Autor de quase 70 obras, José Roberto Marques é hoje um dos coaches de maior sucesso no Brasil, tendo sido pioneiro da área de coaching naquele país. Com trinta anos de carreira como professor, empresário, investidor e escritor, tornou-se master coach senior e fundou o Instituto Brasileiro de Coaching – IBC, a escola de referência não apenas na formação de coaches, mas no desenvolvimento de lideranças, executivos, empreendedores e profissionais de marketing e de vendas, e já formou mais de 5 milhões de pessoas com os seus cursos.
Filho de um casal de agricultores e empreendedores do interior do estado de São Paulo, José Roberto Marques, ou apenas Zé, como gosta de referir, estudou teologia, filosofia, administração de empresas, gestão de pessoas, coaching, neurociência, psicologia positiva e utilizou todos esses saberes para criar uma metodologia própria de alavancagem da performance de pessoas. Chamou de self coaching – ou coaching com alma – a este método que marcou, segundo ele, uma mudança na perspetiva do desenvolvimento humano.
São atualmente 16 as empresas que compõem o Grupo IBC Investimentos & Educação, do qual fazem parte a Editora IBC (com mais de 70 obras publicadas), a IBC logística, a IBC Eventos e a IBC Imobiliária e Construtora. Apaixonado pela área da construção e do mercado dos imóveis, a sua atuação neste setor começou como hobby, e hoje já se posiciona como um dos grandes investidores no mercado goianiense.
Fundou, em 2018, a primeira faculdade no Brasil tendo o coaching como base formativa, a Faculdade IBC, com quatro cursos de graduação em funcionamento, 11 cursos de pós-graduação entre MBA e especializações, e um curso técnico para formação de corretores de imóveis.
“O coach necessita ter uma sede profunda por compreender melhor o ser humano, visualizando a sua dualidade”
Como escritor, este autor publicou quase 70 obras que já venderam mais de 15 milhões de exemplares ao todo. Foram mais de 5 milhões as pessoas que já usufruíram dos seus cursos, palestras, formações, lives, em diversos canais e em mais de 40 países. Durante a pandemia de covid-19, deu mais de 150 horas de cursos gratuitos, com certificação, transmitidos pelo YouTube, e transformou todo seu portefólio de cursos presenciais em online em apenas quatro meses, com mais de 400 horas de aulas gravadas, mantendo-se relevante e com rendimento durante todo o período crítico de distanciamento social.
José Roberto Marques é ainda orador internacional e professor convidado na Universidade de Harvard, onde ministrou duas conferências internacionais, e na Universidade de Ohio, com a qual mantém uma parceria há 10 anos, realizando anualmente um seminário para formação de lideranças. Também ministra, no Brasil, mais de 30 diferentes cursos em diversas áreas do conhecimento. Criou duas imersões que juntas já alcançaram mais de um milhão de pessoas, designadas de Desperte o Seu Poder e Mindset Milionário. Participa em programas de televisão e foi entrevistado em programas na Globo, como o Mais Você, e foi conselheiro de Roberto Justus no programa O Aprendiz, de grande sucesso nacional. Mantém consecutivas turmas de mentoria de negócios, um grupo de masterminds e criou um reality show, A Casa do Zé, que, em 2021, ajudou famosos e pessoas anónimas a reencontrarem o seu propósito de vida. Este é considerado o primeiro reality show do mundo com uma base educacional e formativa.
É reconhecido por todo o seu legado, tendo recebido diversos prémios, honrarias e homenagens, como Top of Mind de RH, empresário destaque do ano, e mais recentemente recebeu o prémio JK como empreendedor digital. Ostenta o título de cidadão goianiense, onde está a sede administrativa do grupo IBC. É ainda um reconhecido mestre de meditação que liga ciência, filosofia e experiências subjetivas e subceptivas (espirituais) para ajudar as pessoas a encontrarem o seu potencial e definirem o seu posicionamento no mundo.
Por terras lusitanas tem ganho dimensão e cada vez mais seguidores. A língua comum tem sido um facilitador e José Roberto Marques tem apostado na lusofonia. “Um mercado que está a crescer e onde posso ter um impacto grande na vida das pessoas, desde Portugal a toda a África lusófona”, diz.
