O “Forbes Annual Summit 2023: Empower the Future” destacou a importância da transformação digital na valorização das pessoas, das empresas e das economias, num painel composto por Pedro Lopes, Secretário de Estado da Economia Digital de Cabo Verde e Conselheiro do World Economic Forum; por Cristina Rodrigues, CEO da Capgemini Portugal; e Pedro Barros, General Manager of Contractors da Remote.
Cristina Rodrigues, CEO da Capgemini, referiu quais são, no seu entender, os fatores-chave para o sucesso das empresas e para se conseguir que os negócios deem lucro: “processos, pessoas e tecnologia” integrados “numa estratégia bem definida”.
Na perspetiva desta gestora, a “transformação digital não é opção, mas uma obrigação” para as organizações, considerando, inclusive, que as “empresas não sobrevivem se não se adaptarem” a uma nova realidade que passou também a ter de contar também com a Inteligência Artificial (IA): “A IA não é uma mera ‘buzz word’” sublinha. “A AI já não é uma opção”, refere, afirmando que até 2025 serão investidos no mundo 200 biliões de dólares em AI, com a Capgemini a caber dois mil milhões de dólares.
A responsável da Capgemini é da opinião de que falar de transformação digital é falar de pessoas e tecnologias, revelando perante uma plateia composta por decisores políticos, empresários e académicos alguns dos pequenos “segredos” que tem adotado e que têm permitido colocar a empresa entre as melhores para trabalhar em Portugal.
Cristina Rodrigues referiu que os seus cerca de 3600 colaboradores, 1600 dos quais contratados no último ano (“estamos em contraciclo e isso significa que estamos a ganhar negócio”), têm apenas de ir seis dias por mês presencialmente ao escritório e explicou que implementou um pequeno-almoço com os colaboradores que quiserem inscrever-se e que acontece uma vez por semana, em que o “único requisito é não falar de salários”.
Esses encontros, dos quais têm surgido muitas ideias proveitosas para a empresa, mostram, de acordo com Cristina Rodrigues, que as novas gerações não se movem apenas pelo salário: “O salário emocional conta mais do que o salário em dinheiro, porque o salário em dinheiro todos damos. Para uma empresa robusta isso não é tema; o salário é fácil. O mais difícil é criar um ambiente que possa reter aquele colaborador”, aponta.
Ao nível dos recursos humanos, Cristina Rodrigues afirma que valoriza bastante as soft skills: “Se alguém tiver as soft skills certas, nós [Capgemini] ensinamos o resto [as hard skiils]. Saber estar, querer aprender são aspetos importantes”. A CEO da tecnológica deu o exemplo do seu braço direito que entrou na Capgemini como psicóloga e que hoje gere 200 milhões de euros de tesouraria: “Ela quis, eu dei [formação na área de gestão] e ela, neste momento, é o meu braço direito. De psicóloga tornou-se uma boa gestora”.