e o pior entre os principais índices mundiais é o europeu Eurostoxx 50, que regista uma valorização acumulada próxima dos 70%. Exagero?
Na base deste período dourado está um conjunto de circunstâncias anormais que agora começam a normalizar. Uma delas é o longo ciclo económico anormalmente comprido.
“Nos últimos anos, os mercados accionistas, em particular o norte-americano, valorizaram muito acima daquilo que foram os resultados das empresas”, diz o responsável do Banco Invest, anotando que houve uma “expansão dos múltiplos”, uma forma simpática de dizer sobrevalorização.
E há uma explicação para isso. Na base deste período dourado está um conjunto de circunstâncias anormais que agora começam a normalizar. Uma delas é o longo ciclo económico anormalmente comprido. Nos EUA, por exemplo, a economia cresce há 9 anos consecutivos.
Outra está no facto de o mais longo período de taxas de juro historicamente baixas estar a terminar – que soma a uma onda de receios em redor de uma inversão do ciclo na recta final do ano passado.
Para os apreciadores dos activos de risco – acções –, a recente “queda” generalizada das cotações foi “um mal que veio por bem”. “Parece-nos uma correcção saudável, que veio descontar um crescimento mais baixo que o anteriormente previsto”, diz a analista financeira chefe do BIG.
De facto, desde os máximos alcançados em 2018, os índices dos principais mercados desenvolvidos corrigiram quase 20% ou mais, colocando os múltiplos – rácios bolsistas – em níveis mais razoáveis. Por exemplo, o rácio preço/lucros do índice S&P 500 registava no início de Dezembro um valor de 16, quando no início do ano era de 23.
Como representa o número de anos em que uma empresa pagaria o preço integral de uma acção caso distribuísse todos os lucros aos accionistas, quando menor for o rácio, melhor. Nesta métrica, o departamento de research do BIG dá preferência às acções europeias, nipónicas e chinesas.
Já Paulo Monteiro dá preferência aos mercados emergentes medidos pelo índice MSCI Emerging Markets e ao europeu, medido pelo Eurostoxx 600. Divergências à parte, ambos concordam que há um pessimismo exagerado, e que a correcção actual pode até ser uma oportunidade de “entrada”. Mas certeza há só uma: em 2019 os mercados accionistas serão férteis em volatilidade. Motivos não lhes faltam.
Desafios do Euro
O conjunto de países do euro não escapa à tendência mundial de abrandamento e de nervosismo. É verdade que a Zona Euro nunca habituou a comunidade económica a grandes velocidades. O crescimento médio anual na primeira década deste século não foi além dos 1,4% e, nesta segunda, além de dois anos de recessão, a velocidade máxima do crescimento foi atingida em 2017 com uns estonteantes 2,4%.
É nesse sentido que o crescimento de 2% previsto não assusta ninguém e o fim do programa de compra de activos – Quantitative Easing (QE), também não. Embora ainda não se conheçam os detalhes, o BCE ainda vai poder reinvestir os cupões (juros) e os títulos que tem em carteira quando estes atingirem a maturidade, uma ferramenta que lhe permitirá normalizar a política de uma forma muito gradual. Nem podia ser de outra maneira.
“Apesar da inflação ter subido para 2,2%, excluindo os custos com energia e alimentação, a inflação core situa-se em apenas 1,1%, muito longe ainda do objectivo referência [2,0%]”, diz Paulo Monteiro.
A recente correcção abrupta no preço do petróleo para a casa dos 50 dólares por barril é uma atenuante para a inflação do bloco económico do Euro, importador da matéria-prima. Segundo os analistas do Goldman Sachs, o preço do barril de crude – Brent – deverá subir para a casa dos 70 dólares, ainda assim insuficiente para acelerar uma subida dos juros na Zona Euro. Volatilidade neste campo, só na segunda metade do ano.
O mandato de Mário Draghi termina em Outubro e, de acordo com uma sondagem realizada pela agência de informação financeira Bloomberg, Jens Weidmann, governador do Bundesbank, está na frente da corrida para assumir a liderança do BCE – logo seguido por Villeroy de Galhau, governador do Banco de França.
O conjunto de países do euro não escapa à tendência mundial de abrandamento e de nervosismo.
Sabe-se pouco sobre ambos, mas é bem conhecida a doutrina do banco central alemão sobre políticas de estímulo e programas de QE. Seja quem for, os discursos dos candidatos e sobretudo do vencedor serão ouvidos e reflectidos nos mercados financeiros.
