De acordo com dados do Eurostat, Portugal é o país da União Europeia onde os jovens saem mais tarde da casa dos pais. Em média, em 2021, os jovens portugueses deixaram os pais aos 33,6 anos, o que significa que ficaram no lar dos seus pais mais 14,6 anos do que um jovem na Suécia, país da UE onde os jovens saem de casa dos pais mais cedo.
Independentemente da idade, da situação económica dos jovens ou dos preços das habitações, de uma forma geral, há uma questão que se coloca sempre e que se prende com a comparação entre comprar ou arrendar casa.
O Eurostat revela também que 77,3 por cento da população portuguesa é a proprietária das habitações onde vive e os restantes 22,7 por cento optaram pelo arrendamento, mostrando assim a tendência portuguesa na resposta a esta questão. Na União Europeia, a percentagem de famílias com a sua própria habitação é de 70 por cento, sendo o ranking liderado pela Roménia, onde 96 por cento da população é proprietária da casa onde vive. No entanto, na Alemanha, metade das pessoas vive em casas compradas, a outra metade em habitações arrendadas.
A aversão ao arrendamento e atração à compra vêm muitas vezes associado ao conceito de comprar algo para o património próprio, em vez de estar a pagar mensalmente por algo que não é, nem será, da pessoa que lá vive. Isso é, certamente, verdade, mas uma decisão ponderada não pode tomar apenas isso em consideração.
O arrendamento tem muitas vantagens como, por exemplo, uma maior flexibilidade na mudança de casa, o que permite ajustar a casa onde vive ao estilo de vida que tem. Uma outra vantagem prende-se com a previsibilidade de custos já que a renda paga será o único encargo que tem, assumindo que tudo corre bem e de acordo com o que é expectável.
O proprietário, seja da casa própria ou da casa que arrenda a inquilinos, está sujeito a impostos, seguros, manutenção, condomínio e toda uma série de custos. Inúmeras vezes se ouve dizer que “comprar é mais barato do que arrendar”, mas há uma falta de informação enorme, porque se está a comparar apenas prestação do crédito com renda e isso não é correto.
Devem somar-se todos os custos que foram enumerados e ainda ter em consideração o capital próprio necessário para a entrada e as variações na prestação do crédito, sendo que esta última tem afetado negativamente vários milhares de proprietários nos últimos meses.
Na verdade, não existe uma resposta certa nem nenhuma fórmula que possa ser aplicada para perceber se o ideal é comprar ou arrendar. Na minha opinião, depende totalmente das pessoas envolvidas, da tua situação financeira, profissional e ideias futuras. Só com todas essas variáveis devidamente analisadas, será possível tomar uma decisão totalmente consciente.