CFO: Chief Financial Officer ou em português Diretor Financeiro. Quem ocupa este tipo de cargos é habitualmente visto como alguém mais sisudo, cinzento que vive mergulhado em números e folhas de cálculo. Mas será mesmo assim? Ana Fernandes, CFO da Zome, e Rita Piçarra, CFO da Microsoft, as duas diretoras financeiras que deram o seu testemunho na Forbes Women’s Summit Portugal mostraram que essa é uma ideia do passado e um preconceito desfasado do que se passa.
No painel O PODER DAS TALKS – ASK THE CFO, Rita Piçarra diz que, a par das suas funções mais óbvias de responsável financeira que a levam a “sim, passar muito tempo no Excel”, há toda uma envolvência mais ampla, porventura menos clara para muitas pessoas: “O CFO tem também um papel fundamental no desenvolvimento das pessoas e na cultura da empresa”, refere a CFO da Microsoft.
Rita Piçarra destaca, igualmente, a preponderância que a tecnologia assume no apoio ao seu trabalho de analisar contas.
Rita assume que usa também o Chat GPT, acreditando que se trata de algo que “veio para nos ajudar e não substituirá as pessoas”. Em que medida usa o Chat GPT? “Anteriormente, quando fazia previsões de vendas, eu tinha de perguntar aos vendedores quais os negócios que previam fazer. Hoje, essa informação é colocada numa ferramenta e os algoritmos dão-me todo um nível de dados que me ajudam a decidir. Com o uso da tecnologia, consigo fazer estimativas 3% mais precisas do que as projeções que os vendedores fazem”.
Outra ideia transmitida: os CEO olham para o CFO como alguém que tem uma posição estratégica na definição dos investimentos a efetuar. “Os CEO já pedem as nossas opiniões e querem ouvir as sugestões de investimento” que podem ser feitas.
E se se equiparasse a uma super heroína qual seria? “Se tivesse que escolher uma super heroína seria a mulher elástica. Andamos sempre a esticar o dinheiro!”.
“A ideia de um CFO fechado num gabinete não existe. Envolvo-me em tudo, de forma mesmo visceral”, afirma, por seu lado, Ana Fernandes, CFO da Zome que destaca o facto de que o diretor financeiro também desempenha um papel importante na criação de um ambiente empresarial mais humano, relacional e empático.
Além do apoio da tecnologia na tomada de decisões, Ana Fernandes realça que é crucial o CFO alargar o seu horizonte para acompanhar as tendências do mercado e dos projetos de investimento das empresas. A CFO exemplifica que quando a Zome lançou o projeto de criptomoedas, “fui estudar a temática. Na teoria, isso não faria parte das funções do CFO”.
Quer Ana Fernandes, quer Rita Piçarra destacam que, “em muitas empresas ainda se vive a ideia de que o CFO é uma pessoa muito cinzenta, sem sorriso, nem humor”. E elas próprias são vistas, nesse contexto, como diferentes, já que “sorriem muito para um CFO”. “Não parecem financeiras, pois sorriem muito”, já têm ouvido dos seus pares.
E para reforçar a mensagem de que um CFO não tem de ser alguém virado exclusivamente para folhas de cálculo, Rita Piçarra brindou a plateia, anunciando ter tomado a decisão de se reformar, aos 44 anos, e de se dedicar à família e aos amigos.
Afinal, há mais vida para lá dos orçamentos…