Nos mercados de capitais, o início do ciclo de subida da taxa de juro é pejorativo para o mercado obrigacionista e benéfico para o sector financeiro. “Na Europa, o sector da banca parece demasiado penalizado, com avaliações muito baixas”, defende Paulo Monteiro, sublinhando as reestruturações e os reforços dos balanços feitos pelo sector nos últimos anos. Porém, a Sul, pode haver um problema.
Como tem vindo a habituar os investidores, este ano, uma das principais fontes de risco para os mercados de capitais europeus advêm do campo político. De Itália, tipo gladiador, Matteo Salvini é o homem do momento. Preponderante no governo liderado por Giuseppe Conte, o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior é a cara de um executivo eurocéptico que em Novembro desencadeou um braço de ferro com a Comissão Europeia (CE), defendendo um orçamento enviesado com as regras europeias do Pacto de Estabilidade.
O efeito foi uma fuga generalizada dos investidores dos mercados accionistas e uma subida das yields da dívida italiana. Com um endividamento equivalente a 131,5% do PIB (2017), o mais elevado rácio entre os países da Zona Euro, logo a seguir à Grécia (181,9%), Itália traz de volta o fantasma da crise de dívida soberana na Europa. “As reformas propostas pelo Governo poderão ter um efeito positivo no consumo e devolver crescimento ao país”, diz Diana Oliveira, como que dando o benefício da dúvida.
No entanto, no último relatório de estabilidade financeira publicado pelo Banco de Itália, a autoridade é peremptória. “Há o risco de novas subidas dos juros da dívida e do consequente agravar das condições de financiamento do país, que poderá atingir os níveis de capitalização do sistema financeiro e colocar em causa a solvência das seguradoras”.
Segundo o banco, a subida das yields das obrigações italianas no primeiro semestre do ano originou uma perda de 2% na riqueza das famílias e a desvalorização recente poderá ter provocado uma queda adicional de 1,5%. Mas as consequências não se restringiram a Itália. Só em Portugal, as instituições financeiras detêm cerca de 1,8 mil milhões de euros em dívida italiana. Além disso, sendo a terceira maior economia da Zona Euro, as ondas de choque seriam incontornáveis.
Em Fevereiro, Salvini começa a aplicar a maioria das medidas previstas no orçamento e os primeiros resultados surgirão na segunda metade do ano. Ciente das consequências de um procedimento por défice excessivo imposto pela CE, o primeiro-ministro Giuseppe Conte cedeu e apresentou já um novo orçamento, onde está previsto um défice de 2,04%.
Entretanto, segundo a estimativa preliminar do instituto oficial de estatística italiano (Istat), no terceiro trimestre, a economia encolheu 0,1%, interrompendo um ciclo de 14 trimestres de crescimento, e a taxa de desemprego aumentou 0,2 pontos percentuais para 10,6%. Para atingir a meta de 2018 (1,2%) será agora necessário que se registe um crescimento de 1,2% no quarto trimestre. No primeiro orçamento, o Governo apontava para um crescimento de 1,5% em 2019, muito acima dos 1,1% estimados pela Comissão Europeia.
Desunião no Reino
Enquanto no Sul da Europa há o risco de se repetir uma película já vista, a Norte, o Brexit faz lembrar uma novela que, apesar de ter data marcada para o último episódio, pode prolongar-se por várias temporadas. Em princípio, a separação entre o Reino Unido e a União Europeia irá consumar-se a 29 de Março. Mas, na prática, todos os cenários estão em aberto.
O impacto de um Brexit já foi em parte encaixado pelos mercados financeiros e sobretudo pela economia britânica. Pelo menos na versão soft. Segundo um estudo realizado pelo banco suíço UBS, o processo de saída já custou 2,1% do PIB à economia britânica, 4% do investimento, 1,7% em consumo e uma inflação 1,2% superior à que seria registada sem Brexit.
Em números redondos, estima-se que a economia britânica esteja a perder 560 milhões de euros por semana com o processo, e que venha a ter de pagar 45 mil milhões de euros pelo bilhete de saída – ainda que pago em prestações ao longo de vários anos. Já do outro lado, o custo para a UE, só em tarifas, estima-se ascender a 35 mil milhões de euros. É um divórcio mau para ambas as partes, mas que poderá ser ainda pior caso não haja um entendimento. “Um Brexit desordenado, que neste momento não pode ainda ser descartado teria consequências negativas para o crescimento esperado para a Zona Euro”, diz Paulo Monteiro.