Quando é que achou que reunia condições para ser um coach?
Quando eu conheci o coaching como método de aceleração de resultados, já trabalhava com desenvolvimento humano. Quanto mais estudava o coaching, mais percebia que eu já era um coach, apenas não aplicava esse termo ao que fazia. A capacidade de elaborar perguntas e chegar a respostas e resultados diferentes, conseguindo soluções também diferenciadas; a capacidade de encontrar a verdade além daquilo que as pessoas dizem – porque muitas vezes as palavras escondem mais do que revelam –, o foco na ação sempre usando o melhor de si e desenvolvendo os pontos de melhoria, tudo isso eu já tinha. Eu ganhei muito abraçando o coaching, mas não tenho dúvida de que o coaching, no Brasil e no mundo, também ganhou muito com a minha adesão, crescendo com minha experiência e com a credibilidade que eu direciono para essa filosofia de desenvolvimento.
Em que momento na sua vida é que decidiu que seria esse o caminho que queria?
Sem dúvida nenhuma houve um momento em que a clareza dessa minha missão como professor, pesquisador, cientista e, principalmente, como uma pessoa que cria contextos para as pessoas curarem as suas dores e conseguirem chegar mais longe passou a ser mais forte que a minha própria vontade. Aliás, nesse momento, deixou de ser uma missão e passou a ser um chamamento. A diferença é que a missão você controla, e o chamamento, não, é maior do que você.
Há uns anos passei por um processo complicado, em que quase ia morrendo. Resgatado com vida, fui para uma unidade de cuidados intensivos onde tive uma experiência de quase morte (EQM). As pessoas que vivem essa experiência voltam diferentes. Eu acredito que houve uma mudança química avassaladora no meu cérebro, na luta pela sobrevivência, e essa mudança química gerou em mim uma mudança de mentalidade, de comportamento, de atitude e principalmente de foco. Nesse episódio eu já fazia treinos comportamentais, mas não com a profundidade que faço hoje, nem de uma maneira tão profissional e científica. Esse episódio mudou a minha vida, a minha carreira, o meu posicionamento no mundo, e hoje considero que foi um dos melhores dias da minha vida.
Atualmente, está na moda o coaching. Como vê este fenómeno? Diria que o coaching está na moda, ou é uma moda?
No Brasil, quando dizemos que algo “está na moda”, quase sempre é de forma pejorativa, quer dizer que existe uma massificação. Eu não digo que o coaching está na moda, nem que é uma moda, mas digo que o coaching vive uma fase de popularidade, principalmente entre pessoas que trabalham com liderança de grupos, seja em empresas, seja em meios religiosos ou líderes dos seus grupos familiares. Paralelamente e como um efeito disso, o coaching também tem muitos detratores, o que é absolutamente natural quando algo se populariza. Mas os resultados de quem se forma como coach, da mesma forma como os resultados de quem passa por um processo de coaching, falam por si mesmos.
Como se definiria como coach?
Antes de tudo, sou um apaixonado pelo ser humano. Esse é o princípio de tudo. O coaching começa no meio desportivo, com atletas de alto rendimento, mas rapidamente migra para o espaço das empresas, desenvolvendo grandes CEO e outras lideranças. E acredito que o coaching que fazemos tem algo que nenhuma outra metodologia no mundo tem, que é a alma, ou o que eu chamo de “self coaching”. Uma empresa só alcança resultados extraordinários se as pessoas que trabalham nela são extraordinárias, por isso, mesmo quando eu, como coach, estou a trabalhar com uma empresa, o meu foco continua nas pessoas.
