O Governo delineou a proposta de Orçamento de Estado para o ano de 2022 assente num cenário macroeconómico que prevê “a continuação de uma trajetória de recuperação da economia portuguesa”, com um crescimento de 4,9%, prevendo-se que a economia se situe 0,7% acima do nível pré-pandemia registado em 2019. Trata-se de uma previsão igual à estimada pelo INE. O Conselho das Finanças Públicas prevê um crescimento de 4,8%.
Na perspetiva do executivo, o crescimento previsto para 2022 beneficiará “de uma forte recuperação das exportações, em particular da exportação de serviços [13,1%, n.d.r.], que, em 2021, ainda se encontrava mais de 20 pp abaixo do nível de 2019”.
“O levantamento das restrições à mobilidade internacional e o ritmo de vacinação a nível global contribuirão para uma recuperação forte do turismo e serviços de transporte associados, especialmente a partir do segundo trimestre de 2022”, assinala a equipa do Ministério das Finanças.
O governo antecipa “igualmente um contributo significativo do investimento, que beneficiará da implementação do PRR e do forte crescimento do investimento público, superior a 30%”.
Nesse capítulo, o Orçamento de Estado projeta um aumento do investimento público e privado de 7,9%.
Face à proposta de Orçamento do Estado para 2022 apresentada em outubro de 2021, o crescimento foi revisto em baixa em 0,6 pp em consequência da guerra na Ucrânia (de 5,5% para 4,9%), principalmente devido aos seus efeitos nos preços e nas quantidades transacionadas de matérias-primas (energia, cereais entre outras), bem como das sanções económicas implementadas.
Ao nível do mercado de trabalho, estima-se que o emprego cresça 1,3% em 2022, resultando na diminuição da taxa de desemprego para 6%, “prevendo-se deste modo um valor inferior ao verificado no período pré-pandémico (2019)”, indica o Ministério das Finanças.
Em termos de inflação, prevê-se uma aceleração, de 1,3% em 2021 para 3,7% em 2022, no caso do Índice de Preços no Consumidor, e de 0,9% para 4% no caso do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor.
“Estas estimativas têm subjacentes níveis de inflação mais altos durante o primeiro semestre, desacelerando no segundo semestre de 2022. A maior aceleração verificada no IHPC traduz a perspetiva de recuperação dos efeitos da pandemia do setor da restauração e hotelaria, tendo também subjacente um diferencial positivo entre Portugal e a área do euro, em linha com o verificado em 2021 e nos primeiros meses de 2022”, aponta o relatório do Orçamento de Estado.
O Governo vê esta inflação como transitória, em linha com as projeções do Banco de Portugal e as estimativas do BCE para a área do euro: “O aumento da inflação em 2022 reflete essencialmente a subida do preço das matérias-primas, em particular as energéticas, e constrangimentos nas cadeias de abastecimento globais. É esperado que estes efeitos se dissipem a partir do final do ano”.
Nas projeções do Executivo, o défice orçamental descerá para 1,9% do PIB e a dívida pública descerá para 120,7% do PIB.