O que não é uma hipótese a excluir. O “melhor e único acordo possível”, como lhe chamou Theresa May já lhe valeu uma moção de censura que a primeira-ministra venceu, mas que não garante a aprovação do acordo. A primeira-ministra terá agora que sujeitar a votação do acordo negociado com a UE até ao dia 21 de Janeiro, e tudo pode acontecer.
“Vemos como cenários mais prováveis, um segundo referendo, cujo resultado deverá ser favorável à reversão do Brexit e, portanto, permanência na UE, ou um hard Brexit”, afirma Diana Oliveira.
Perante o actual impasse, a corretora britânica Sanford C. Bernstein diz que o mercado de acções britânico é “investível” devido à pressão sobre a moeda britânica, a Libra esterlina. Mas onde há risco, há oportunidade.
Investir no mercado britânico é um “pau de dois bicos”, mas em caso de reconciliação pode ser a surpresa positiva do ano.
Desgastadas pela fuga dos investidores, as acções britânicas apresentam um rácio preço/lucros futuros 20% inferior ao do índice de acções mundiais MSCI World – um desconto que levou Krupa Patel, analista do banco de investimento Morgan Stanley, a escrever numa nota publicada no final de Novembro que “[as acções britânicas] estão baratas e demasiado odiadas”.
Ou seja, investir no mercado britânico é um “pau de dois bicos”, mas em caso de reconciliação pode ser a surpresa positiva do ano. “Com a dissipação da incerteza, que na nossa opinião deverá ocorrer no terceiro trimestre de 2019, potencial de crescimento da economia britânica poderá desencadear-se e permitir uma recuperação da Libra”, defende a analista do BIG.
Powell todo poderoso
Do outro lado do Atlântico, o cenário projectado para 2019 diferencia-se do europeu pelos protagonistas e pela diferença do ciclo da política monetária, mas assemelha-se na tendência. Com um crescimento médio anual de 2,4% desde 2014, e tendo em conta os 2,9% projectados para 2018, os EUA têm feito justiça ao cognome que tem no contexto económico mundial.
Porém, a “locomotiva” começa a dar os primeiros sinais de aquecimento e Jerome Powell, governador da Reserva Federal norte-americana (Fed), quer mantê-la a uma temperatura saudável – mesmo havendo uma clara divergência entre Powell e os mercados accionistas na definição de saudável.
Em Dezembro, a Fed aumentou a taxa de juro de referência pela nona vez, colocando-a entre os 2,25% e os 2,5% e, na acta da reunião dos governadores ficou implícita a continuação dos aumentos este ano. A dúvida está no ritmo e na quantidade. Em 2019, a economia norte-americana deverá crescer 2,5%, segundo as estimativas do FMI, mas existem muitas suspeitas sobre o comportamento ano seguinte.
“Não obstante os crescentes receios de uma recessão nos EUA, os leading indicators não apresentam um padrão de antecipação de recessão”, diz Diana Oliveira, sublinhando que antecipam um ano de expansão económica, ainda que moderada pelo dissipar dos efeitos da reforma fiscal realizada por Donald Trump e pelo impacto dos tiques proteccionistas do presidente norte-americano. Todavia, com uma situação próxima do pleno emprego e a subida dos salários a alimentar a inflação, a intervenção da Fed é garantida.
Em Outubro, o departamento do trabalho norte-americano divulgou que a taxa de desemprego nos EUA desceu para 3,7% – a menor dos últimos 48 anos -, e que os salários registaram um aumento de 3,1% – o maior incremento mensal desde 2009. Em reacção, os índices bolsistas resvalaram, anulando os ganhos marginais que resistiram ao início da guerra comercial em Junho. “Uma subida maior do que o esperado da inflação, obrigando a Fed a subir ainda mais as taxas de juro, terá impacto nos mercados [accionistas e obrigacionistas]”, afirma Paulo Monteiro.
O actual dot plot da Reserva Federal, o documento publicado após as reuniões da Fed, onde se incluem as projecções dos 12 governadores, aponta para três aumentos em 2019, mas as opiniões dividem-se.
De acordo com uma nota de Jan Hatzius, analista sénior do Goldman Sachs, se em 2018 a taxa de desemprego encerrar nos 3,3% e a inflação nos 2,3%, menos 0,2 pontos percentuais do que em Outubro, a probabilidade da Fed subir quatro vezes os juros em 2019 é de 90%. Já o Morgan Stanley estima apenas duas subidas e a Bloomberg Economics três.