“Bernd Isert, que infelizmente faleceu em 2017, foi quem mais me ensinou e influenciou”
O coach necessita de ter uma sede profunda por compreender melhor o ser humano, visualizando a sua dualidade – luz e sombra – e as suas diferenças, sem julgamento, ouvindo cada pessoa na essência. Esse sou eu, um cientista do comportamento humano, que não busco nenhum conhecimento para mim, mas sempre para ajudar aos outros. O meu sucesso como coach é também uma dualidade: quando estou cuidando das minhas empresas, o coaching para mim é um negócio, é gestão, precisa de ser lucrativo e bem gerido, mas quando estou diante dos meus coachees ou dos meus alunos, jamais vejo isso como um negócio, não me interessa o quanto as pessoas pagaram para estarem ali. Naquele momento, olhando nos olhos do outro, ouvindo a dor mais profunda daquela pessoa, sou apenas uma alma humana um pouco mais preparada, entrando em contacto com outra alma humana que precisa de um gesto, uma palavra, uma nova perspetiva.
O coach José Roberto Marques também tem coaches? Aonde vai buscar o seu conhecimento?
Eu fiz muitos cursos e formei-me em diversas escolas, tanto nos Estados Unidos como na Europa. Fui aproveitando todos os conhecimentos de uma maneira muito particular, construindo a minha própria interdisciplinaridade entre as ciências e o coaching. De entre os muitos professores e mestres que tive, apenas de alguns posso dizer que me influenciaram mais diretamente e que se tornaram mestres para mim. Mas deles destaco o principal, Bernd Isert, pois fui treinado pessoalmente por ele e tive grandes insights da minha vida por intervenções desse grande mestre. Hoje, com certeza o Tony Robbins também é uma grande referência, assim como o Hendre Coetz, mas Isert, que infelizmente faleceu em 2017, foi quem mais me ensinou e influenciou.
Qual é o seu segredo para ter tantos seguidores e encher salas?
Eu acredito que não há forma melhor de se ligar com multidões do que trabalhar com verdade e profundidade. O meu trabalho é verdadeiramente profundo, por todos os meus anos de estudo e dedicação e todas as habilidades que eu desenvolvi, principalmente as de meditação. As meditações guiadas que conduzo, com milhares de pessoas, usando metáforas, sonorização especial e uma técnica muito apurada de modelagem da voz, ajuda as pessoas a alcançarem memórias do passado e produzirem novas memórias que criam uma mentalidade diferente, com mais recursos emocionais para seguir em frente. De algum modo, produzo com as minhas meditações uma experiência parecida com a que eu vivi nos cuidados intensivos, mas sem precisar da dor e do trauma. E o mais importante: eu explico todas as técnicas e teorias que uso, para as pessoas entenderem, cognitivamente, o que está a acontecer com elas. Assim, entendem que é algo científico e não místico. Essa verdade e profundidade gera uma corrente do bem, em que mais e mais pessoas procuram passar pelas mesmas vivências.
Como devem as pessoas distinguir um coach de qualidade, no meio de tanta oferta?
Essa é uma pergunta simples e complexa ao mesmo tempo. Em primeiro lugar é importante saber que existem coachs bons e maus como em todas as profissões. Existem formas de se prevenir de maus profissionais, mas nenhuma delas é infalível, são formas diversas que a pessoa interessada num processo de coaching deve utilizar na sua escolha. É muito importante procurar saber qual a instituição em que o coach se formou e informar-se sobre a credibilidade dessa instituição. Depois, é importante ver se esse coach já tem resultados do seu trabalho, mesmo que não seja exatamente como coach, mas na profissão em que ele exerce. Por último, diria que todo o bom coach oferece uma excelente primeira sessão, ou seja, o impacto da primeira sessão diz muito sobre o que esse coach pode trazer ou não à sua vida.
Que tipo de pessoas procura mais o coaching?
Todas as pessoas podem beneficiar do coaching, mas há alguns nichos em ascensão e que têm muita procura no mercado. O público empresarial é o principal, sejam executivos, lideranças ao nível da gestão ou empreendedores. Nesse campo, o coaching é, sem sombra de dúvidas, o melhor método de aceleração de resultados. O coaching para grupos e equipas também tem crescido muito, e nesse caso nem sempre são grupos de empresas, muitas vezes são grupos de pessoas com interesses semelhantes que um coach pode reunir para trabalharem em conjunto. O coaching de emagrecimento e treino de alta performance, no Brasil, é o que mais cresceu nos últimos anos. As pessoas têm procurado cada vez menos medicamentos para emagrecer quando descobrem que a sua mente é a principal arma nesse processo. Assim, outros nichos como coaching financeiro, de casais e coaching de imagem são campos que têm crescido muito.
