A Babel é espanhola, mas tem vindo a expandir a sua operação em Portugal. Que percentagem de negócio tem na operação global da Babel o mercado português?
A Babel é uma empresa de origem espanhola com presença em 10 países: Portugal, Espanha, Marrocos, Costa Rica, México, Chile, República Dominicana, Guatemala, Panamá e Colômbia. Em Portugal, temos três escritórios: Lisboa, Proença-a-Nova e Angra do Heroísmo. Em 2023, a Babel registou uma faturação global na ordem dos 180 milhões de euros. Este ano, prevemos ultrapassar os 200 milhões de euros de faturação global, com um EBITDA de 12%. Portugal contribui atualmente com 5% do volume de negócios, com perspetivas muito positivas de aumento desta quota no contexto do grupo Babel, considerando que é uma das geografias prioritárias na execução do plano estratégico Hyperspace 2029.
“Portugal contribui atualmente com 5% do volume de negócios, com perspetivas muito positivas de aumento desta quota no contexto do grupo Babel”
Que clientes e que tipo de serviços prestam em Portugal?
Temos uma presença diversificada em vários setores económicos, como banca, seguros, saúde, energia, administração pública, telecomunicações e media, servindo grandes clientes Tier 1 ou Blue Chips, que investem significativamente em tecnologia e que estão em processos de transformação tecnológica. Inicialmente, dedicávamo-nos a projetos de arquitetura e desenvolvimento de software, mas, com a evolução do mercado e as necessidades dos nossos clientes, ajustámos o nosso portfólio de serviços, com crescimento significativo nas áreas de cibersegurança, big data e analytics, Inteligência Artificial e hiperautomação.
Os mais de 200 colaboradores que têm no nosso país estão distribuídos entre Lisboa, Proença-a-Nova e Angra do Heroísmo. Se Lisboa é um local mais óbvio para terem escritório, as escolhas de Proença-a-Nova e Angra do Heroísmo não são tão óbvias. O que os levou a escolherem estas duas localidades e o que é feito em cada uma delas?
A nossa estratégia de diversificação geográfica em Portugal começou antes da pandemia. Estamos em Proença-a-Nova desde 2019, onde criámos um dos centros de competência mais relevantes do grupo, a partir do qual prestamos serviços para outros países. Esta escolha deve-se à proximidade de pólos universitários, como Coimbra, Guarda e Castelo Branco, onde encontramos talento que pretende fixar-se na sua região de origem. As condições proporcionadas pela autarquia foram importantes, mas acima de tudo foi um compromisso com as pessoas. Nos Açores, onde atuamos no setor público, a proximidade aos centros de decisão é essencial. A presença nos Açores também facilita a captação de talento local, reforçando o nosso compromisso com a criação de emprego em todo o país.
“Em Proença-a-Nova criámos um dos centros de competência mais relevantes do grupo, a partir do qual prestamos serviços para outros países”
Como tem sido o processo de recrutamento e desenvolvimento de talentos em Portugal, especialmente em cidades menos centrais como Proença-a-Nova?
A proximidade a centros universitários como Coimbra, Guarda, Castelo Branco e Viseu facilita o acesso a bons profissionais. Muitos dos nossos colaboradores realizaram o percurso académico em Lisboa e Porto, mas decidiram regressar às suas regiões de origem. A Babel atrai e retém bons profissionais que valorizam os nossos valores e a forma de trabalhar, e a nossa distribuição geográfica permite-lhes um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
O plano estratégico Hyperspace 2029 projeta um crescimento exponencial. Quais são as metas específicas para Portugal nesse contexto?
O plano Hyperspace 2029 é ambicioso: 1.000 milhões de euros de faturação global, 12% de EBITDA e 15.000 colaboradores até 2029. Estes objetivos exigem um crescimento orgânico anual de 20% e aquisições estratégicas, com foco em Portugal e Espanha. Em Portugal, as metas são alinhadas com outras geografias onde operamos, e acreditamos que temos as condições para crescer substancialmente, capitalizando o investimento em pessoas, tecnologias e soluções ajustadas às necessidades dos nossos clientes.
“Em Portugal, acreditamos que temos as condições para crescer substancialmente”
Atualmente, qual é o vosso maior cliente, aquele que vos garante maior volume de faturação em Portugal?
