Nunca me canso de falar sobre a liberdade. Um conceito que nos é tão familiar e, ao mesmo tempo, tão difícil de pôr em prática. Vivemos, muitas vezes, na ilusão de que a temos, de que a praticamos, quando, na verdade, somos verdadeiros prisioneiros de nós mesmos. Dos outros. Da ideia que os outros têm de nós. Da ideia que nós próprios temos de nós. Das redes sociais. Das expectativas. Das opiniões.
Não tenho respostas fechadas, muito menos universais, mas tenho feito o exercício de tentar perceber onde está a minha liberdade. Onde está e onde quero que esteja. Sei, em primeiro lugar, que não quero ser escrava de mim mesma nem da minha mente. Não é isso que é ser livre? Não estarmos presos aos labirintos que trazemos connosco? Sei, também, que é a olhar para dentro que encontro muitas das respostas que procuro — respostas essas que, muitas vezes, passam pelo “não te leves tão a sério” e me devolvem a tranquilidade que as pressões externas teimam em querer roubar-me. Mais importante: respostas que me dão a liberdade e a confiança para acreditar que consigo ser e fazer tudo aquilo a que me comprometo, mesmo que outros não reconheçam isso em mim ou que me ponham em caixas às quais não pedi para pertencer.
“Tenho ganhado cada vez mais consciência de que todo o tempo que tenho — seja muito, seja pouco, seja bom ou seja mau — é sempre passado comigo”, diz Carolina Loureiro.
Ao longo dos anos — e, provavelmente, fruto da minha profissão —, também fui associando a liberdade a tempo: o tempo que temos para as nossas pessoas, para as nossas coisas, mas também o tempo que passamos connosco. O que é que realmente queremos dele? Que ande para trás — ou, pelo menos, mais devagar —, que nos retarde os sinais que ele próprio vai deixando? Ou que corra connosco, ao nosso lado, para acompanhar o ritmo frenético que nos habituámos a ter? Ao mesmo tempo, ser atriz trouxe-me também a liberdade de ser tantas outras coisas além de ser a Carolina. A minha mente pode viajar nas personagens, e dar-lhes vida tem sido onde gosto de gastar parte do meu tempo.
Tenho ganhado cada vez mais consciência de que todo o tempo que tenho — seja muito, seja pouco, seja bom ou seja mau — é sempre passado comigo. E, nisso, encontrei também a responsabilidade de ser a minha melhor companhia. Muitas vezes continuo sem saber em que é que isso se traduz, mas uma coisa é certa: a minha liberdade também é essa. Usar o meu tempo como quero, viver a minha vida como quero. Com tempo, com calma — tantas vezes subvalorizada —, e sempre, mas sempre, com liberdade.