Qual a vantagem para uma empresa de colocar colaboradores seus acompanhados por coaches?
Na verdade, a grande vantagem para uma empresa é fazer que os seus colaboradores se tornem coaches, e que o líder de cada equipa seja um líder coach. Mas é sempre bom que os CEO e todos os executivos em cargos de direção tenham um coach para acompanhar o seu desempenho. Por isso existem dois processos distintos, o que chamamos de executive coaching, focado no executivo, e o business coaching, focado no negócio como um todo, um processo muito procurado por empresas em expansão e por empreendedores.
As empresas percebem o potencial do coaching?
Sem dúvida. O meio empresarial nunca colocou em xeque a capacidade do coaching como metodologia e também como forma de perceber o mundo. Muitas pessoas, inclusive, chegam a imaginar que o coaching só pode ser aplicado no ambiente corporativo, tal é a relevância do coaching nas empresas. Como sempre digo: as empresas são resultado das pessoas.
Os coaches vieram fazer concorrência aos psicólogos?
Em hipótese alguma. Tanto que há, no código de ética que norteia a nossa atuação no IBC, uma orientação muito clara em que o coach encaminhe para um tratamento de saúde mental especializado, seja psicológico, psicanalítico ou psiquiátrico, caso ele entenda que a demanda que o coachee trouxe se trata de uma questão que não tenha que ver com desempenho. Na verdade, é muito simples: o trabalho dos psicólogos está na saúde mental, tratando traumas, síndromes e outras desordens psíquicas, o trabalho do coaching está no desempenho, na performance, nos resultados. Está em chegar mais longe em menos tempo, com um objetivo claramente definido, num processo que tem começo, meio e fim. Não temos estatísticas, mas arrisco dizer, ao menos pelas turmas de formação de coachees premium que ministro pessoalmente, que, pelo menos, 20% dos nossos alunos são psicólogos. Os mais conservadores podem nunca se aproximar do coaching, e não vejo problema nisso, mas aqueles que chegam até essa metodologia encontram boas ferramentas para somar ao trabalho que já executam a partir da sua formação académica.
Pode contar-nos uma ou duas histórias concretas de pessoas para quem o coaching foi transformador nas suas vidas?
As pessoas em Portugal ainda não devem saber, mas neste momento tenho 67 livros publicados e mais um trabalho em finalização. Esses livros estão repletos de cases de pessoas reais que conseguiram resultados extraordinários após passarem por um processo de coaching ou depois de se formarem como coaches. Mas posso contar um caso recente de uma pessoa que desejava uma transição de carreira e dizia que estava a preparar-se para, em dez anos, estar pronta para dar uma palestra num evento meu. Delimitámos melhor esse objetivo, com algumas ferramentas que a ajudaram a tomar consciência das suas potencialidades e a acelerar o desenvolvimento das suas habilidades, e em cinco meses ela estava comigo num evento para 1500 pessoas, além de ter entendido que não precisava de uma transição de carreira absoluta, mas apenas parcial. Um outro caso, de uma pessoa que esteve numa das minhas turmas mais recentes – e que é um tipo de caso em que se enquadram muitas das pessoas que vêm até mim – uma mulher já com seus 50 anos, que tinha vários problemas de autoestima, não conversava com a mãe há quase 20 anos, tinha sofrido muita violência por parte do pai em criança e, por causa de toda a carga emocional negativa, não conseguia desenvolver-se como profissional, nem superar os seus medos e acreditar nas suas habilidades. Depois de passar pela roda da vida, pelo shazam, o autofeedback e as outras ferramentas, ela teve uma clareza tamanha do que devia fazer, que saiu da formação como se tivesse nascido naquele dia. Nesta semana mandou-me uma mensagem a dizer que teve coragem de se candidatar a um cargo de gerente, depois de 15 anos a trabalhar na mesma empresa, na mesma função e duvidando de si mesma, e que tinha passado no processo seletivo. Ia visitar a mãe, depois de 20 anos. São histórias assim que me fazem acreditar no meu trabalho e no Instituto Brasileiro de Coaching.