Três mulheres com ADN empreendedor debateram o poder que carregam nos seus genes para fazer acontecer. O debate aconteceu durante a 3ª edição do Forbes Women Summit, dedicado ao tema O Poder de Acreditar, que aconteceu na tarde de dia 12, no SUD, em Lisboa.
Bendita Miranda, general manager da Foundever – OffShore, Neashores for the EMEA, Maria Teixeira Lopes, fundadora da Auranua e Carolina Santos, fundadora da marca Alameda Turquesa, apresentaram, num painel dedicado ao tema O Poder do ADN, os seus projetos e a energia pessoal que estão a colocar nos mesmos. Por fim, confessaram à plateia qual o legado que gostariam de deixar para as gerações futuras.
Benedita Miranda começou por explicar que a Foundever é uma multinacional com mais de 30 anos, sediada nos Estados Unidos e que trabalha na área da experiência ao cliente, com marcas globais. “Já trabalho na empresa há 15 anos e estou muito habituada a ambientes multiculturais, que é uma coisa que me apaixona. Adoro liderar pessoas e o facto de poder fazer isso é uma experiência muito enriquecedora”, referiu. Acrescenta que procura, com suas características principais como líder, conseguir uma liderança de proximidade.
Benedita Miranda é ainda presidente da Fundação Foundever, que foi criada há apenas dois anos, com o objetivo de dar suporte à comunidade através, por exemplo, do apoio à educação em comunidades mais vulneráveis.
”O segredo é criar equipas que têm a empatia no centro de tudo o que fazem. A empatia é essencial quando se gerem grandes equipas e o facto de criar proximidade se consegue garantindo que ouvimos os nossos colaboradores, com programas muito centrados em auscultar o colaborador”, disse ainda. Como viaja por muitos países onde a empresa está presente, é fundamental conhecer bem as pessoas, e as suas características culturais. “Liderar é adaptar, e os portugueses sempre foram bons a adaptar-se em culturas distintas. É muito isso que fazemos, passamos muito tempo com os colaboradores de diversas culturas”, remata.

Benedita Miranda é ainda presidente da Fundação Foundever, que foi criada há apenas dois anos, com o objetivo de dar suporte à comunidade através, por exemplo, do apoio à educação em comunidades mais vulneráveis. “Fazemos muitos programas, e em 80% dos casos damos suporte a mulheres vulneráveis para que possam encontrar emprego. Também trabalhamos com programas para refugiados. Fazemos muita intervenção em África e incentivamos os nossos colaboradores a fazer voluntariado. Para mim era um sonho poder trabalhar numa Fundação, e, se pudesse, trabalhava só nisso”, explica.
Auranua, o poder do autoconhecimento
Por sua vez, Marília Teixeira Lopes fundadora da Auranua, um espaço de bem-estar muito dedicado ao conhecimento pessoal e profissional, refere que, “Uma das coisas que mais me motivou para entrar no empreendedorismo foi a liberdade, não a liberdade romantizada, mas uma liberdade diferente, que me fez ficar curiosa: A curiosidade é um das características mais importantes, que me fez pensar que seria possível há 15 anos trabalhar online, e viajar pelo mundo”. E acrescenta que igualmente importante foi ter a coragem de arriscar, característica que aliada à intuição, e ao poder de acreditar, tornou possível a fundação, não de uma, mas de duas empresas.

Refere ainda que o autoconhecimento é fundamental para qualquer líder “porque nos permite conhecer não só a nós próprios, e a nos respeitarmos, como também respeitar o outro e perceber que o outro também tem os seus pontos positivos e menos positivos”. Explica ainda que “Nesta minha caminhada de 15 anos, a autenticidade, a liderança e o autoconhecimento fazem parte de tudo, quer do meu processo e quer do dos meus clientes. Um líder tem de se conhecer, ser empático, e consistente, porque não adianta só parecer, tem de ser”.
Turquesa Azul exporta 90% da sua produção
Carolina Santos partilhou com a plateia a sua história empresarial de sucesso, embora ainda recente, como faz questão de ressalvar. Arquitecta de formação, sentiu que não estava feliz profissionalmente e decidiu levar ao mundo aquilo que a mãe sabia fazer, sandálias artesanais. A marca, que já exporta 90% da sua produção, posicionou-se no segmento do luxo e chega agora a inúmeras personalidades internacionais. “Somos a primeira marca portuguesa a estar no Harrods, no Sachs, e em todas as lojas de departamentos de luxo do mundo inteiro e temos conseguido uma projeção internacional muito grande”, partilhou a empreendedora.

Diz com modéstia que “ainda somos muitos pequeninos”, mas a marca já esteve presente, por exemplo, na série da Netflix, Emily in Paris. Carolina santos revelou como tudo aconteceu: “A marca está em muitas lojas internacionais e temos muitas celebridades a usar as nossas peças. A Lily Collins já tinha comprado as nossas peças, tal como outras atrizes da série, e a produção da série gostou tanto das peças que perguntaram se queríamos aparecer”. E foi assim.
“Temos de continuar a saber quem somos, queremos continuar a fazer tudo em Portugal, com os nossos artesãos. Já tivemos contactos de investidores, mas não queremos ir por aí”, diz Carolina Santos.
“Tudo o que tem acontecido surge das pessoas que gostam daquilo que estamos a construir. Quando começámos há 10 anos ninguém sabia que eram peças portuguesas feitas à mão. Chegaram a dizer-nos para não usarmos o nome português porque nunca iriamos ser conhecidos lá fora. A nossa estratégia foi apostar no artesanal e ter calma. No mundo da moda, num setor em que se fazem seis ou sete coleções por ano, estamos a voltar um pouco atrás e fazer as coisas com calma”, refere. Partilhou ainda com a audiência que sabe o caminho que quer trilhar, e que é manter uma dimensão pequena, autêntica. “Temos de continuar a saber quem somos, queremos continuar a fazer tudo em Portugal, com os nossos artesãos. Já tivemos contactos de investidores, mas não queremos ir por aí”, remata.
Um legado para o futuro
As três gestoras foram confrontadas com o repto: que legado gostariam de deixar para as gerações futuras de empreendedoras. Benedita Miranda afirma que gostaria de deixar, nas equipas, que lidera a empatia e a autenticidade. “Porque um líder que não seja autêntico não vai ser bem-sucedido. E para nós mulheres ainda há um grande caminho a fazer no caminho profissional. Ainda não estamos onde devíamos estar, ainda há muito a fazer”, diz.
Marília Teixeira Lopes refere a propósito que “a essência é a alma do negócio, e as novas empreendedoras deveriam seguir mais verdade do que tendência. Seguir processo e não pressa, trazer essa verdade sempre e usar a sua intuição como forma estratégica para o negócio”.
Carolina Santos remata dizem: aconselho a fazerem aquilo que as faz feliz. A minha vida toda estudei para ser arquiteta, trabalhei como arquiteta e um dia não aguentei mais. Conta como não desistiu do seu sonho de empreendedora. “Quando a Sofia Vergara nos comprou uma peça, em 2017, isto nunca teria passado pela cabeça da Carolina estudante de arquitetura. É só acreditar em nós. E sabermos vender, pois acho que é uma coisa que em Portugal se faz muito mal ainda. Nós não nos sabemos vender, mas somos muito bons e temos de acreditar nisso”.