Quando se fala em investimento, muitas vezes se remete para ações, obrigações, fundos de investimento e outros produtos financeiros semelhantes. Mas será que essa será mesmo a única forma de abordarmos o investimento? Neste artigo quero falar-lhe de um outro investimento que, a meu ver, fica muitas vezes esquecido e que, normalmente, tem uma rentabilidade incrível: você mesmo.

Diz-se que Benjamin Franklin proferiu a frase “o investimento em conhecimento é aquele que traz maiores retornos”. Confesso que não sei se ele o disse ou não, mas, independentemente, disso, tenho de concordar com a frase.

Muitas pessoas que conheço fizeram a sua formação académica, começaram a trabalhar e a partir daí, a sua procura por conhecimento é limitada às horas de formação que a sua empresa lhes dá, quando dá. A sua iniciativa para procurarem mais conhecimento fica completamente estagnada e, com isso, muitas vezes também a sua vida profissional e pessoal.

Sou daqueles que acredita que a formação académica “tradicional” é importante, apesar de reconhecer muitas fragilidades na forma como ela é ministrada. Além disso, sou da opinião que essa formação é muito incompleta e deixa de fora temas extremamente importantes. Por exemplo, formamos ótimos engenheiros, tecnicamente falando, mas não os treinamos em competências de comunicação para que depois possam transmitir essas suas ideias para o mundo. Desenvolvemos estudantes da área de informática, atualmente uma das carreiras melhor remuneradas, mas falhamos ao não lhes ensinar como gerir essa remuneração da melhor forma. É, acima de tudo, nestas “falhas” que devemos investir.

É óbvio que devemos também manter a nossa formação nas componentes mais técnicas do nosso trabalho e, com isso, nos mantermos atualizados em relação às melhores práticas do mercado, mas esquecemo-nos de tudo o resto, especialmente das chamadas “soft skills”.

Vamos voltar atrás e ao mundo dos investimentos. Vamos assumir que temos uma folga financeira de 200€ que queremos aplicar em algo. Por um lado, podemos aplicá-los num depósito a prazo ou então num produto de investimento financeiro e conseguir retirar alguma rentabilidade que, sejamos honestos, com 200€ aplicados dificilmente vai ser extraordinária. Qualquer coisa é melhor que nada, mas ainda assim não vai mudar a nossa vida. No entanto, esses 200€ aplicados numa formação, num evento, num curso ou algo do género pode mudar a nossa vida. Nessa iniciativa podemos conhecer alguém que nos oferece um trabalho melhor remunerado, podemos aprender uma ferramenta qualquer que nos permite progredir. O retorno financeiro até pode não ser imediato, mas se estiver continuamente a investir no seu crescimento, na sua formação e no seu desenvolvimento, garanto-lhe que se vai tornar mais valioso e, por isso mesmo, as pessoas ou organizações estarão dispostas a pagara-lhe mais pelo seu tempo e conhecimento.

Fica assim o desafio de começar a investir em si próprio todos os meses e focar-se no seu próprio desenvolvimento. O retorno financeiro, se assim o quiser, irá seguir-se!