“O Porto Drum Show é hoje um caso sério de sucesso internacional”

Quando o Porto Drum Show surgiu em 2004, era uma aventura nascida da vontade de criar espaço para a bateria e a percussão no panorama cultural português. Duas décadas depois, o evento tornou-se uma plataforma de partilha, formação e cultura, reunindo artistas de renome internacional e novas gerações de músicos. À Forbes Portugal, Hugo Danin…
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Entre 14 e 16 de novembro, a Alfândega do Porto volta a vibrar ao ritmo do Porto Drum Show, um dos maiores encontros de percussão do mundo. À frente da organização está Hugo Danin, músico profissional e mentor do festival, que fala à Forbes Portugal sobre o percurso, os bastidores e o futuro deste projeto que nasceu de uma paixão e se transformou numa referência global.
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Quando o Porto Drum Show surgiu em 2004, era uma aventura nascida da vontade de criar espaço para a bateria e a percussão no panorama cultural português. Duas décadas depois, o evento tornou-se uma plataforma de partilha, formação e cultura, reunindo artistas de renome internacional e novas gerações de músicos.

À Forbes Portugal, Hugo Danin fala sobre o crescimento do festival, o impacto que tem tido na cidade e o sonho de transformar a Alfândega do Porto num verdadeiro centro global de divulgação artística.

O Porto Drum Show nasceu em 2004. Quais são as grandes diferenças do evento em relação às primeiras edições?
São imensas, para além do espaço onde tudo começou – o CACE Cultural do Porto, um “armazém” sem qualquer tipo de condições para este tipo de eventos, onde tivemos de construir tudo de raiz, isolamento, estruturas de separação de espaços, construir uma dinâmica de espaço que fosse relativamente apelativa e confortável, criar condições de hospitalidade minimamente agradável para podermos receber as pessoas e, acima de tudo, tentar criar um evento credível, que pudesse transmitir a todas as pessoas que queríamos que estivessem dentro deste projecto uma noção de crescimento, seriedade e oportunidade.

Ao longo dos anos fomos crescendo e houve a necessidade de encontrar um espaço idílico para este evento, um espaço que nos pudesse dar em espaços físicos tudo aquilo que o Porto Drum Show representa: entretenimento, formação, educação, oportunidade de negócio e muita cultura.

Esse espaço é a Alfândega do Porto, onde conseguimos construir o nosso “quartel general”, onde tudo pode ser feito e encaixado de uma forma simples e cómoda e, principalmente, com a capacidade de crescimento que temos conseguido nos últimos anos.

O Porto Drum Show começou como uma aventura associada a uma paixão, neste momento é um caso sério de sucesso internacional e uma estrutura cultural que atingiu a marca inegável de um dos maiores eventos do mundo nesta lógica.

“O Porto Drum Show atingiu a marca inegável de um dos maiores eventos do mundo nesta lógica”

Há uma forte componente de partilha e aprendizagem no Porto Drum Show. O que é que mais o entusiasma nesse lado formativo — ver novos talentos a nascer, criar comunidade, ou simplesmente pôr toda a gente a tocar junta?
Tudo o que mencionou faz parte do Porto Drum Show e é isso que mais me emociona – perceber que crescemos de algumas centenas para milhares, perceber que temos contribuído de uma forma significativa para o desenvolvimento educativo, formativo e cultural da cidade, do país, de todos os que têm procurado estar presentes, ano após ano.

É um trabalho duro, muito exigente, obriga a um conhecimento total da indústria, dos “players” destas áreas, mas que se torna incrível e gratificante quando somos responsáveis por ter conseguido criar um evento tão completo, tão diversificado.

Nesta edição, para que performances gostaria de chamar a atenção do público?
Para todas (risos), mas acho que este ano não estamos diferentes de anos anteriores, temos tido sempre uma qualidade assinalável de convidados, pois tenho sempre uma preocupação de trazer e construir um cartaz eclético, mas, acima de tudo, com a certeza que temos sempre os melhores dos melhores.

Este ano convidava as pessoas a assistirem a esta nova geração de músicos nacionais como o Tiago Joaninho, o Marcelo Aires e as nossas “estrelas”, nomes incontornáveis do mundo artístico internacional como Larnell Lewis, Jojo Mayer, Calvin Rodgers e, claro, a estrela desta edição: Sleep Token II.

No entanto, chamo a atenção para um concerto incrível que vamos ter no dia 14 de novembro como início deste fim de semana de um dos mais importantes projetos de música brasileira nacional, a Orquestra Bamba Social, a melhor solução de calor para um mês de frio (risos).

“Tenho sempre uma preocupação de trazer e construir um cartaz eclético, mas, acima de tudo, com a certeza que temos sempre os melhores dos melhores”.

Que conheça, há alguma história de um músico que tenha despontado com o Porto Drum Show e tenha seguido uma carreira profissional? Ou que histórias ao longo destas edições todas que organizou mais o marcaram?
O Porto Drum Show tem 6 edições, pelo que espero que daqui a alguns anos muitos comecem a aparecer e, se o evento teve parte influente nesse percurso, sinto-me realizado. Mas vão aparecer muitos, não tenho dúvidas!

Quanto às histórias… são tantas! Mas, por exemplo, poder ver subir ao palco que construí algumas das minhas maiores referências artísticas e musicais como Dave Weckl, Billy Cobham, Jojo Mayer, Keith Carlock., entre outros, e sentir que lhes estou a prestar este tributo foi incrível (acho que existem vídeos comigo a chorar) [risos]. Ver que as famílias são cada vez mais frequentes neste evento, ver as crianças com os pais, os avós, numa comunhão perfeita, e sentir que estamos a contribuir para a desmistificação da bateria e da percussão como um instrumento de segunda categoria… (não poderá ser mais errada a observação). Continuamos a ser o pulsar de tudo o que faz movimentar, o batimento de tudo o que nos faz estar vivos.

“Continuamos a ser o pulsar de tudo o que faz movimentar, o batimento de tudo o que nos faz estar vivos”.

Quando pensa no futuro do Porto Drum Show, qual é o sonho? Que marca gostaria que o evento deixasse na cidade e em quem por aqui passa?
O sonho é continuar a crescer! Tenho um plano a médio prazo para ficar com a Alfândega do Porto na totalidade, fazer deste edifício o maior centro de divulgação artística, um templo de partilha, comunicação, entretenimento, cultura… o objetivo é acrescentar a este evento mais-valia, torná-lo transversal a todas as áreas da cultura, da formação do entretenimento, criar o maior cluster do país de música e cultura agrupado num evento de 4/5 dias que irá contagiar a cidade, o país e o mundo! Perguntou-me: qual o sonho certo? (risos)…

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