O que não pode falhar numa cadeia de abastecimento?
A prioridade máxima numa cadeia de abastecimento é assegurar o atendimento ininterrupto à produção, dado que a paralisação de uma linha acarreta consequências graves. Esta garantia deve ser indissociável da conformidade com rigorosas diretrizes de segurança, compliance, ética, sustentabilidade e respeito pelas pessoas. Somente assim se constrói uma supply chain verdadeiramente eficiente, robusta e responsável.
Quais são as suas prioridades estratégicas?
O meu foco principal é liderar a evolução da cadeia de abastecimento e distribuição da CIMPOR, alicerçando-a em dois pilares fundamentais: a sustentabilidade e a inovação. A empresa possui metas muito bem definidas — como a neutralidade carbónica até 2050 — e acredito profundamente que a supply chain tem um papel central na concretização desse desígnio. Para alcançar estes objetivos ambiciosos, considero essencial investir nas pessoas, pois são elas que moldam a cultura, tomam as decisões cruciais e impulsionam a organização. Paralelamente, temos trabalhado intensamente na modernização dos nossos processos e na adoção de tecnologias de ponta que nos tornem mais eficientes, mais digitais e, consequentemente, mais preparados para os desafios do futuro.
Quais são os desafios de gerir a cadeia de abastecimento da CIMPOR?
Gerir a cadeia de abastecimento da CIMPOR é um desafio estimulante e de elevada complexidade. A nossa operação abrange múltiplas geografias e diversos tipos de produtos e várias unidades industriais. O maior desafio reside em equilibrar o atendimento eficiente às operações, a manutenção de um desempenho robusto e o controlo rigoroso dos custos, ao mesmo tempo que progredimos nos nossos compromissos com a conformidade, a sustentabilidade e a inovação.
Em termos de desenvolvimento de fornecedores, o que destaca?
Desenvolver fornecedores, hoje, transcende largamente a mera garantia de prazos e preços. Implica a construção de parcerias estratégicas alicerçadas na confiança mútua, na transparência e no alinhamento de valores. O nosso desafio reside em criar uma rede que não só satisfaça as nossas necessidades operacionais, mas que também evolua connosco nos compromissos de segurança, sustentabilidade, inovação e responsabilidade social.
A Inteligência Artificial (IA) tem um papel importante no seu trabalho? De que maneira?
Com certeza. Atualmente, é impensável conceber os negócios, ou até mesmo a nossa vida pessoal, sem a aplicação da tecnologia. A inteligência artificial, em particular, permite automatizar processos operacionais, libertando o tempo das equipas para se dedicarem a atividades estratégicas e à melhoria contínua dos processos, para além de possibilitar a antecipação de riscos.
A Ailana tem 25 anos de experiência profissional. Como comenta a adaptação das empresas aos princípios ESG?
Ao longo da minha carreira, testemunhei uma transformação profunda na forma como as empresas encaram os princípios ESG. Inicialmente, estas questões eram frequentemente percecionadas como iniciativas isoladas, focadas na filantropia ou no marketing, sem um impacto direto na estratégia de negócio. Atualmente, incorporar os princípios ESG significa integrar a sustentabilidade, a responsabilidade social e a boa governação em todos os processos de decisão, desde a cadeia de fornecimento até ao relacionamento com clientes, fornecedores e comunidades. É uma evolução que transforma a maneira de fazer negócios.
A cadeia de abastecimento de uma cimenteira apresenta desafios quanto à sustentabilidade. Na sua opinião, o que deve ser feito em primeiro lugar?
O primeiro passo é, indubitavelmente, investir nas pessoas — são elas que promovem a mudança, incorporam a cultura de sustentabilidade e impulsionam a inovação no quotidiano. Contudo, para que tal se concretize, é fundamental que a organização defina objetivos claros e os assuma publicamente nesta vertente. A CIMPOR tem feito exatamente isso, com investimentos significativos na modernização dos seus parques industriais e no desenvolvimento de novos tipos de cimento e betão, para além da substituição progressiva de matérias-primas por alternativas com menor pegada carbónica.
AILANA E PORTUGAL
Trabalhar em Portugal era um objetivo?
Sim. Sempre ambicionei uma carreira internacional. Em ocasiões anteriores, tive a oportunidade de visitar Portugal e fiquei verdadeiramente encantada com o país.
De que gosta mais neste país?
A gastronomia, sem dúvida. Mas também admiro a singular combinação entre mar e montanha, a riqueza histórica, a segurança, a diversidade cultural e a qualidade de vida.
O que gostaria de mudar em Portugal?
Vejo uma oportunidade significativa de evolução na valorização dos profissionais de supply chain. Reconhecer e investir mais nestes talentos pode gerar um retorno substancial nos negócios e no ecossistema económico.
Este conteúdo foi produzido em parceria com a CIMPOR.