Temos clientes importantes em setores como setor público, banca, seguros, saúde, energia e telecomunicações. O volume de negócios está bem equilibrado entre os diferentes setores, mas posso adiantar que os nossos maiores clientes incluem empresas e entidades de destaque nestas áreas. O nosso objetivo é estar entre as 10 maiores empresas de consultoria tecnológica em Portugal.
A Babel planeia reforçar as operações em setores como telecomunicações, saúde, banca, administração pública e seguros. Em concreto, qual a vossa proposta de valor para ganharem clientes nestes setores, face ao que a vossa concorrência disponibiliza?
Temos um conhecimento profundo dos setores em que atuamos e contamos com colaboradores que conhecem o negócio dos nossos clientes e realizaram projetos de transformação nestes setores. Aliamos este conhecimento local à experiência acumulada noutras geografias e a uma rede de parceiros tecnológicos relevante, oferecendo uma abordagem diferenciada na entrega dos nossos projetos. Na Babel, a tecnologia é um meio para oferecer soluções ajustadas às necessidades de cada cliente.
Quais são os maiores desafios que anteveem na expansão dessas áreas em Portugal?
Sentimo-nos bem posicionados para expandir nestas áreas, alavancados na nossa estratégia e nas nossas pessoas. Ainda assim, enfrentamos desafios de mercado, nomeadamente a atração e retenção de talento. Acreditamos que a nossa cultura e valores, centrados nas pessoas, nos diferenciam e nos ajudam a manter o alinhamento entre os interesses dos colaboradores e da empresa.
“Enfrentamos desafios de mercado, nomeadamente a atração e retenção de talento”.
A Babel está a apostar em big data, inteligência artificial e cibersegurança. Quais destas áreas têm maior potencial de crescimento em Portugal e como estão a ser aplicadas?
Vemos potencial de crescimento em todas e acreditamos que são áreas interligadas. A área de inteligência artificial apresenta um enorme potencial de crescimento, principalmente em setores como saúde, banca e seguros, energia, telco e retail, onde permite otimizar processos e amplificar insights estratégicos. Big data é essencial num contexto de maior agilidade e hiperpersonalização de serviços, enquanto a cibersegurança é vital num ambiente digital cada vez mais complexo e vulnerável. A Babel está a investir nestas tecnologias para apoiar os nossos clientes a crescerem com segurança e inovação, alinhando-se às necessidades do mercado português.
No início de 2024, a Babel adquiriu a portuguesa KinetIT. O que pretenderam com esta compra?
Esta aquisição visou reforçar a nossa capacidade e dimensão no desenvolvimento Low-code, onde já éramos um player relevante, e aumentar a nossa quota de mercado. A integração foi eficiente, alcançando todos os objetivos, com foco especial nas pessoas e na harmonia entre os nossos processos e cultura. Esta aquisição foi a nossa primeira operação inorgânica em Portugal, aumentando o nosso posicionamento no mercado português.
Já afirmaram que pensam fazer novas aquisições para breve. Serão em Portugal? O que nos podem adiantar sobre isso?
A Babel procura integrar empresas que complementem e ampliem os nossos serviços em todos os países onde estamos presentes. Caso identifiquemos empresas em Portugal com o perfil adequado, iremos analisar essas operações. Desde 2020, realizámos cinco aquisições, e procuramos empresas tecnológicas bem posicionadas, com crescimento saudável e boa rentabilidade, que queiram juntar-se a um projeto empresarial de maior dimensão.
“Caso identifiquemos empresas em Portugal com o perfil adequado, iremos analisar essas operações [de possível aquisição]”
Com a entrada da Mubadala Capital, quais são os próximos passos na expansão da Babel, tanto em Portugal quanto globalmente?
O nosso plano Hyperspace 2029 prevê um crescimento orgânico anual entre 15% e 20%, complementado com aquisições. Desde o final de 2023, procurámos um parceiro financeiro robusto para nos acompanhar nos nossos objetivos. A Mubadala Capital, do grupo Mubadala Investment Company, entrou como parceiro maioritário, enquanto a atual equipa de gestão mantém uma participação significativa. A entrada da Mubadala Capital representa uma motivação para os nossos colaboradores e reforça a nossa capacidade de investir em novas capacidades tecnológicas, consolidando o nosso posicionamento no setor.