O caso de uma subida mais acentuada é receado por dois motivos. O primeiro porque pode contribuir para uma travagem mais acentuada da economia norte-americana, adiantando a chegada de uma recessão anunciada para 2020 e, o segundo porque há uma nova realidade nos balanços das empresas que importa salientar.
Segundo dados do IFF Global Debt Monitor, entre os segundos trimestres de 2013 e de 2018, as empresas norte-americanas aumentaram o endividamento em 40%, o equivalente a 14,1 biliões de euros, uma tendência que foi global e que ameaça os balanços das empresas mais expostas ao endividamento.
Emergentes em stand by
Perante um cenário de uma potencial guerra comercial e de uma subida acentuada da taxa de juro nos EUA, as economias emergentes são “patos sentados”. “Países com maiores desequilíbrios externos ficam vulneráveis quando o dólar norte-americano aprecia”, explica o responsável do Banco Invest, apontando para o exemplo da Turquia.
Para a especialista do BIG, as crises protagonizadas pela Turquia, Argentina e Brasil deveram-se a factores específicos, mas com um denominador comum: a valorização da moeda norte-americana. “A valorização do dólar gera sempre dificuldades aos países emergentes macroeconomicamente menos robustos”, diz Diana Oliveira, sublinhando o sucedido ao longo de 2018.
Desde o máximo alcançado em Janeiro, o MSCI Emerging Markets acumula uma perda superior a 20%. Esta desvalorização até pode despertar interesse, mas é prudente esperar pela definição da política monetária norte-americana e pelo desfecho do próximo round da guerra comercial entre Donald Trump e a China de Xi Jinping.
Um dos faróis dos mercados emergentes é a China. Segundo o FMI, a maior economia do mundo irá crescer 6,2% em 2019, continuando o abrandamento iniciado em 2017.
“Esperamos que o ambiente económico e financeiro melhore em 2019, e vislumbramos oportunidades de entrada na segunda metade do ano”, lê-se no Outlook 2019 da Amundi Asset Management. Para os especialistas da sociedade gestora de activos, um dos factores de sucesso do investimento em activos dos mercados emergentes está na escolha de países pouco expostas à dinâmica do mercado mundial, baixas vulnerabilidades externas e margem de manobra orçamental.
Um dos faróis dos mercados emergentes é a China. Segundo o FMI, a maior economia do mundo irá crescer 6,2% em 2019, menos 0,4 pontos percentuais que o projectado para 2018, materializando um abrandamento iniciado em 2017.
Nada de grave, diz-se. Será o resultado do travão ao crédito por parte das autoridades chinesas e dos receios em relação à guerra comercial, que retraiu o sentimento dos investidores e a procura doméstica e o país tem recorrido às políticas monetária e fiscal para manter o ritmo.
Entre alguns estímulos está o corte nas reservas exigidas aos bancos – de 17,5% para 14% -, a depreciação do Renminbi face ao dólar norte-americano e o aumento da despesa pública fruto de uma reforma fiscal para impulsionar o consumo e o investimento em infra-estruturas. “Acreditamos que apesar de persistirem algumas dúvidas, não se concretizará uma travagem brusca da economia chinesa em 2019”, explica Diana Oliveira, dando exemplos dos vários estímulos.
No entanto, para quem está de olho nos mercados emergentes, a economia chinesa é um farol a seguir. Não só devido ao peso que tem no comércio na região asiática, como no papel que terá na potencial guerra comercial que ameaça o mundo. Ou seja, os dados estão lançados, mas as odds não são as mais favoráveis. Tal como não são para quem pretende assistir ao “The World Of Hans Zimmer – A Symphonic Celebration”.
À saída desta edição para a banca é provável que os bilhetes para o espetáculo do “Mozart dos tempos modernos” no Altice Arena em Abril já estejam esgotados. Melhores hipóteses terão de conseguir ainda um ingresso para um dos três concertos que os ”Ornatos Violeta” vão dar em 2019.
Após setes anos fora dos palcos, a banda portuense vai regressar para celebrar os 20 anos do álbum “O Mostro Precisa de Amigos”. E, não, não é de ursos que se trata. É de música, da boa, e de uma elevada probabilidade de assistir a um espectáculo épico. Bom ano!