O Doutor Finanças, empresa especializada em finanças pessoais e familiares, antecipa a continuação da descida das taxas de juro no próximo ano: “O contexto atual é de descida da taxa de juro. No entanto, é fundamental conhecer as perspetivas do mercado para 2025”, refere Sérgio Cardoso, administrador da Academia Doutor Finanças, que acrescenta que “as previsões apontam para que o BCE desça a taxa de referência para 2% até ao verão do próximo ano. Isto significa que podemos esperar que as taxas de juro em 2025 associadas ao crédito habitação também desçam”.
Ainda segundo este especialista, “é expectável que as taxas Euribor mantenham o ritmo de descida e que recuem para valores abaixo dos 2% no final da primavera/início do verão. Após tocarem neste nível, as taxas Euribor devem recuar de forma ligeira, não se afastando muito da referência do BCE (que deverá estar nos 2%)”.
Dentro deste contexto, muitas famílias questionam o que devem fazer ao seu crédito habitação: taxa mista ou taxa variável? “O que nos dizem os dados disponíveis é que atualmente conseguimos contratar um crédito com taxa fixa de 2,6% durante dois anos. Se as taxas Euribor recuarem para níveis de 1,85%, como se prevê que aconteça no final do próximo ano, a diferença entre os dois cenários é nula, uma vez que no caso de termos um contrato a taxa variável temos de acrescentar o spread (1,85%, mais 0,75% de spread corresponde a 2,6%)”, afirma Sérgio Cardoso.
O administrador da Academia Doutor Finanças, clarifica, porém, que apesar de a contratação de uma taxa fixa de curto prazo representar uma poupança no imediato, tendo em consideração os valores dos juros praticados, “no futuro pode significar ficar a pagar mais de prestação. Isto se as taxas Euribor descerem para valores inferiores aos que estão a ser antecipados”.
Cuidados a ter na escolha do indexante
A escolha do indexante no crédito deve, por isso, “depender de outras questões além da prestação inicial. Para quem a estabilidade for o mais importante, é recomendado que opte por uma taxa fixa de curto prazo. Para quem lida bem com alguma instabilidade, optar por indexar o crédito habitação a uma taxa Euribor pode ser a solução”, recomenda o especialista.
“É essencial perceber que não há forma de antecipar com toda a certeza qual será a evolução das taxas de juro. A evolução da economia, nomeadamente na Alemanha e em França, e as questões geopolíticas, nomeadamente as que envolvem os EUA, podem fazer toda a diferença na política monetária”, adverte: “E se as taxas de juro descerem ao ritmo antecipado, as famílias podem esperar por um retorno menor das suas poupanças. As taxas de juro dos depósitos e dos Certificados de Aforro vão acompanhar a evolução, o que significa que o retorno das poupanças dos portugueses vai diminuir”.
Por outro lado, “os investimentos no mercado bolsista tendem a beneficiar de um ciclo de descida de juros”.
Assim, “uma descida das taxas de juro vai implicar menos custos com o crédito e maior probabilidade de financiamento. Por outro lado, o retorno das poupanças tende a diminuir, enquanto o desempenho bolsista tende a aumentar”, conclui a sua análise este especialista.