Uns mercados estão a mudar e outros em queda, inflação tornou-se palavra de ordem e os cortes são mais do que muitos. Para muitos tudo isto pesou a nível de emprego, seja porque o perderam e estão neste momento à procura de uma nova oportunidade, ou porque a situação atual já não corresponde às expetativas e precisam de uma mudança.
Junto de Matthieu Douziech e Maria Falcão, o fundador e diretora executiva do Harpoon, empresa de recursos humanos, a Forbes Portugal foi perceber o que é que os empregadores procuram atualmente para que, desta forma, consiga estar mais preparado para qualquer processo de recrutamento.
O que é que os vossos clientes mais procuram num candidato?
Matthieu Douziech: Vou tentar responder reformulando um bocadinho, vou dizer o que nós procuramos. Acho que isso corresponde verdadeiramente [ao que eles procuram]. Como selecionamos e avaliamos os nossos candidatos? É muito fácil, procuramos game changers, que é uma palavra bonita, mas procuramos pessoas com alto impacto nas organizações, pessoas que vão deixar as suas marcas. Procuramos pessoas orientadas para a performance, altamente orientadas para resultados, é o segundo critério. E depois, o terceiro critério para nós, procuramos o que chamamos de harpoon leader, um conjunto de competências de liderança, que são a visão estratégica, ambição, drive e agilidade. São estes três critérios que nós procuramos e que usamos sempre para avaliar os candidatos. Pessoas com alto impacto, altamente orientadas para os resultados e com uma agilidade de aprendizagem brutal. Atualmente requer competências muito mais comportamentais, de liderança, mais do que as hard skills sobre as quais avaliámos os candidatos no passado. Já não é isso que faz sentido.
Qual é a expetativa dos candidatos?
Maria Falcão: Eu acredito que os processos de recrutamento hoje em dia são mais exigentes do que antes nas duas perspetivas, na do candidato e do cliente. O que é que os candidatos esperam? Num processo de recrutamento esperam acompanhamento, que alguém os aconselhe, os ajude a preparar, a ter os bench marks salariais, as referências, onde tenho de me posicionar. Os próprios candidatos têm de fazer um trabalho mais exigente de preparação e de conhecimento das organizações. Cada vez mais se fala sobre a tendência de dividir o talento dentro das organizações em personas, porque de facto há pessoas que dão muito valor ao trabalho híbrido, outras que dão valor a compensação e benefícios, outras que dão valor a desenvolvimento da carreira, outras a propósito, e cada vez mais nós vemos estas multiplicidade de escolhas e uma tendência das organizações se adaptarem e irem personalizando a sua oferta também para se tornarem mais atraentes enquanto empregador e conseguirem trazer novos candidatos. Como tendência, diria que hoje em dia as pessoas procuram novas condições salariais, propósito e management.
Que conselhos deixam a um candidato que esteja neste momento à procura de emprego?
Matthieu Douziech: Acho que acima de tudo é refletir sobre si, os seus próprios valores e tentar primeiro de tudo encontrar organizações alinhadas com o seu próprio propósito e os seus valores. É isso que faz ficar as pessoas dentro das organizações. Dois: fazer um esforço de pesquisa sobre as empresas, não ir a nenhuma entrevista sem ter o mínimo de informações relevantes para trocar bónus com as pessoas com que vai ter uma conversa.
Maria Falcão: A honestidade e transparência
Matthieu Douziech: Acho que um recrutador gosta de ser desafiado. Colocar perguntas, mostrar curiosidade, interesse. Acho que quanto mais interessantes são as perguntas que são feitas pelo candidato maior vai ser a sua capacidade de mostrar visão estratégica, curiosidade, entusiasmo, acho que tem de ser uma conversa equilibrada e nesse sentido requer o mínimo de preparação.