A Oakberry chegou a Portugal em 2019 e, apesar do início complicado, com a pandemia causada pela covid-19 pelo meio, entrou numa linha de crescimento que não parece perto de abrandar. Este mês abrem duas novas lojas, uma em Sesimbra e outra no Funchal, mas não querem ficar por aqui. A Forbes Portugal falou com Ricardo Cherto, managing partner da Oakberry, sobre a expansão da marca.
Como descrevem o crescimento da marca desde 2019, ano em que entrou em Portugal?
O nosso crescimento em Portugal sempre aconteceu de forma bastante orgânica. Abrimos a nossa primeira unidade em Lisboa em agosto de 2019 e durante um ano esperámos pelo amadurecimento da loja e da marca, até que os consumidores percebessem o nosso valor. Tivemos que “educar” o mercado de certa forma, apresentando os benefícios do açaí como um superfood e os diferenciais do açaí Oakberry comparado aos demais. Quando chegámos em Portugal, o açaí era mais visto como uma sobremesa, muito por conta da forma como as outras marcas comunicavam o produto e o comercializavam com coberturas doces, chocolates e afins. Com o nosso posicionamento mais voltado para uma alimentação saudável, percebo que hoje as pessoas já consomem açaí como uma refeição, seja ela qual for. Em agosto de 2020 inaugurámos a nossa primeira franquia, em Cascais, e de lá para cá a procura por franchising aconteceu de forma natural. Nunca fomos atrás de investidores, as pessoas procuram-nos querendo abrir lojas, nós avaliamos o perfil do franchisado e definimos uma zona de atuação para que possamos expandir garantindo sempre a sustentabilidade do nosso negócio. Em 2023 foram inauguradas 12 novas unidades, chegando a um total de 35 em dezembro. Hoje já estamos com 38 unidades abertas e outras seis em fase de implantação. No ano passado as lojas venderam quase 1 milhão de bowls e smoothies, resultando numa faturação de cerca de 8 milhões de euros.
Contam com 38 lojas no país, em que zonas têm uma presença mais forte?
Como iniciamos a expansão por Lisboa e temos o nosso escritório aqui, naturalmente a AML [Área Metropolitana de Lisboa] é onde temos uma concentração maior de unidades. São atualmente 24 lojas espalhadas entre Lisboa, Cascais, Oeiras, Margem Sul e Ericeira. Também já estamos com a marca bastante consolidada no Porto, onde temos cinco unidades entre Porto, Matosinhos e Gaia. Ainda há bastante espaço para crescer, inclusive nas demais grandes cidades do Norte do país. No Algarve já são três unidades e estamos à procura de outras boas oportunidades nas maiores cidades. Apesar da sazonalidade da região, as lojas de Portimão, Faro e Albufeira funcionam muito bem durante o ano todo. Por fim, temos atualmente quatro lojas no Centro de Portugal, última região do país em que entrámos. São duas em Coimbra, uma em Leiria e uma em Peniche. Há espaço para mais e também estamos em busca de boas oportunidades, tanto no litoral Oeste como no interior.
As aberturas mais recentes foram na Madeira e Sesimbra, porquê expandir para estas duas regiões?
Sempre que expandimos para alguma nova zona, seja uma cidade, um bairro ou região, é porque acreditamos muito no potencial daquele mercado. Os nossos estudos levam em conta o número de habitantes, o perfil dos consumidores, o poder de compra e a população flutuante. Como Portugal é um país que movimenta muito turismo nacional e internacional, também queremos estar onde o nosso público está nos seus momentos de lazer. Sesimbra é uma zona que tem crescido bastante e acreditamos que o potencial da loja vá além dos bons dias de verão. Vemos um movimento constante das pessoas que buscam novos imóveis a preços mais acessíveis próximos das grandes cidades, mas com uma qualidade de vida melhor e mais tranquila. Funchal é uma cidade tão relevante quanto qualquer outra do Continente, seja pela população jovem local que busca novos conceitos, como pelos turistas que encontram na Madeira um clima agradável durante o ano todo. A nossa ideia é abrir ainda mais lojas nas Ilhas nos próximos anos.
Fale-me um pouco sobre as previsões de crescimento que fizeram para este ano
A nossa meta para 2024 é chegar a 50 unidades no país. O foco atual da expansão está na consolidação da marca no Centro/Norte do país, chegando a zonas onde não estamos presentes e fortalecendo ainda mais a nossa presença nas regiões. A nível de faturação, a meta é crescer entre 70 e 80%, um pouco abaixo dos 101% que crescemos em 2023. Mas não somos muito de nos apegar a estas metas numéricas. A nossa busca é crescer com qualidade e consistência, garantindo que todas as lojas estejam financeiramente saudáveis e os nossos franchisados satisfeitos. Acredito que colocar metas é limitar o nosso crescimento. Diziam que não caberiam nem 30 unidades Oakberry em Portugal. Hoje, tenho a certeza de que ainda não estamos nem na metade do nosso potencial. O que temos visto em Portugal é uma demanda crescente pelo nosso produto, a valorização do nosso conceito e um público cada vez mais fã da Oakberry.
O quão desafiante foi a entrada e afirmação no mercado português?
O início foi bastante duro. Passámos os primeiros oito meses nesse processo de “educação” do mercado. Quando as coisas finalmente começaram a crescer, veio a pandemia e uma sensação de impotência e frustração de ter que começar do zero novamente. Além dos consumidores, passámos pela validação dos donos de imóveis e centros comerciais, que fecharam as portas para nós no início do projeto. Também tivemos dificuldades com a cadeia de fornecimento e com a distribuição de produtos em Portugal. Graças a Deus, estes problemas estão todos no passado e hoje podemos celebrar o nosso sucesso, que foi construído com cada pedra que tivemos que mover do nosso caminho.